domingo, 31 de julho de 2011

Bancários vão pedir 12,8% de reajuste em campanha salarial; data-base da categoria é 1º de setembro

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/

São Paulo – Os bancários vão reivindicar um reajuste de 12,8% em sua campanha salarial deste ano. O percentual foi definido hoje (31), na plenária final da 13ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada na capital paulista. Do reajuste, 7,5% são referentes à reposição da inflação acumulada em um ano e o restante, ao aumento real das remunerações.

Neste fim de semana, 695 representantes de sindicatos de bancários de todo país estiveram reunidos para discutir o reajuste. Eles definiram a pauta de reivindicações da categoria que será apresentada à Federação Nacional de Bancos (Fenaban) no próximo dia 12.

Além do reajuste salarial, os bancários pedem o aumento do valor de benefícios e do percentual da participação nos lucros dos bancos a que eles têm direito. A categoria vai negociar também a redução da rotatividade no setor financeiro e o fim do assédio moral.

“Queremos o fim das metas abusivas”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras da campanha da categoria. “Também queremos negociar as demissões. Tem banco demitindo funcionário e contratando outro com salário menor só para cortar custos.”

Juvandia Moreira disse ainda que os bancários querem discutir com os patrões a forma como a rede de bancos está sendo ampliada no país. Segundo ela, grande parte do crescimento da quantidade de postos de atendimento se dá via correspondentes bancários. Contudo, os trabalhadores querem a abertura de mais agências próprias.

“Só com agência podemos fazer a verdadeira inclusão bancária da população do país”, disse ela. “No Norte e Nordeste, metade da população não tem conta bancária ainda.”

A data-base dos bancários é 1º de setembro. Até lá, os sindicalistas esperam já ter chegado a um acordo sobre todos os pontos incluídos na pauta fechada neste domingo. As negociações afetarão as condições de trabalho de 483 mil funcionários dos bancos.

sábado, 30 de julho de 2011

Haverá profissionais da contabilidade que o mercado necessita?

Por Anderson Hernandes*
Matéria publicada originalmente em http://www.andersonhernandes.com.br

No último mês de maio, o Conselho Federal de Contabilidade publicou o resultado da primeira edição de 2011 do Exame de Suficiência para bacharéis e técnicos de contabilidade. O exame que continha questões de contabilidade geral, custos, gerencial, setor público e controladoria, além de outras áreas correlacionadas, não foi considerado difícil por especialistas. Apesar disso, o índice de aprovação foi de apenas 30,83% para bacharel em ciências contábeis e 24,93% para técnico em contabilidade, o que considero insatisfatório para as necessidades de mercado, porém realista para o nível em geral do ensino das escolas e faculdades de contabilidade. Para ratificar ainda mais essa avaliação, podemos comparar com o resultado obtido na última edição do exame de suficiência anterior a sua reaplicação, realizado em 2004, onde o índice de aprovação foi de 72,47% para bacharel em ciências contábeis. Ainda houve casos de Estados que tiveram índice de 100% de reprovação para técnicos de contabilidade.

Os números apenas expõe uma realidade: a baixa qualidade da formação dos estudantes de contabilidade, realidade essa que não deveria surpreender recrutadores de RH e empresários contábeis acostumados com a dificuldade de contratar profissionais da contabilidade habilitados. O mercado atual tem uma demanda por profissionais com habilidades e formação, que está muito longe do que as instituições têm proporcionado, podendo culminar num apagão de mão de obra qualificada para o mercado contábil em pouco tempo.

Uma pesquisa realizada em todo o Brasil pela revista Você S/A apontou que em São Paulo, conhecidamente como o centro das maiores empresas de auditoria e outsourcing contábil, o cargo de contador é o mais demandado pelos recrutadores de RH. Paralelamente um estudo realizado pelo ManPowerGroup, divulgado em maio deste ano, apontou que os profissionais de contabilidade estão entre as 10 profissões onde faltam mais profissionais qualificados, ou seja, existe uma demanda não atendida pelos profissionais que se formam.

Durante anos tenho realizado palestras em todo o Brasil, em contato direto com estudantes da contabilidade em escolas, universidades e entidades de classe, podendo afirmar que a maior parte deles ainda não se deu conta dessa realidade e, além disso, não sabe o caminho de oportunidades que a profissão oferece.

Analisando as questões do exame de suficiência, cabe destacar que nenhuma delas contemplou assuntos inseridos no dia a dia do profissional contábil, envolvendo aspectos tributários da profissão, tais como obrigações acessórias, apurações de impostos e outros, levando a avaliar que a prova poderia expor ainda mais a lacuna entre o conhecimento existente e conhecimento necessário a nossa profissão.

Qual é, portanto a solução para a profissão contábil? O primeiro grande passo foi dado pelo CFC com a aprovação do exame de suficiência, instituído nos termos da Lei 12.249/2010. Muitas empresas também têm feito a sua parte, preparando seus profissionais por meio de programas de qualificação complementar. As entidades educacionais tem uma responsabilidade diferenciada nesse processo, haja vista seu papel na formação principal do profissional da contabilidade, que precisa muito ser melhorada e adequada à realidade de mercado. Por fim, o próprio profissional tem que buscar uma formação adequada, que vai desde a escolha da entidade formadora até a educação complementar e continuada necessária, de modo a adequar-se ao atual cenário de qualificação e formação que o mercado necessita.

* Anderson Hernandes é empresário contábil, escritor, palestrante e especialista mercado contábil.

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Entidade prevê faturamento 4% maior para supermercados

Matéria publicada em http://www.dci.com.br/

SÃO PAULO – Os supermercados devem fechar o ano com faturamento 4% maior do que em 2010, mantendo o ritmo de vendas praticamente estável, já que, no ano passado, a taxa ficou em 4,2%. A projeção é da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O presidente da entidade, Sussumo Honda, acredita, no entanto, que o nível do faturamento ficará um pouco acima da estimativa.

Por enquanto, segundo ele, o setor não sentiu os efeitos da política de restrição ao crédito, adotada pelo governo brasileiro como forma de conter a demanda e, consequentemente, evitar um surto inflacionário. “Nossos negócios são mais focados em alimentação, cujos preços têm-se mantido estáveis e ,além disto, há uma situação melhor de massa salarial com o aumento do emprego e renda”, disse.

Honda informou que, no primeiro semestre, as vendas aumentaram 4,25% na comparação com o mesmo período do ano passado, já descontada a inflação. Isoladamente, no entanto, houve um recuo de 2,64%, em junho na comparação com maio, e uma alta de 2,75% ante junho de 2010. Mas, para o presidente da Abras, essa queda não caracteriza um desaquecimento porque, na média, o desempenho do setor ainda é favorável.

O valor da cesta com os 35 produtos mais consumidos caiu 0,18%, mas, em relação ao mesmo mês do ano passado, cresceu 8,46%. Entre os itens que mais subiram de preço, estão o tomate (9,01%), a cebola (4,02%) e o café torrado (3,861%). Já as maiores quedas foram a da batata (-15,14%); do frango congelado ( -5,75%) e do sal (-2,13%).

A maioria das regiões do país apresentou recuo na média de preços. As exceções são a Região Norte, onde o valor da cesta ficou em R$ 326,60 ou 2,14% mais caro e a Centro-Oeste, com a cesta valendo R$ 287,16 ou 0,03% acima do valor registrado em maio.

Pesquisa encomendada pela Abras indica que, entre os itens de melhor desempenho, estão as bebidas alcoólicas, com alta de 8,5%, e os perecíveis, com 6,4%. Outro levantamento do Departamento de Economia e Pesquisa da Abras apontou que o brasileiro está consumindo mais chocolate. O produto saltou da sétima para a segunda posição na lista do aumento de vendas do semestre e teve impacto de 2,7% sobre o faturamento.

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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sebrae investe R$ 3,5 mi para realizar o Fomenta

Programação estimula presença dos pequenos negócios nas compras do poder público

Mariana Flores - Agência Sebrae de Notícias
Brasília - O Sebrae vai investir R$ 3,5 milhões para apoiar a realização de 34 edições do seminário Fomenta em 17 unidades da federação. Os projetos aprovados pela instituição serão realizados em versões nacionais (2), estaduais (8), regionais (20) e setoriais (4), até o fim de 2012. Os eventos têm como objetivo incentivar a participação de micro e pequenas empresas (MPE) em licitações feitas pelos governos estaduais e municipais. 

