sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O fim da crise

Por Humberto Dalsasso
Artigo publicado em http://www.cofecon.org.br

Esta seria a manchete que todo o ser humano sensato gostaria de receber. Porém, se verdadeira. Se esta notícia alvissareira é tão desejável, porque não sai? É porque não se gosta de publicar coisas boas ou porque a situação ainda está complicada e a notícia seria falsa? Se está complicada, qual a razão? Quem complica? Quem poderá solucionar? Se tivéssemos respostas afirmativas com facilidade talvez já tivesse saído. Mas se o pessimismo da impossível solução predominar, mais fortes e repetidas ficarão as crises.

Mas quem poderá resolver ? 

Há os que têm maiores poderes e outros com menores. Mas todos somos responsáveis, em maior ou menor dose, em influência, autoridade e poder. 

Incompetência, irresponsabilidade, corrupção e roubo existem, em maior ou menor intensidade, em grande parte do mundo. Mas nas regiões em que a “comunidade cívica” está presente, tão logo percebidos esses indesejáveis comportamentos, deflagram-se ações eficazes e os responsáveis são imediatamente identificados e punidos pelas autoridades ou pela sociedade. 

Assim como a agressividade injusta, a passividade é indesejável, visto que permite que a ocupação dos espaços pelos especuladores e corruptos vá se tornando crescente e natural e as conseqüências vão para toda a sociedade. Não há jantar grátis. Alguém paga. 

Voltando ao foco do tema, pergunta-se: Por que as crises econômicas têm ressurgido com maior freqüência? 

Embora não se desconheça a realidade dos “ciclos”, a intensidade e freqüência têm aumentado por razões lógicas. A ganância, a corrupção e a irresponsabilidade soberana, como dito antes, têm conduzido o Sistema Econômico ao núcleo de um vulcão (panela fervente) que, em menor ou maior intensidade, vai estourando em partes diversas do universo. Esses três agentes têm levado a uma forte desproporção entre a corrente real e a corrente nominal do sistema econômico. 

Antes do surgimento da moeda simbólica – metálica, papel moeda, crédito e derivativos – o sistema contava apenas com a corrente real. Aí, as transações eram pelo “escambo” e a relação de troca era 1 por 1. Figurativamente, trocava-se um boi por um cavalo ou dois bois por um camelo. Isto é, um produto por outro produto. Com o surgimento e expansão da moeda simbólica, facilitou-se o fenômeno da transação. 

A maior rotação da corrente nominal permitiu que, com uma unidade, se pudesse mobilizar algumas unidades da corrente real. Assim, para uma unidade da real (do PIB, por exemplo), seria necessária apenas pequena parcela (exemplo: 0,4) da nominal satisfizesse. Surge, então, o Fator K (Fator multiplicador do Capital). Porém, a especulação, o descontrole, a corrupção e, em grande parte, a irresponsabilidade governamental, permitiram que, hoje, o Fator K esteja superior a 15, gerando um desequilíbrio estrutural. 

A facilidade para emitir moeda, em caso de aperto ou de interesse político, alimenta esse desequilíbrio. Embora existam normas para essas emissões, nem sempre a transparência e a responsabilidade são praticadas. Com o crescimento do endividamento, os países vão ficando mais vulneráveis e susceptíveis às crises. O retorno ao equilíbrio levará, sem dúvidas, a perdas. 

O que não se pode afirmar é se os pagadores dessa conta serão apenas irresponsáveis beneficiados. Certamente não. Mas, agora ou depois, medidas severas de correção e reequilíbrio do sistema precisarão ser tomadas para sustentar não apenas o crescimento mas, também, o desenvolvimento consistente. Assim como o retorno ao “escambo” é inviável e impraticável, também esse desequilíbrio sistêmico é insustentável.

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Tags: fim-crise-global, crise-americana-eua, crise-euro, teoria-econômica, transações-agentes-econômicos, capital-trabalho-fator-k 

Um comentário:

  1. "A ganância, a corrupção e a irresponsabilidade soberana"...
    Eu diria um pouco diferente...
    "A ganância, o corrupto e o corruptor, a falta de limites deduzida pela impunidade, a irresponsabilidade soberana pressionada pela particular, o proselitismo e a mídia pró corporativista"...

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