quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mineração já paga US$ 200.000 por ano para operários

Por John W. Miller de Mandurah, Austrália
Plubicada pelo The Wall Street Journal

Um dos custos que mais crescem no setor de mineração, em todo mundo, é o de trabalhadores como James Dinnison: o jovem australiano de 25 anos, que abandonou os estudos no ensino médio, ganha US$ 200.000 por ano operando uma broca em minas subterrâneas para extrair ouro e outros minérios. 

Todo tatuado, Dinnison começou a trabalhar nas minas há sete anos ganhando US$ 100.000, tem um carro modelo Chevy Ute azul, de 2009, que lhe custou US$ 55.000 – antes de uma reforma no motor de US$ 16.000 – e uma moto personalizada de US$ 44.000. O preço pago pelo seu cachorro chihuahua, Dexter, que late a seus pés: US$ 1.200. 

Ele próprio pode ser considerado uma preciosa commodity. Dinnison pertence a uma classe de novos ricos em ascensão em lugares remotos – e ricos em minerais – como o Estado da Austrália Ocidental, onde companhias mineradoras estão investindo pesadamente para desenvolver e expandir minas de ferro. A jornada é dura: exige 12 horas por dia, muitas vezes em condições perigosas, enquanto passam semanas morando em cidades pequenas e poeirentas. 

"É uma escassez histórica", diz Sigurd Mareels, diretor global da área de mineração da McKinsey & Co. Não apenas na Austrália. No Canadá, por exemplo, o Conselho para o Setor de Mineração prevê um déficit de 60.000 a 90.000 trabalhadores até 2017. O Peru, por sua vez, precisará encontrar 40.000 novos mineiros até o final da década. 

Por trás dessa procura por trabalhadores em minas está o boom da construção civil na China e em outras economias emergentes, que tem impulsionado a demanda por minério de ferro, usado para fazer aço, e outros metais com aplicação na construção de imóveis. 

A escassez de recursos humanos tem um preço alto. "As pressões inflacionárias estão aumentando os custos e os salários em locais de mineração como Austrália Ocidental, Chile e África", disse Tom Albanese, diretor-presidente da Rio Tinto PLC, a terceira maior mineradora do mundo em vendas. "Há um crescimento de dois dígitos nos salários dos mineiros, em várias regiões". 

A escassez é particularmente grave na Austrália, a maior fonte mundial de minério de ferro e segundo maior produtor de ouro do mundo. 

O Conselho de Minérios da Austrália estima que o país precise de um contingente adicional de 86.000 trabalhadores até 2020, para complementar a atual força de trabalho estimada em 216.000. "É um mercado de trabalho difícil, e com custos ambientais complicados", disse Ian Ashby, presidente da divisão de minério de ferro da BHP Billiton Ltd.. Para atrair trabalhadores, a BHP e outras empresas estão criando centros de recreação, quadras de esportes e galerias de arte nas miseráveis cidades onde se instalam. A BHP disse que o aumento dos custos com força de trabalho e capital reduziu seus ganhos em US$ 1,2 bilhão durante o primeiro semestre deste ano, quando a empresa registrou lucro de US$ 11,2 bilhões. 

Alguns trabalhadores na Austrália vêm das Filipinas e Nova Zelândia. "Faz sentido para mim", diz Ricky Ruffell, 47 anos. O neozelandês, que opera uma niveladora em Port Hedland, no nordeste da Austrália, voa de volta para casa uma vez por mês, pagando ele mesmo pelas passagens que custam US$ 1.200, ou 1% do seu salário anual de US$ 120.000. 

A empresa onde Ruffell trabalha, a australiana NRW Holdings Ltd., paga as tarifas apenas em voos domésticos. A companhia não quis comentar casos individuais como os de Ruffel, mas diz que paga o que o mercado exige. 

O salário médio no setor de mineração na Austrália estava em torno de 108.000 dólares australianos, ou cerca de US$ 110.000, em 2010 – o valor inclui trabalhadores menos qualificados e os que cumprem jornadas parciais, e ainda assim está bem acima da média de 66.594 dólares australianos para todos os trabalhadores no país, de acordo com o governo da Austrália. 

William Boal, professor na Universidade de Drake, nos Estados Unidos, que estuda economia do trabalho no setor de mineração, disse que os salários mais altos refletem, em parte, o custo de vida mais elevado nessas áreas isoladas. 

"Há também a inflação – essas pessoas nunca viram tanto dinheiro antes, e estão gastando". Os mineiros estão comprando casas, carros e bens de consumo, pressionando os preços locais.