Já estão aprovadas as edições no Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Pernambuco, Ceará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Paraíba, Bahia, Acre e Piauí. A estimativa é que cada evento estadual conte com a participação de 200 a 300 empresas.

“A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa é um dos mecanismos de maior estímulo às compras governamentais. É uma iniciativa importante para que as empresas ampliem suas possibilidades de venda, de negócios e de faturamento ao realizarem contratos com as prefeituras, já que são 5.565. municípios”, afirma o diretor-técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos. 

Rodadas de negócios

A quarta edição nacional do Fomenta será realizada em São Paulo, nos dias 23 e 24 de novembro deste ano. A expectativa é que 1,5 mil empresas compareçam. Os empreendedores participam de rodadas de negócios com representantes dos governos e de empresas públicas. O objetivo desses encontros é fazer com que os donos de pequenos empreendimentos saiam das conversas com uma visão clara das necessidades dos governos, dos requisitos de fornecimento e de seu potencial de atendimento à demanda, para posteriormente participarem das licitações.

“As rodadas de negócios têm como papel aproximar para um melhor entendimento e preparo do fornecedor, de forma que este possa alcançar melhor desempenho nos processos licitatórios e ganhar certames”, afirma um dos responsáveis pelo Fomenta no Sebrae Nacional, Weniston Ricardo de Andrade Abreu.

A ampliação do acesso das MPE às licitações federais está garantido na Lei Geral, que entrou em vigor em 2007. Ela estabelece condições especiais de participação delas nos processos de aquisições de bens e serviços. As MPE passaram a ter exclusividade nas licitações de até R$ 80 mil e preferência no caso de empate em licitações acima desse valor. Os pequenos negócios têm preferência na contratação quando apresentarem proposta com valor igual ou superior em até 10% da proposta melhor qualificada. 

Formato

O incentivo surtiu efeito. Hoje um terço de tudo comprado pelo governo brasileiro vem de micro e pequenas empresas. No primeiro trimestre de 2011, as MPE venderam R$ 2,8 bilhões ao governo federal, 32% do valor total das compras governamentais, segundo dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O crescimento da participação dos micro e pequenos negócios nas licitações é verificado ano a ano. Em 2002, elas respondiam por apenas 14% do valor total, segundo dados do ministério.

O Fomenta é um misto de congresso com feira de negócios. Foram realizadas três versões nacionais do evento, como a que ocorrerá em São Paulo. Assim como nas edições nacionais anteriores realizadas em Brasília (2008), Rio de Janeiro (2009) e Paraná (2010), estão previstos palestras e painéis com especialistas, apresentação das demandas de compras de empresas e órgãos da administração pública, oficinas de capacitação para participação em processos licitatórios, encontros e rodadas de negócios.

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pague Menos: liderança ameaçada

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

As redes de farmácias Droga Raia e Drogasil anunciaram nesta terça (26) que uma fusão entre as duas redes está sendo negociada. As duas redes têm suas operações concentradas no estado de São Paulo e, de acordo com a consultoria Euromonitor, a fusão colocaria o grupo na liderança do mercado com 9,5% de participação no mercado operando com 700 lojas espalhadas pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e pelo Distrito Federal.

A notícia soa como ameaça para o grupo Pague Menos que atualmente é o líder no mercado varejista de medicamentos. A fusão deslocaria a Pague Menos para o 2º lugar, com uma participação de 5,4% do mercado.

A fusão entre Droga Raia e Drogasil tornaria mais difícil a ampliação da participação da Pague Menos no mercado do Sudeste. O grupo Pague Menos possuí sua base de atuação ancorada no mercado nordestino e nos últimos anos tem tentado fortalecer sua posição no mercado do Sudeste. No entanto, fortes resistências dos concorrentes tem impedido a ampliação da atuação da Pague Menos no Sudeste do País.

Veja abaixo o fato relevante publicando a negociação da fusão entre as duas empresas.


FATO RELEVANTE

São Paulo, 26 julho de 2011 — Nos termos da Instrução nº 358, de 3 de janeiro de 2002, da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), a Drogasil S.A. (Bovespa: DROG3) (“Drogasil”) e a Raia S.A. (Bovespa: RAIA3) ("Raia") vêm informar o seguinte:

1. Drogasil e Raia vêm mantendo tratativas para a realização de uma associação entre as duas empresas, contemplando a reunião da totalidade de seus acionistas em uma única companhia, listada no Novo Mercado da BM&FBOVESPA. No contexto dessas tratativas, as duas companhias vêm estudando alternativas de estrutura para a operação, bem como negociando um acordo de associação, para regular seus termos e condições. Além disso, os acionistas que exercem o controle das duas companhias vêm negociando um acordo de acionistas.

2. A associação está sujeita à conclusão bem-sucedida das tratativas ora em curso entre as duas companhias e tais acionistas.

3. Drogasil e Raia manterão o mercado informado sobre a evolução das tratativas de associação ora em curso.

Cláudio Roberto Ely                                 Eugênio De Zagottis
Diretor de Relações com Investidores        Diretor de Relações com Investidores
Drogasil S.A.                                           Raia S.A.



terça-feira, 26 de julho de 2011

E o consumo do crédito pelos brasileiros?

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

O crescimento do crédito no Brasil nos últimos 10 anos foi significativo. O volume de crédito na economia brasileira avançou de aproximadamente 25% do PIB em 2001 para cerca de 47% em maio de 2011.

O aumento do crédito torna mais urgente a absorção de noções de organização e planejamento financeiro por parte dos brasileiros. Para “tocar” suas vidas, as pessoas precisam tomar decisões que, na maior parte das vezes, estão relacionadas ao planejamento financeiro voltado para o atingimento de objetivos pessoais e para a realização de sonhos.

Numa economia desenvolvida e com significativa disponibilidade de crédito, as pessoas tendem naturalmente a recorrer ao empréstimo, utilizando-o como ferramenta importante no seu cotidiano, principalmente na aquisição de bens duráveis e na realização de seus planos pessoais mais complexos.

As novas “necessidades” e o forte apelo ao consumo estimulam as pessoas a buscarem a antecipação do consumo, ou seja, a satisfação de desejos através da figura do “crédito fácil”. São diversas as situações que levam os indivíduos a contratarem operações de crédito. Dentre as mais comuns podemos citar a aquisição de veículos, a compra da casa própria, as novidades tecnológicas, as viagens, etc.

No entanto, o crédito não pode ser visto como um vilão. Ele representa um importante mecanismo estimulador da economia e é fruto da canalização de recursos entre os agentes econômicos superavitários e os deficitários. Cabe lembrar que a finalidade mais nobre do crédito é financiar o investimento numa economia, ou seja, é tornar possível a implantação e expansão das unidades produtivas gerando assim uma capacidade de oferta compatível com a demanda.

O financiamento ao consumo deve ser visto como uma ferramenta limitada e que não pode implicar em excessos em decorrência do risco de comprometer a renda disponível e capacidade de consumo futuro da sociedade.

No caso brasileiro, onde o crescimento do crédito com foco no consumo cresceu significativamente na última década, é importante que haja preocupação com a educação financeira das pessoas. O consumo consciente de crédito contribui para uma melhor qualidade de vida dos indivíduos e para o melhor funcionamento do sistema financeiro. Destaca-se inclusive que o “crédito saudável” implica em menores índices de inadimplência que, por sua vez, influencia na formação de menores taxas de juros.

Assim, de olho nas próximas gerações, seria de grande valia que as famílias e as escolas buscassem incluir noções básicas de finanças e planejamento financeiro na formação das crianças. Essa atitude contribuiria para que esses jovens chegassem à fase adulta tendo clareza de que no capitalismo “não existe almoço grátis”, como afirmou Friedman, e que todas as suas despesas precisam ser pagas com suas próprias receitas.

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Brindes e mimos são iscas que podem pesar no seu bolso

Notícias Previ
http://www.previ.com.br/

Em continuidade à série Saúde Financeira publicada às segundas-feiras, confira dicas sobre estratégias de marketing usadas para seduzir o consumidor.

Distribuição de brindes é uma das estratégias de marketing mais populares, mas muitas vezes o mimo é apenas um truque que não agrega nenhum valor ao serviço ou produto a ser comprado e, ainda, pode encarecer a compra.

Em especial no Brasil – população que tem relações mais emocionais com as marcas que consomem –, o brinde pode se tornar uma verdadeira armadilha. Segundo Álvaro Modernell, especialista em educação financeira, o consumidor é seduzido não somente por brindes como também por embalagens e promoções, que funcionam como atrativos.

"Os brindes são objetos de sedução e atuam no aspecto psicológico, confundindo o consumidor que diminui a atenção para os aspectos racionais. É como quando um potencial comprador de um carro de R$ 70 mil entra no veículo e avalia a qualidade do som que custa menos de R$ 500", comenta Modernell.

Em geral, os custos dos brindes estão embutidos no preço do produto principal. O consumidor tem que considerar o valor real do que está comprando. Só assim poderá avaliar se o brinde é um mimo e verdadeiramente gratuito.

"Se tiver brinde, ótimo. Se não tiver, não deve fazer diferença. Se o brinde influenciar na decisão de compra, então está mais para venda casada do que brinde e isso é proibido. O brinde bom é aquele que você recebe de graça, sem comprar nada, ou então aquele que você recebe quando compra alguma coisa independentemente do brinde, e sem pagar mais caro por isso", alerta.

Atenção com as crianças

Por estarem em formação, as crianças tendem a se empolgar com os brindes, mas os adultos não estão de forma nenhuma imunes a eles. Um bom exemplo dessa situação acontece em datas festivas, como na época da Páscoa. Os ovos recheados com brinquedos despertam o interesse dos pequenos e acabam pesando no bolso dos adultos.

O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) realizou uma pesquisa com 12 ovos de Páscoa de seis marcas. O principal objetivo da pesquisa era avaliar a presença de apelo ao público infantil nas embalagens. Também foram observadas as características nutricionais dos ovos e seu custo médio. O levantamento dos preços ocorreu de 18 a 22 de março de 2011, em lojas de São Paulo.

O Idec constatou que o consumidor paga cerca de R$ 23,53 em um ovo de 180 g com brinde. Já um ovo sem brinde, porém com 60 g a mais, fica em torno de R$ 22,02. Na conta proporcional, o ovo com brinde é 42% mais caro.

A gerente de relacionamento do Idec, Karina Alfano, alerta que a diferença fica ainda maior quando a comparação é feita com uma barra de chocolate de 170 g e um ovo com brinde de 180 g. "Para se ter uma ideia, 100 g desse ovo custas três vezes e meia a mais que a mesma quantidade do chocolate ao leite da barra", informa.

Exemplo sempre é a melhor lição

Os pais precisam ficar atentos aos pedidos e impulsos dos filhos. O melhor ensinamento é o exemplo. "Claro que os pais podem, algumas vezes, atender aos desejos dos filhos para que eles não desenvolvam frustrações, mas também devem acostumar-se a dizer não com naturalidade quando a situação recomendar", explica Modernell.

O especialista em educação financeira ainda recomenda: "É importante esclarecer, orientar e permitir que as crianças façam escolhas para perceberem os benefícios e os ônus de cada decisão de comprar ou não alguma coisa motivada pelo brinde. Acompanhar o que as crianças fizeram com os brindes que receberam em situações anteriores ajuda. Se os brindes foram aproveitados o indicativo é que valeu a pena, mas se os brindes ficaram jogados, sem uso, a situação é oposta. Essa resposta deve servir de base para os pais e pode servir como argumento com as crianças".

Tentação

Para não cair em tentação, o melhor remédio é a educação financeira. Quem tem consciência do seu poder de compra e dos impactos de cada real gasto, consome de maneira mais seletiva e responsável. Pesquisar, comparar qualidade, analisar preço real do produto/serviço são ações que ajudarão a descobrir quando realmente vale a pena considerar a compra de um produto que esteja em promoção.

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Fiéis oram por um acordo nos EUA sem cortes sociais

Desde 11 de julho, eles se reúnem todos os dias, às 12h30, num jardim nos fundos do Capitólio

Denise Chrispim Marin, de O Estado de S. Paulo
http://economia.estadao.com.br/

WASHINGTON - Debaixo de chuva e sob sensação térmica de 40 graus Celsius, um grupo de cerca de 30 pessoas leu ontem os versículos 1 a 12 do capítulo 58 do Livro de Isaías no pequeno jardim em frente da sede de cinco igrejas protestantes em Washington.

Entre as orações, os fiéis pediram aos Céus que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e os líderes do Congresso ouçam a palavra de Deus. Desde 11 de julho, todos os dias às 12h30, o grupo reza por um acordo fiscal até 2 de agosto. Porém, sem sacrifícios para os americanos mais pobres e vulneráveis.

"Acreditamos que o orçamento federal é um documento moral. Enfatizamos o papel dos governos de servir ao bem comum, e rezamos para que a economia mundial e o orçamento nacional acabem com o jugo da injustiça, da pobreza, da fome e do desemprego em todo mundo", leu um dos oradores, antes do hino de louvor, acompanhado por uma violonista.

O ponto de encontro está justamente nos fundos do Capitólio, a sede do Legislativo americano e ao lado da Suprema Corte, em frente à chamada "caixa de Deus", o prédio de quatro andares compartilhado pelos Metodistas Unidos. Mas o pequeno rito é ecumênico. Duas freiras católicas estavam presentes, assim como funcionários públicos de diferentes credos, com o lanche e o celular nas mãos.

A preocupação primária do grupo está no prazo de 2 de agosto, quando um acordo para elevar o teto da dívida pública americana deve ser aprovado, sob risco de provocar a suspensão de pagamentos pelo Tesouro. Mas, em essência, as pessoas temem o "desequilíbrio" do pacote de ajuste das contas dos EUA nos próximos dez anos. Ou seja, que preserve as reduções de impostos dos mais ricos e das grandes empresas e corte despesas com programas de assistência social.

"As isenções para os mais ricos devem acabar. Isso foi criado na época de superávit fiscal, no governo de George W. Bush. Agora, estamos em tempos de déficit profundo", afirmou Margareth Killmer, mulher de um funcionário publico em serviço em Washington.

Douglas Grace, coordenador da Ecumenical Advocacy Days, disse que a iniciativa é desconectada das propostas partidárias. Porém, as preces sintonizam o grupo de fiéis com as mesmas exigências de Obama e dos democratas. "Vínhamos de um período de abundância. Agora, temos de compartilhar os sacrifícios, e os mais abastados têm obrigação de dar mais, conforme receberam e desfrutaram."

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domingo, 24 de julho de 2011

‘Loucos de direita’ dos EUA ameaçam sistema financeiro, diz ministro britânico

BBC Brasil

O ministro de Negócios, Inovação e Treinamento da Grã-Bretanha, Vince Cable, criticou neste domingo o impasse do Congresso americano para a elevação do teto de sua dívida, afirmando que alguns poucos “loucos de direita” ameaçam o sistema financeiro mundial.

Em entrevista à BBC, ele disse que a disputa no governo americano representa um risco maior aos mercados globais do que a crise na zona do euro.

“A ironia da situação no momento, olhando para a abertura dos mercados amanhã é que a maior ameaça para o sistema financeiro mundial vem de alguns poucos loucos de direita no Congresso americano e não da zona do euro.”

As negociações fracassaram na sexta à noite, quando o líder da Câmara dos Representantes (deputados federais) dos Estados Unidos, o republicano John Boehner, se retirou das negociações com a Casa Branca sobre um acordo.

Segundo o governo americano, caso o Congresso não autorize a elevação do teto da dívida - atualmente em US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões) - até 2 de agosto, os Estados Unidos terão de parar de cumprir seus compromissos financeiros.

Prazo final

Esta sexta-feira marcava o prazo final estabelecido por Obama anteriormente para que um acordo fosse fechado e pudesse tramitar no Congresso e ser aprovado a tempo de evitar o calote.

Outro encontro de emergência no sábado entre Obama e os líderes do Congresso também não chegou a um consenso.

Há divergências entre os dois partidos sobre a profundidade dos cortes e que programas devem ser afetados.