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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nordeste supera Sudeste em consumidores com 1º cartão de crédito, aponta pesquisa inédita da Serasa Experian

Matéria publicada no Portal Fator Brasil

A maioria dos novos clientes de cartão de crédito são jovens trabalhadores de baixa renda com pouca qualificação e estudantes de periferia e famílias que recebem assistência do Estado. Em 2009, 21,75% do total de solicitantes de cartões no Brasil pertenciam a esse segmento. Em 2011, essa porcentagem chegou a 25,54% 

São Paulo – O Nordeste superou o Sudeste no número de consumidores com seu primeiro cartão de crédito no Brasil. Pesquisa inédita da Serasa Experian sobre esse mercado mostra que a região concentra hoje 43% das novas adesões de todo o país, enquanto que o Sudeste responde por 36%. Em 2009, a situação era inversa: 48,28% eram do Sudeste e 29,31%, do Nordeste. Como consequência, a distribuição geográfica das propostas de novos cartões também aponta um crescimento da participação do Nordeste (de 19,14% em 2009 para 26,42% neste ano). 

Para fazer esse mapeamento, a Serasa Experian usou informações de 300 mil CPFs e fez comparativos entre os primeiros trimestres de 2009, 2010 e 2011. Os números revelaram ainda um crescimento de adesões na classe E. No primeiro trimestre de 2009, 52% do total dos solicitantes pertenciam a esse grupo social. Em 2010, esse número cresceu para 54,8% e, em 2011, para 58,5%. 

O estudo da Serasa Experian mostrou também que a inadimplência nos primeiros quatro meses após a aquisição do cartão de crédito registrou uma pequena alta neste ano. Em 2009, 7,9% dos novos consumidores ficaram com pendências nesse período. No ano passado, esse índice caiu para 4,8%, e, neste ano, houve uma pequena elevação para 5,2%. 

Jovens trabalhadores lideram adesões- Aplicando-se a essa base de 300 mil CPFs a ferramenta Mosaic, que cruza dados da própria Serasa Experian e do IBGE, é possível saber quem são as pessoas que nos últimos três anos passaram a contar com a opção do cartão de crédito. 

Segundo o Mosaic, os brasileiros estão divididos em dez grupos e 39 segmentos em função da renda, geografia, demografia, padrões comportamentais e estilo de vida. Dentro desse espectro, a maioria dos novos clientes de cartão de crédito estão no segmento chamado Periferia Jovem. 

Esse grupo é formado por jovens trabalhadores de baixa renda com pouca qualificação e por estudantes de periferia e famílias que recebem assistência do Estado. Em 2009, 21,75% do total de solicitantes de cartões no Brasil pertenciam a esse segmento. Em 2010, essa porcentagem chegou a 23,43% e, em 2011, foi para 25,54%. 

Já o grupo denominado Aspirantes Sociais está em segundo lugar no ranking de adesões a cartões, mas já percebe-se uma redução na demanda. Em 2009, 19,78% dos brasileiros que fizeram proposta para adquirir cartão de crédito pertenciam a esse nicho. Em 2010, esse número foi para 15,89% e, neste ano, para 15,33%. Fazem parte deste segmento profissionais em ascensão social, donos de pequenos negócios, jovens em busca de oportunidades e também consumidores indisciplinados. 

“O levantamento mostra que os públicos emergentes prevalecem, refletindo o maior acesso ao consumo de bens e serviços, inclusive financeiros. O estudo é também um alerta. Como a maioria dos novos entrantes no mercado de cartões são os jovens da periferia, o risco de inadimplência precisa ser adequadamente monitorado, pois estes consumidores normalmente não possuem vivência no mercado de crédito. Ou seja, estariam começando a aprender a lidar com crédito justamente numa modalidade em que os juros são altos. Assim, o risco de terem uma primeira experiência frustrante de crédito não é desprezível.”, aponta o presidente da Serasa Experian e Experian América Latina, Ricardo Loureiro. [www.serasaexperian.com.br]. [www.experianplc.com].

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Que economia está pior, a dos EUA, Europa ou China?

Por Ian Bremmer e Nouriel Roubini
Plubicada pelo The Wall Street Journal

Não admira que os mercados globais estejam tão nervosos. As três maiores economias do planeta não podem continuar pelo mesmo rumo de suas trajetórias atuais, e todo mundo sabe disso. Os investidores procuram nervosamente sinais de que a China está caminhando para um desaquecimento brusco, que os Estados Unidos vão afundar de novo na recessão, e que a zona do euro vai simplesmente implodir. 

Nos três casos, empurrar com a barriga tem mitigado o desastre até agora, mas a tarefa está cada vez maior e mais pesada. Qual economia será a primeira a tropeçar nos seus problemas? 