Um dos principais pontos de discórdia se refere ao pagamento de impostos. Obama quer que o pacote inclua o fim dos cortes de impostos concedidos à camada mais rica da população ainda durante o governo de seu antecessor, George W. Bush.

Os republicanos se recusam a aprovar qualquer medida que inclua aumento de impostos.

Calote ‘impensável’

No entanto, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, disse nesse domingo que está confiante em um acordo.

“É impensável a ideia de que esse país não cumprirá com suas obrigações”, disse Geithner em entrevista à rede americana CNN. “Isso não vai acontecer.”

Ele afirmou ainda que a proposta republicana de primeiro elevar o limite da dívida e só então negociar os cortes era “irresponsável” e não seria aceita pelos democratas.

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"Estados Unidos não entrarão em default", diz Nobel Robert Fogel

É a resposta categórica do historiador económico norte-americano Robert Fogel. "A Ásia vai ter um PIB per capita superior ao dos países ricos de hoje" é a afirmação mais polémica do Prémio Nobel da Economia de 1993em entrevista ao Expresso
´
Jorge Nascimento Rodrigues ( http://www.expresso.pt/ )

Apesar do aviso das agências de notação de risco mais importantes de que poderão baixar a notação dos Estados Unidos face ao risco de um incumprimento da dívida americana em agosto, o historiador económico Robert Fogel profere um não categórico quando interrogado pelo Expresso, com alguma insistência, se tal cenário seria possível.

"Não há a mínima hipótese dos Estados Unidos entrarem em incumprimento em qualquer parcela da sua dívida soberana, mesmo sem uma subida do teto de endividamento federal", diz-nos, perentório, o Prémio Nobel da Economia de 1993, com 85 anos feitos a 1 de julho.

O historiador económico adianta que "o rendimento do estado é mais do que suficiente para cobrir as responsabilidades em relação aos detentores de títulos do Tesouro e que ainda sobram vários fundos para vários programas de bem-estar social". "No final, algum compromisso será alcançado", diz-nos Fogel, que ainda dá aulas na Booth School of Business na Universidade da Chicago e escreve livros.

Mas Robert Fogel não se pronuncia sobre a crise das dívidas soberanas na "periferia" da Europa. "Estão para além da minha área de conhecimento", atalha, para passar aos seus temas preferidos em matéria de geoeconomia - a Ásia.
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Um número chocante
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Ele chocou o público americano quando preveniu, num artigo na Foreign Policy no começo do ano passado, que em 2040 a economia chinesa teria uma dimensão na ordem dos 123 biliões de dólares e um PIB per capita de 85.000 dólares. A brincar, a revista destacou que esses "123.000.000.000.000" seriam o número chave da nova hegemonia económica.

"Muita da energia para o crescimento virá do desenvolvimento económico da China e da Índia. No século XXI, a perspetiva é para um forte crescimento da Ásia do Sul e Oriental. Suficientemente forte para dar a esta região do globo um nível de riqueza per capita superior ao que existe nos países da OCDE hoje em dia", sublinha-nos Fogel, repetindo a heresia de que os países ricos de amanhã serão muito mais ricos do que os desenvolvidos de hoje.

Com essa emergência da Ásia, e em particular da China, surge o fantasma de um regresso a uma guerra fria entre Washington e Beijing e a uma competição económica e financeira taco a taco entre as duas superpotências. Fogel reage: "Pelo contrário, é provável que as relações económicas futuras sejam mais suaves do que foram durante muito tempo no século XX. A cooperação económica entre os EUA e a China é do interesse mútuo. Competição entre países pode ser benéfica em vez de destrutiva. É importante não esquecer que a economia global do final do século XX e do princípio do século XXI é caracterizada pela existência de firmas globais".

Por isso, ele vê o mundo daqui a duas ou três décadas numa situação multipolar - rejeita de todo a ideia de um planeta bipolarizado entre os Estados Unidos e a China. Diz o Nobel: "Sem dúvida que os EUA, a China e a Índia vão ser as três grandes economias do futuro. Mas quero acrescentar que outras partes do mundo também terão crescimentos rápidos, incluindo a Ásia do Sudoeste - especialmente Singapura, Malásia, Indonésia, Tailândia, Coreia do Sul e Taiwan - e a América Latina".

Apesar desse multipolarismo, Fogel prevê que o dólar continue a ser a principal divisa mundial. Por uma razão, por vezes menos falada: "os EUA provavelmente continuarão a ser o líder mundial no desenvolvimento de novas tecnologias".

PERFIL: Historiador económico de 85 anos no ativo
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Robert William Fogel, economista e historiador norte-americano, com 85 anos feitos a 1 de julho, dá ainda aulas na Booth School of Business na Universidade da Chicago e é diretor do Center for Population Economics.

Foi Prémio Nobel de Economia em 1993 juntamente com Douglass Cecil North em virtude de serem considerados os "pais" da popularização da cliometria, ou seja do uso no campo da história económica dos métodos quantitativos, da econometria e de modelos matemáticos usados em economia. O termo cliometria vem da deusa grega Clio que era a musa da história e foi inventado pelos economistas Stanley Reiter e Jonathan R.T. Hughes em 1960.

É reconhecido por um trabalho monumental no estudo de bases de dados intergeracionais e abrangendo ciclos de vida longos, que tem gerado ao longo de décadas diversas obras suas e em coautoria consideradas "clássicos instantâneos".

Ele, no entanto, sublinha-nos que a cliometria foi uma "adição" à história económica: "Uso a palavra adição, porque as novas técnicas nunca eclipsaram a necessidade da tradicional coleção e verificação das evidências necessárias para uma investigação empírica sólida".

As suas obras mais recentes são "Capitalism and Democracy in 2040", "Forecasting the Cost of U.S. Health Care in 2040" e "The Changing Body: Health, Nutrition, and Human Development in the Western World since 1700". Tem em preparação com outros dois autores mais uma obra intitulada "Simon Kuznets and the Empirical Tradition in Economics".

Foi premiado em maio pelo recém-criado Instituto Simon Kuznets em Kiev, na Ucrânia, com a medalha de ouro Simon Kuznets, por ocasião do 110º aniversário daquele economista. Fogel foi aluno de Kuznets, Prémio Nobel de Economia em 1971, que descobriu os ciclos económicos de 15 a 25 anos, que acabaram por ficar batizados como "ciclos de Kuznets".

Os seus hóbis preferidos são a música, a fotografia e o artesanato.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

‘Lulismo’ venceu ‘chavismo’, avalia revista ‘The Economist’

Sílvio Guedes Crespo
http://blogs.estadao.com.br/

A revista britânica "The Economist" traz, na edição que chega às bancas do Reino Unido neste fim de semana, duas reportagens que abordam o Brasil. Uma delas afirma que o “lulismo” triunfou sobre o “chavismo” na América Latina.

O outro texto sobre o Brasil tenta explicar por que o País agora consegue trazer de volta muitos de seus jogadores de futebol e considera que o País está ficando mais parecido com a Inglaterra.

‘Lulismo’ contra ‘chavismo’

Um exemplo da decadência do “chavismo” e prevalência do “lulismo” é a eleição do presidente Ollanta Humala no Peru. O político, que no passado era seguidor do venezuelano Hugo Chávez, hoje se disse “convertido” ao modelo de Luiz Inácio Lula da Silva. O Peru é hoje a economia latino-americana com maior taxa de crescimento.

“Com sorte, ele (Humala) pode aderir a outro elemento do sucesso brasileiro: o respeito a contratos com investidores privados.

Para a revista, a combinação de investimentos privados com programas sociais “são a fórmula da moda” na América Latina.

Apesar dos elogios, a revista também faz críticas ao modelo brasileiro. Para o texto, gastos públicos no último ano do governo Lula geraram um aquecimento econômico além da conta.

Futebol

A “Economist” apresenta basicamente os mesmos argumentos utilizados em reportagem recente do ”Financial Times” para explicar por que é crescente a lista de jogadores de primeira linha que estão saindo de clubes europeus para voltar a atuar no Brasil.

O primeiro fator é o câmbio: o real subiu 35% em relação ao euro entre 2004 e 2010. O segundo é a melhora da administração dos clubes de futebol. “Melhores gestões são vistas em todo o Brasil, do setor privado ao governo de alguns grandes Estados, e os clubes de futebol não são exceção.

No caso do Corinthians, que fez uma proposta de R$ 100 milhões para tirar Carlos Tevez do Manchester United, o time paulista ganhou dinheiro com “novos acordos com a televisão e uma aproximação comercial maior junto à sua vasta base de torcedores”.

Após dizer que a Inglaterra passou por um processo semelhante, o texto termina com uma ironia: “Na verdade, o futebol brasileiro pode estar ficando mais parecido com o inglês em um outro sentido. Na Copa América, o Brasil perdeu para o Paraguai nos pênaltis”.

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Somália: 3,7 milhões a morrer à fome

Na Somália, 3,7 milhões de pessoas estão em risco de morrer à fome. As Nações Unidas apelaram aos países doadores para se mobilizarem em €1100 milhões de ajuda humanitária.

Com Lusa
http://aeiou.expresso.pt/

Dezenas de milhares de pessoas "estão em risco de morte na Somália", alertaram hoje em conferência de imprensa responsáveis da ONG francesa Ação Contra a Fome (ACF), enquanto diversas organizações emitiam apelos aos países doadores.

Enquanto a ONU acaba de declarar o estado de fome em duas regiões do sul da Somália, ao considerar que perto de metade da população somali está atualmente em situação de crise, a ONG ACF referiu que "dezenas de milhares de pessoas estão em risco de morte".


"A situação deteriora-se há várias semanas, com dezenas de milhares de mortos. Se nada for feito, é possível que se registe o mesmo número de vítimas nos próximos meses e semanas", admitiu Jens Opperman, chefe da missão para a ACF na Somália.

Os responsáveis desta ONG francesa precisaram que 80% das 12 mil crianças recolhidas nos sete centros instalados pela organização no país estavam em "estado de subnutrição severa e aguda" e que "300 mil pessoas" beneficiavam atualmente dos programas de nutrição da organização.

Por sua vez, a Oxfam France emitiu um comunicado no qual sugere que "começou a contagem decrescente" para evitar numerosos mortos. "A comunidade internacional não pode permanecer imóvel e assistir a esta tragédia", conclui o texto.
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Ban Ki-moon pede €1100 milhões contra a fome
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O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou hoje aos países doadores para se mobilizarem contra a fome na Somália e explicou que são precisos 1600 milhões de dólares (€1100 milhões) para ajuda humanitária.

"Perto de metade da população, 3,7 milhões de pessoas, está em situação de crise", afirmou em conferência de imprensa. "Isso vai ter efeitos devastadores, não apenas na Somália mas também nos países vizinhos", acrescentou.

"No total, são necessários 1600 milhões de dólares para a Somália, onde crianças e adultos morrem todos os dias a um ritmo assustador", adiantou, avisando que "a demora pode causar ainda mais mortes".

Duas regiões do sul da Somália, atingidas por uma grave seca, foram declaradas pelas Nações Unidas zonas de fome. A ONU fala "na crise alimentar mais grave" dos últimos 20 anos em África e apela à mobilização para evitar que a situação piore.

"As agências humanitárias precisam urgentemente de dinheiro para salvar vidas. Se os fundos não estiverem disponíveis para uma intervenção imediata, a fome vai provavelmente continuar e aumentar", afirmou Ban.

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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Números & factos do debate sobre o default americano

Até 2 de agosto, os mercados financeiros vão estar de olho no debate sobre o teto de endividamento do governo federal norte-americano. Saiba o que está em jogo.

Jorge Nascimento Rodrigues (http://www.expresso.pt/)


Teto esgotado a 16 de Maio: 14,2 biliões de dólares

Data de 2 de Agosto: O secretário do Tesouro americano, Timothy Geitner, declarou que nessa terça-feira da primeira semana de agosto se esgota a sua capacidade de engenharia financeira.

Pagamentos federais em agosto: 306,7 mil milhões de dólares

Rendimento a arrecadar em agosto pelo governo federal: 172,4 mil milhões

"Buraco" das contas federais em agosto a financiar: 134,3 mil milhões

Dívida americana a refinanciar em agosto: 500 mil milhões [Segundo declarações do secretário do Tesouro no programa televisivo "Face the Nation" (em 10 de julho)]

Dívida que rola na primeira semana de agosto: 87 mil milhões

Juros da dívida a pagar em 15 de agosto: 29 mil milhões

Percentagem dos pagamentos a "cortar" se o teto não for aumentado: 44%

Valor do "corte": 1,5 biliões (10% do PIB)

Cheques da segurança social entre 3 e 31 de agosto: 49,2 mil milhões

Cheques do fundo de desemprego entre 3 e 31 de agosto: 12,8 mil milhões

Assistência médica entre 3 e 31 de agosto: 50 mil milhões (Medicare e Medicaid)

Pagamentos a fornecedores da área da defesa: 31,7 mil milhões

Pagamentos a militares no ativo e a veteranos: 5,8 mil milhões

Pagamento de vencimentos de funcionários federais: 14,2 mil milhões

Número de vezes que o teto de endividamento já foi subido: 91 vezes, desde 1940, segundo The Economist. O teto é ajustado pelo Congresso americano desde 1917.

Proposta "Cut, Cap & Balance" (Republicana) aprovada: Fixar em 18% do PIB o teto de despesa federal. A proposta foi aprovada dia 19 de julho na Câmara de Representantes por maioria de 234 (republicanos) contra 190 (democratas), mas será chumbada no Senado (de maioria democrática).

Estrutura atual da despesa federal (estimativa 2011): Total da despesa: 25,32% do PIB [Principais rubricas - Defesa: 6,4%; Saúde: 5,85%; Pensões: 5,26%; Segurança social: 3,29%; Juros: 2%]

Recurso presidencial: Vetar a decisão do Congresso. O veto presidencial só pode ser anulado por uma maioria de 2/3 no Congresso. O Presidente pode aumentar, unilateralmente, o teto em 2,5 biliões até 2012.

Evolução nas negociações ("um passo muito significativo"): O Presidente Obama endossou dia 19 de julho a proposta do designado grupo dos seis (também conhecida como proposta Conrad, do nome do senador democrata Ken Conrad), de senadores republicanos e democratas, para um plano de corte de 3,6 a 3,7 biliões de dólares na despesa ao longo de uma década combinado com um aumento de impostos e com a autorização do aumento do teto de endividamento em 2011. Um montante de 500 mil milhões será para cortar de imediato. Aponta um objectivo de reduzir a dívida pública do nível atual, superior a 100% do PIB, para 70% do PIB em 2021.

Contagem decrescente para o potencial default: O Business Insider, na sua página sobre Política, tem um contador até ao dia limite de 2 de agosto.

Indicadores das contas públicas (estimativa 2011): Défice federal em % do PIB: 10,91%; Dívida Pública (bruta): 102,63% do PIB

Notação de risco da dívida americana: Triplo A (sem risco de default) segundo Moody's, Standard & Poor's e Ficth; AA+ segundo a Egan-Jones (desde esta semana); AA segundo a Dagong (chinesa).

Títulos do Tesouro na mão de estrangeiros (maio 2011): 4,5 biliões de dólares. Principais detentores: China: 26%; Japão: 20%; Reino Unido: 8%; 8 países da União Europeia: 6%; Brasil: 5%

Eleições presidenciais: 2012

Fontes: The Week, The Economist, Face the Nation, Treasury.gov, usgovernmentspending.com

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Setor de serviços já responde por 70% da mão de obra no PIB do país

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/

Rio de Janeiro - O setor de serviços vem garantindo a expansão do emprego nos últimos dez anos e aumentando progressivamente a participação no Produto Interno Bruto (PIB), disse à Agência Brasil o presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nesse, ao comentar a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo ele, o setor representa atualmente 69% do PIB e participa com 70% da mão de obra empregada no país. “Essa participação vem crescendo nos últimos 20 anos e, nos últimos três, chegou a aumentar 2 pontos percentuais na totalidade do PIB”, declarou.

Para o presidente da CNS, esta participação poderá crescer ainda mais: entre 5% a 10% do PIB. Para isso, defende medidas de desoneração na folha de pagamento das empresas.