Na Europa, as decisões mais difíceis foram adiadas porque os principais protagonistas não concordam sobre como e por que os problemas começaram. A Alemanha e outros países mais ricos põem a culpa na farra de gastos da Grécia, Portugal e Itália, e temem que um resgate concedido logo venha aliviar a pressão sobre esses perdulários para que mudem seu comportamento. Os países devedores, por sua vez, julgam que toda a zona do euro está fora de equilíbrio e que os países mais prósperos como a Alemanha deveriam exportar menos e consumir mais, para endireitar a situação.

Outros europeus dizem que uma moeda comum não pode sobreviver indefinidamente quando a política monetária é administrada por uma entidade central, mas cada governo decide quanto cobrar de impostos e quanto gastar. Outros ainda alertam que o acesso ao mercado de capitais exige algum tipo de seguro coletivo, de preferência sob a forma de um título em euros. Não surpreende que a Alemanha resista a essa solução, pois implica uma transferência gradual da riqueza das economias mais fortes para a periferia do euro, uma "união de transferência" dos países ricos para os mais pobres. 

No entanto, outro ponto de vista europeu sustenta que os planos de austeridade agora concebidos pela Alemanha e o Banco Central Europeu são piores do que a própria doença. O continente precisa de crescimento, não apenas de reformas e de um aperto de cintos, argumentam eles, e apenas uma onda de estímulos em toda a área do euro pode conseguir isso. 

Os 17 países e quatro instituições europeias agora enredados na crise do euro vão continuar empurrando com a barriga, mas essa procrastinação não pode ser sustentada. Os mercados já estão perdendo a confiança em uma reforma feita em pequenas etapas. As dúvidas sobre a Itália, uma economia grande demais para ser resgatada, só vão aumentar a volatilidade. 

A Europa será a primeira a parar de procrastinar e empurrar com a barriga: espere uma moratória desordenada da Grécia, mais problemas para os bancos europeus e uma recessão acentuada em todo o continente. 

Na China, a necessidade de reformas econômicas também é óbvia. Já são quatro anos desde que o premiê Wen Jiabao advertiu pela primeira vez que o modelo econômico do país é "instável, desequilibrado, descoordenado e, em última análise, insustentável", e os três anos desde que a crise financeira deixaram claro que o crescimento chinês continua perigosamente dependente das exportações para a Europa, Estados Unidos e Japão. 

Para garantir a expansão econômica (e a estabilidade política) de longo prazo, o governo chinês tem que descobrir uma maneira de incentivar os consumidores do país a comprar mais produtos de fabricação local. Isto exigirá uma transferência maciça de riqueza do Estado e das empresas estatais para as famílias do país. 

Mas Pequim está rumando para a direção oposta. A liderança reagiu à turbulência dos mercados ocidentais não impulsionando o consumo, mas sim aumentando as despesas estatais e privadas em investimentos fixos, que hoje respondem por quase a metade do crescimento da China. O resultado foi um boom no setor imobiliário residencial e comercial, maiores gastos governamentais em infraestrutura e mais empréstimos baratos dos bancos estatais para empresas estatais. 

De fato, um sério obstáculo às reformas é o fato de que a China continua tão investida em seu modelo de capitalismo com gestão estatal. Das 42 firmas chinesas listadas na edição de 2010 da "Fortune 500", 39 eram estatais, e três quartos das 100 maiores empresas de capital aberto do país são controlados pelo governo. Dirigentes do partido que têm interesse no sucesso das estatais acumularam um poder considerável na liderança, e resistem ferozmente aos esforços para transferir a riqueza das estatais para as empresas privadas e os cidadãos comuns. 

A China tem reservas disponíveis de caixa e moeda estrangeira para adiar a crise. Mas o crescimento do país já está encolhendo, as tensões financeiras estão aumentando, e há boas razões para temer que os dias em que a China ainda poderá empurrar com a barriga também já estão contados. 

E com isso, sobram os Estados Unidos. 

Ninguém pode restaurar a confiança na saúde fiscal americana de longo prazo sem um plano com credibilidade para cortar os gastos com benefícios governamentais e com a defesa, e ao mesmo tempo aumentar as receitas, que estão agora no ponto mais baixo em 60 anos como proporção do PIB. Mas que não se espere nenhuma solução imediata de Washington. A atual campanha presidencial só vai exacerbar o partidarismo mesquinho e o impasse político, ou seja, os problemas estruturais da economia norte-americana tendem a persistir. 

Mas a longo prazo, o futuro parece muito mais brilhante para os EUA do que para a Europa ou China. Os Estados Unidos ainda são o líder em tecnologia de ponta, do tipo que expande o potencial econômico de um país a longo prazo, desde energias renováveis e aparelhos médicos até a nanotecnologia e computação na "nuvem". Com o tempo, essas vantagens trarão um crescimento econômico mais robusto. 