“Há, sem dúvida, a necessidade de que o governo desonere o peso da mão de obra na folha de pagamento das empresas, o que poderá aumentar ainda mais a empregabilidade no setor. Nós já estamos trabalhando com o governo, que está empenhado neste sentido. Parece-me que nos próximos dias a presidenta Dilma (Rousseff) vai anunciar alguma coisa”.

Luigi ressaltou, ainda, que o aumento da participação do setor na geração de emprego e em sua relação direta com o PIB é uma tendência mundial. “Esta tendência já pode ser verificada nos grandes países como os Estados Unidos, onde o setor de serviços chega a representar 79% do PIB; e na União Europeia onde ela é também de 70%”.

Para ele, no caso do Brasil, a melhora na taxa de desemprego do país constatada pela Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reafirma exatamente está tendência.

O presidente da CNS alerta, porém para o fato de que já começa a faltar mão de obra qualificada em vários dos segmentos, como o de tecnologia da informação, da construção civil – setor que demanda inclusive mão de obra de baixa qualificação - e também nas áreas de telemarketing e teleatendimento.

“Juntamente com os subsetores de feiras e congressos e, principalmente, o de telefonia, que registraram uma grande expansão na demanda por mão de obra - onde existe uma rotatividade muito grande em razão exatamente da falta de qualificação do trabalhador”.

A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE indica que em junho a taxa de desocupação era de 6,2%, a menor para os meses de junho desde o início da série histórica em março de 2002. Mostra, ainda, um nível de ocupação de 53,5% da população economicamente ativa do país – o equivalente a 22,4 milhões de trabalhadores.

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terça-feira, 19 de julho de 2011

Afinal, o que é biocosmético amazônico?

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

O Projeto de Lei do Senado nº 426/11, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin, determina que produtos que fazem o uso da indicação “biocosmético amazônico” deverão ter em suas fórmulas, no mínimo, 10% de substâncias ou componentes elaborados a partir de matérias-primas da região amazônica.

O Projeto conceitua “biocosmético amazônico” como sendo o produto cosmético, de higiene pessoal ou de perfumaria que utilize em sua formulação matéria-prima amazônica ou componente elaborado com matéria-prima da Amazônia.

A senadora Vanessa Grazziotin alega na justificativa do Projeto de Lei que o potencial natural da Amazônia deve ser utilizado para gerar emprego e renda para as populações locais a partir da instalação incentivada de indústrias de cosméticos e produtos de higiene pessoal e, bem como, pela participação nos lucros obtidos com a fabricação e comercialização de produtos ou matérias-primas oriundas da flora e da fauna da região.

O Projeto cria ainda a Cide-Biocosméticos que seria a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre o preço de venda dos biocosméticos amazônicos, excluindo o valor de outros impostos incluídos no preço dos produtos. Os recursos arrecadados seriam utilizados para fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico da referida indústria. A proposta da senadora contempla também alíquota zero para Pis-Pasep e Cofins para as empresas que se instalarem na região.

O Bioma Amazônia poderá ser fortalecido com a aprovação do Projeto de Lei. No entanto, a proposta deverá contemplar alternativas para a utilização sustentável dos recursos naturais da região, evitando assim que os interesses econômicos se sobreponham e "atropelem" a perspectiva de desenvolvimento sustentável e a preservação da natureza.

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domingo, 17 de julho de 2011

Será que os EUA darão calote?

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

A elevação do teto de endividamento da economia americana foi o principal tema citado no noticiário econômico da última semana. A desgastante negociação que Barack Obama trava com o Partido Republicano deixa transparecer a magnitude do problema e os riscos de uma possível quebra da maior economia do Planeta.

O déficit americano previsto para 2011 gira em torno de US$ 1,6 trilhões e para cobrir esse buraco o governo do Tio Sam precisa escolher entre aumentar receitas, cortar despesas ou fazer as duas coisas de forma combinada.

O problema que tira o sono do governo dos EUA é o limite de endividamento fixado em US$ 14,29 trilhões e que corre sérios riscos de ser ultrapassado no próximo dia 02 de agosto. Buscando apagar o incêndio, Barack Obama tem gastado bastante energia na negociação com o Congresso tentando costurar um acordo com o Partido Republicano que contemple a aprovação da elevação do teto da dívida por parte do legislativo.

Caso a elevação do teto de endividamento não seja aprovada pelo Congresso Americano, os EUA poderão deixar de honrar compromissos financeiros a partir do próximo dia 02.

As dificuldades na negociação da aprovação da elevação do teto da dívida são decorrentes de propostas diferentes defendidas pelos partidos Republicano e Democrata. O primeiro é favorável a um significativo corte de gastos e não aceita o aumento dos impostos. Já o Partido Democrata do Presidente Obama defende a redução das despesas e um aumento de receitas no valor aproximado de US$ 4 trilhões nos próximos 10 anos.

É importante destacar que o impasse entre Republicanos e Democratas não é apenas uma mera disputa entre partidos. A negociação entre os referidos partidos, sobre a elevação do teto de endividamento daquele país, é mais uma das inúmeras discussões que giram em torno do tamanho ideal do Estado e que, assim como na Crise de 29, será fator determinante na condução do atual quadro de crise. Caso Barack Obama não consiga elevar o teto da dívida, a economia americana que já enfrenta sérios problemas, enfrentará dias mais difíceis com aumento do desemprego e corte de programas sociais bancados pelo governo. Até títulos do tesouro americano correriam risco de não serem honrados no vencimento.


Enlouquecendo de vez

Obama ofereceu, para ampliar o limite do endividamento na negociação no Congresso, termos que estão muito à direita daquilo que prefere o eleitor americano médio

Paul Krugman, The New York Times - O Estado de S.Paulo

Não há muitos aspectos positivos na crescente possibilidade de uma moratória na dívida americana. Mas sou obrigado a reconhecer que há um elemento de alívio cômico - no sentido do humor negro - no espetáculo proporcionado pelas pessoas que insistiram na negação e agora despertam para se deparar com tanta loucura.

Alguns comentaristas parecem chocados diante da posição extremamente irracional dos republicanos. "Será que o Partido Republicano enlouqueceu de vez?", perguntam eles.

Ora, é isso mesmo: os republicanos enlouqueceram. Mas não estamos falando de algo que ocorreu subitamente e sim no resultado de um processo que se desenvolve há décadas. Qualquer um que se veja surpreendido pelo extremismo e pela irresponsabilidade demonstrados agora não deve ter prestado atenção nos últimos anos, ou então preferiu ignorar deliberadamente essa tendência.

E sou obrigado a fazer o seguinte comentário àqueles que subitamente começam a se preocupar com a saúde mental de um dos dois grandes partidos americanos: pessoas como vocês são parcialmente responsáveis pelo estado atual desse partido.

Vamos dar uma olhada naquilo que os republicanos estão rejeitando.

O presidente Barack Obama deixou absolutamente clara sua disposição em assinar um acordo para a redução do déficit que consista, principalmente, em cortes nos gastos, incluindo cortes draconianos para alguns dos programas sociais mais importantes, chegando até a um aumento na idade mínima para usufruir do Medicare. Trata-se de concessões extraordinárias. Como destaca Nate Silver, do New York Times, o presidente ofereceu termos que estão muito à direita daquilo que prefere o eleitor americano médio - na verdade, poderíamos dizer que a posição do presidente parece estar um pouco à direita até mesmo das preferências do eleitor republicano médio! Ainda assim, os republicanos estão rejeitando a proposta. Na verdade, estão ameaçando obrigar os EUA a declarar moratória, criando uma crise econômica, a não ser que lhes seja oferecido um acordo que os beneficie unilateralmente. E esta situação era completamente previsível.

Em primeiro lugar, o Partido Republicano moderno rejeita fundamentalmente a legitimidade de uma presidência democrata - de todas as presidências democratas. Como resultado, os republicanos se opõem automaticamente a tudo aquilo que o presidente deseje, mesmo que o partido tenha apoiado propostas semelhantes no passado. Os planos de Mitt Romney para o atendimento de saúde se tornaram um tirânico ataque contra a liberdade dos EUA quando foram implementados pelo homem na Casa Branca. E a mesma lógica se aplica aos acordos propostos para a questão da dívida.

Coloquemos a questão nos seguintes termos: se um presidente republicano tivesse obtido o tipo de concessão em relação ao Medicare e à Previdência Social que Obama está oferecendo, estaríamos falando num triunfo conservador.

Mas quando as mesmas concessões vêm atreladas a ganhos mínimos na arrecadação e, principalmente, quando são feitas por um presidente democrata, as propostas se tornam planos inaceitáveis para exaurir o vigor da economia americana por meio da cobrança de impostos.

Além disso, o vodu econômico parece ter enfeitiçado o Partido Republicano.

O vodu da oferta - segundo o qual os cortes nos impostos pagam o próprio custo e/ou todo aumento nos impostos leva ao colapso econômico - tem sido uma força poderosa dentro do Partido Republicano desde que Ronald Reagan adotou o conceito da curva de Laffer. Mas esse vodu costumava ser mais contido. O próprio Reagan aprovou significativos aumentos nos impostos, compensando consideravelmente os cortes iniciais.

E até o governo do ex-presidente George W. Bush evitou fazer afirmações extravagantes a respeito da magia do corte dos impostos, parcialmente por causa do medo de que fazer tais afirmações levaria a um questionamento da seriedade daquele governo.

Mas, recentemente, toda a contenção desapareceu - na verdade, a moderação foi expulsa do partido. No ano passado, o líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, afirmou que os cortes nos impostos aprovados por Bush na verdade aumentavam a arrecadação fiscal - afirmação que contradizia completamente os fatos comprovados - e declarou também que esta era "a opinião de praticamente todos os republicanos em relação a esse tema". É verdade: até Romney, amplamente considerado o mais razoável dos postulantes à candidatura presidencial nas eleições de 2012, defendeu a opinião de que os cortes nos impostos podem de fato reduzir o déficit.

O que nos leva à responsabilidade que cabe àqueles que só agora encaram de frente a loucura do Partido Republicano.

A questão é: os membros do Partido Republicano que tinham dúvidas em relação ao fanatismo pelo corte dos impostos poderiam ter se expressado com mais veemência se deixassem claro que tal fanatismo teria um preço, e se aqueles de fora do partido estivessem mais dispostos a condenar publicamente os políticos que defendiam posições irresponsáveis.

Mas esse preço nunca foi cobrado. Bush desperdiçou o superávit dos últimos anos do governo Clinton, mas renomados especialistas insistem que os dois partidos são igualmente culpados pelo nosso problema de endividamento. O republicano Paul Ryan, presidente da Comissão Orçamentária da Câmara, propôs um suposto plano de redução do endividamento que incluía imensos cortes nos impostos para as empresas e a parcela mais rica da população, e então foi premiado como defensor da responsabilidade fiscal.

Assim, não houve nenhum tipo de pressão sobre o Partido Republicano para que seus membros agissem de maneira responsável, ou mesmo racional - e, como seria de se esperar, o partido enlouqueceu de vez. Aqueles que agora se surpreendem com isso são parcialmente responsáveis pelo problema. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

ANÁLISE-China supera Brasil em disputa econômica pela África - Parte 1

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sábado, 16 de julho de 2011

Vai ao Brasil? Cuidado!

Humberto Maia Junior
Revista Época

Enquanto governos europeus pedem socorro financeiro, o Brasil empresta dinheiro ao Fundo Monetário Internacional. O risco de calote do país é considerado menor que o dos Estados Unidos, e as agências de investimento dizem que o mercado brasileiro é seguro para investidores estrangeiros. Mas, e quando, em vez de dinheiro, o assunto é o envio de turistas? Aí a situação muda. Os governos de Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido mantêm páginas na internet para orientar seus cidadãos que pensam em viajar para o exterior. Se não chegam a analisar em detalhe cada país, as listas de dicas fazem alertas aos turistas para que avaliem a segurança e os serviços locais com olhos de Primeiro Mundo. Para aqueles que planejam vir ao Brasil, a mensagem é clara: pense duas vezes antes de viajar.

O site do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha tenta ser prático e pede que o turista reserve dinheiro para o assaltante brasileiro. “É aconselhável ter consigo cerca de € 50, em caso de rendição.” O departamento de assuntos consulares dos Estados Unidos diz que as praias brasileiras “podem ser uma ameaça à segurança dos cidadãos americanos”. A atenção, segundo os órgãos, deve começar antes mesmo do desembarque. O governo alemão diz que as malas podem se perder: “De um destino brasileiro a outro, é necessário retirar a bagagem do avião e recolocá-la – por mais que, ainda na Alemanha, seja dito que as malas acompanharão a escala feita pelo voo”. A comunicação também preocupa: “Em geral, a língua alemã não é compreendida. Também a língua inglesa, à exceção de grandes hotéis e pontos turísticos, é pouco dominada. O espanhol é compreendido parcialmente no Sul do país. É útil ter conhecimento, mesmo que rudimentar, da língua portuguesa”.

As informações contidas nesses sites repercutem. Em maio e junho, a página americana sobre o Brasil teve quase 55 mil acessos. Caio de Carvalho, presidente da SPTuris, lembra que, quando fazia parte do conselho executivo da Organização Mundial do Turismo (UNWTO, da sigla em inglês), no final da década de 1990, esses sites eram conhecidos como “livros negros do viajante” pelo rigor com que retratavam os destinos. “De certa forma, são considerados exagerados”, diz. O governo britânico discorda da percepção de exagero. Afirma que atualiza as informações do Brasil pelo menos uma vez ao mês, com relatos dos consulados e acompanhamento dos jornais locais, o que resulta em uma descrição atualizada. Hoje os britânicos são aconselhados a não aceitar notas manchadas de tinta rosa. O serviço americano lembra a derrubada de um helicóptero da polícia no Rio de Janeiro, em 2009, e a invasão de um hotel cinco estrelas na Praia de São Conrado em 2010. Diz que bueiros podem explodir e que, em junho, dois americanos foram gravemente queimados num acidente em Copacabana. Segundo o governo britânico, as informações contidas em seu site são usadas pela indústria do turismo e podem até alterar valores de seguros de viagem. “Sabemos que nossas advertências podem ter o efeito de desestimular viagens, negócios e relações políticas, mas não deixamos isso influenciar os conselhos que damos”, afirma o site do escritório britânico.

Há preconceito contra países menos desenvolvidos? Difícil dizer, já que tais sites parecem rigorosos com nações ricas ou pobres. O americano, por exemplo, recomenda que turistas evitem usar o trem metropolitano de Paris para o Aeroporto Charles de Gaulle, nos arredores da capital francesa, por risco de assalto. Os EUA fizeram uma relação de 33 lugares menos recomendáveis no mundo, que inclui México e Colômbia. O Brasil não figura na lista.

A edição 2011 do Relatório de Competitividade de Viagens e Turismo, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, classificou o Brasil como o 52º lugar mais atraente num total de 139. O país ficou em primeiro lugar no quesito recursos naturais, mas apenas em 75º em segurança. A situação já foi pior. Em 2008, o país era o 128º nesse quesito. “Não podemos negar a imagem de intranquilidade, mas podemos mostrar o que estamos fazendo para melhorar”, afirma Antonio Pedro Figueira de Mello, secretário de Turismo do Rio de Janeiro. Para um país que deseja usar a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 como vitrines para atrair o mundo, melhorar não basta. O Brasil ainda precisa ser e parecer mais seguro para que o turista estrangeiro possa vir, passear e gastar sem medo.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Um plano Marshall para a educação no Brasil

Matéria publicada em http://www.revistafator.com.br/

Crítico do Plano Nacional de Educação (PNE), o especialista em educação, João Batista Oliveira – que preside o Instituto Alfa e Beto –, conclamou o País a revolucionar a área. Disse que as nações desenvolvidas e com os melhores resultados em educação não operam mudanças por lei – caso do Brasil e do PNE. E tampouco criam camisas de força de metas vazias. Para o Brasil, ele propôs um verdadeiro Plano Marshall para a Educação. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiaria municípios, por exemplo, que avaliariam, com seus especialistas, o melhor formato para a mudança do ensino local. As escolas se valeriam de experiências mais focadas e adequadas às suas realidades. Outro desafio lançado foi a mudança no formato de operação das creches: “Por que um deputado inovador não se preocupa com o tema?” João Batista diz ser inadmissível que as creches tenham seu funcionamento reduzido, quando se sabe que os pais necessitam que os estabelecimentos funcionem diuturnamente.

O debate ocorreu agora a tarde na reunião da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, para a qual o especialista foi convidado, junto com Claudia Costin, secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, e o especialista Claudio Moura Castro.

Outra falácia, para João Batista, é a premissa que gastar mais é melhorar o ensino. O professor citou o Maranhão como exemplo. De 2006 para cá, o Estado aumentou 13 vezes os recursos para a área, mas permanece o péssimo resultado no IDEB. “Diante da compulsão de mudar uma lei, por que não podemos optar por adotar mudanças que serão realmente eficazes ao sistema?”, pergunta.

Sem políticas robustas de intervenção nas práticas cotidianas do ensino público, diz, o estabelecimento de metas é inócuo e não mudará a realidade de um país marcado por altos níveis de analfabetismo escolar, no qual mais da metade dos jovens no 1º ano do Ensino Médio não sabe o mínimo requerido em linguagem e três de cada quatro desconhecem o patamar básico em matemática. (segundo o exame internacional PISA). Para João Batista, a experiência acumulada nos países que conseguiram superar problemas e avançar na educação indica que o essencial é mudar o sistema de gestão das escolas públicas, vetando influências políticas e incluindo o acompanhamento permanente da aprendizagem dos alunos, com metas claras para cada etapa. Também, que é necessário garantir ensino básico igual para todos e Ensino Médio e de jovens e adultos diversificado, contemplando várias modalidades. Outra mudança necessária seria definir com clareza os conteúdos dos vários níveis de ensino e garantir que os materiais pedagógicos e sistemas de avaliação sejam coerentes com isso.

“Temos que repensar a educação para as crianças no Brasil”, propôs. “Exigir que o sistema de ensino alfabetize, de fato, todas as crianças no 1º ano e oferecer para isso metodologia e materiais pedagógicos de eficiência testada e comprovada”. Outra ponta do processo seria rever o sistema de formação dos professores, de forma a garantir que eles dominem os currículos e práticas pedagógicas mais eficientes e fazê-los passar por um período probatório de residência supervisionada e por processo de certificação. Isso inclui criar estímulos e facilitar o acesso de professores de nível superior e com pós graduação ao magistério, além de dar autonomia e criar mecanismos de cobrança e estímulo ao bom desempenho de professores e diretores de escola.

Para o especialista, o PNE deveria ser revisto. Funcionam mais mudanças triviais e mais próximas da realidade do que planos de gabinete impostos por lei. E cuja prática comprova que mais não é sinônimo de melhor: mais verbas para a educação não vão resolver o problema. Estamos convencidos de que o que constitui uma reforma verdadeira não são metas, mas a constituição de valores elevados para mudar a situação deseja”.

João Batista Oliveira foi consultor do Banco Mundial e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a área de Educação, com projetos desenvolvidos em mais de 60 países.

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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Falta cultura de inovação à indústria instalada no Brasil, diz presidente da Capes

Gilberto Costa
Enviado Especial
Matéria publicada em http://agenciabrasil.ebc.com.br/

Goiânia – O investimento do setor empresarial brasileiro em inovação tecnológica “é mínimo” e “ridiculamente baixo”. A opinião é do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o bioquímico Jorge Almeida Guimarães. Ele está participando da 63ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na capital goiana.

Segundo ele, a principal fonte de inovação na economia moderna são as patentes obtidas pelas indústrias. No Brasil, no entanto, as empresas “não fazem patentes”, porque “a nossa indústria não é nossa ou, então, porque tem a estrutura muito familiar”, assinala Guimarães. “Quando morre o patriarca, os herdeiros querem o dinheiro para viver a vida. Por isso, o investimento é muito pequeno.”

As patentes asseguram faturamento às empresas além da comercialização direta dos produtos. O dinheiro também remunera inventores e laboratórios de desenvolvimento. Por essa razão, nas principais economias do mundo o investimento da iniciativa privada em pesquisa e desenvolvimento costuma ser muito maior que o do Estado.

Conforme dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), as empresas nos Estados Unidos investem um valor correspondente a 1,86% do Produto Interno Bruto (PIB) contra 0,75% do governo. Na Coreia, 2,46% são provenientes da iniciativa privada e 0,86%, do Estado. No Japão, a distância é maior: 2,68% vêm das empresas e 0,54%, do governo.

Os investimentos do governo do Japão são proporcionalmente iguais ao do governo brasileiro, mas a iniciativa privada aqui só investe 0,57% (incluído aí os gastos da Petrobras e de outras estatais).

Segundo Guimarães, a situação tem feito com que as universidades se tornem importantes fontes de inovação e de criação de empresas encubadoras de tecnologia. O caminho tende a ser reforçado com o programa Brasil sem Fronteiras que o governo prepara-se para lançar. A Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) terão como missão custear em quatro anos 75 mil bolsas no exterior nas áreas de tecnologia, especialmente em engenharia.

A conta do governo é que faltam engenheiros para desenvolver inovação tecnológica. Apesar do aumento do número de pessoas concluindo o curso superior – de 324 mil (2000) para 800 mil (2009) – o percentual de engenheiros formados caiu de 7% para 5,9%, entre os mesmos anos.

A falta de engenheiros é apontada como um gargalo para o crescimento do país. Empresas instaladas e potenciais investidores avaliam, inclusive, a possibilidade de ter que contratar mão de obra estrangeira para trabalhar na exploração de petróleo, projetos de infraestrutura e da construção civil e em tecnologia de informação e comunicação – como a indústria de tablet que receberá benefícios fiscais para investir no Brasil.

De acordo com Guimarães garantem, a prioridade para as engenharias não retirará recursos para bolsas e pesquisas para as ciências sociais aplicadas e outras áreas das ciências humanas, que terão os programas atuais mantidos.

O presidente da Capes reclama ainda da legislação brasileira (Lei no. 9.279/1996, Artigo 18) que limita o patenteamento com biotecnologia, como os fármacos em relação aos quais o Brasil tem dependência de cerca de 90% do que consome.

“A principal área de inovação no mundo é biotecnológica. Nós estamos impedidos de ter patentes na área biotecnológica. Não pode patentear nada que é de origem da natureza, entre eles os micro-organismos. Ora, micro-organismo é a grande fonte para desenvolvimento de antibióticos. Ao proibir a patente de produtos como esses, estamos favorecendo a biopirataria e permitindo que outros países façam.”

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China começa projeto para explorar Lua, Vênus e Marte

Por Guilherme Abati, Geek
Matéria publicada em http://www.zwelangola.com/

Como os EUA diminuem suas iniciativas espaciais, muitos começam a crer que os chineses, devido ao seu assombroso crescimento econômico e tecnológico, podem alcançar a posição de líderes da exploração espacial, batendo os norte-americanos, que desde o fim da corrida armamentista é o país dominante do espaço sideral.

Nesta terça-feira, o site TG Daily divulgou a notícia que a China estaria intensificando suas aspirações de explorar a Lua e os planetas Vênus e Marte. O país, de acordo com a Associeted Press, pretende enviar um veículo rover à Lua até 2013 e um astronauta até 2020.

“A liderança que uma nação mantém no espaço é altamente simbólica, pois demonstra ao planeta o poderio tecnológico, militar e a influência internacional exercidas por um país sobre restante do globo. Um declínio na liderança espacial será visto como símbolo de um declínio do poder e da influência dos EUA", disse Scott Pace, um administrador da Nasa (agência espacial dos EUA) durante administração Bush e defensor do envio de astronautas americanos de volta à Lua.

Alguns funcionários norte-americanos estão preocupados com a possibilidade de a China militarizar o espaço, já que as iniciativas são executadas pelo exército nacional. Refutando a ideia de militarização por parte da China, Li Longchen, ex-editor da Space Probe Magazine disse: "A tecnologia espacial pode ser aplicada tanto para uso civil como para uso militar, a China não tem por objetivo enfatizar os fins militares."

Os chineses esperam lançar uma estação espacial em 2020, ano em que a Estação Espacial Internacional está marcada para fechar. Caso o plano chinês realmente ocorra, a China será, em 2020, a única nação com seres humanos no espaço.

A China enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003, 40 anos depois dos Estados Unidos e Rússia. O plano chinês é começar com a Lua para depois explorar Marte e Vênus.

Fonte: Geek