Os EUA também têm uma vantagem demográfica. Na Europa, a queda nas taxas de natalidade e o crescente sentimento contra a imigração indicam que a população vai diminuir em até 100 milhões de pessoas até 2050. Na China, graças em parte à política do filho único, a população economicamente ativa já começou a se contrair. Em 2030, cerca de 250 milhões de chineses terão passado dos 65 anos, e proporcionar-lhes pensões e assistência médica será muito caro. 

Apesar do debate sobre a imigração ilegal, a população americana provavelmente aumentará de 310 milhões para cerca de 420 milhões até meados do século. Entre 2000 e 2050, segundo cálculos de Mark Schill, do Praxis Strategy Group, a força de trabalho americana deve crescer 37%. Enquanto isso, a chinesa vai diminuir em 10% e a europeia em 21%. 

Por fim, apesar da crescente exasperação do público americano, os EUA têm muito mais probabilidade do que a Europa ou a China de parar de empurrar as coisas com a barriga. Nada vai mudar muito em 2012, ano da eleição presidencial, mas 2013 abre a oportunidade de uma verdadeira reforma fiscal. 

No próximo mês de novembro os republicanos provavelmente ganharão o controle das duas casas do Congresso. Se um republicano for eleito presidente, o Partido Republicano enfrentará uma enorme pressão pública para implementar as reformas prometidas. Mesmo se o presidente Obama for reeleito, a perspectiva de um grande acordo é promissora. Ele estará liberado das demandas políticas imediatas e, tal como outros presidentes em segundo mandato, Obama poderá começar a considerar o seu legado presidencial. 

Que ninguém se engane: os desafios diante dos EUA são formidáveis, e um impasse político persistente pode atrasar as reformas fiscais e estruturais muito necessárias. Mas tudo é relativo, e neste momento a melhor aposta é sem dúvida os Estados Unidos. 

Bremmer é presidente do Eurasia Group e autor de "The End of the Free Market" (O fim do livre mercado, em tradução livre). Roubini é presidente da Roubini Global Economics e professor da faculdade de Administração Stern, da Universidade de Nova York.


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Setor financeiro detém mais da metade dos títulos do governo federal

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil 

Brasília – Mais da metade do que a União deve estão nas mãos do setor financeiro. Segundo o Tesouro Nacional, as instituições financeiras e os fundos de investimento detêm 56,6% da dívida em títulos do governo federal no mercado interno, o que equivale a quase R$ 1 trilhão. 

De acordo com o último relatório da dívida pública, a dívida mobiliária (em títulos) federal somava R$ 1,723 trilhão em setembro, dos quais R$ 976,28 bilhões estavam em poder do segmento financeiro. Desse total, R$ 524,85 bilhões (30,45%) pertenciam a bancos, corretoras e distribuidoras e R$ 451,43 bilhões (26,19%) estavam sob a posse de fundos de investimento. 

Em terceiro lugar entre os detentores da dívida mobiliária, estão os planos de previdência aberta e fechada, com R$ 267,36 bilhões (15,51%). Os estrangeiros detinham R$ 194,65 bilhões (11,29%). Por meio de fundos administrados pela União, como Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o Fundo Soberano do Brasil (FSB), o governo federal possuía em setembro R$ 155,32 bilhões (9,01%). 

Apesar das iniciativas nos últimos anos, a proporção de pessoas físicas na dívida pública continua pequena. O estoque do Tesouro Direto, programa de venda de títulos públicos a pessoas físicas pela internet, somou R$ 6,722 bilhões em setembro, o que corresponde a apenas 0,4% da dívida mobiliária interna. 

Assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça avalia que a predominância do setor financeiro entre os detentores dos títulos federais é estimulada pelos juros altos, que, segundo ela, tornaram-se fonte de lucro fácil para os bancos e fundos de investimento. “Observamos um círculo vicioso. Não é o cidadão que detêm os títulos da dívida, mas o mercado financeiro, que lucra com isso”. 

Para a especialista, essa postura dos bancos afeta o crédito, à medida que as instituições financeiras preferem comprar em títulos públicos a emprestarem dinheiro. “Os bancos querem ficar no mesmo circuito e especular com títulos públicos, em vez de emprestar para o setor produtivo”. 

Segundo o Tesouro Nacional, os investidores preferem tipos diferentes de títulos públicos de acordo com o perfil. As instituições financeiras têm 49,2% dos títulos públicos em sua carteira corrigidos por taxas prefixadas – definidas com antecedência. Os fundos de investimento possuem 54,1% de seus títulos vinculados à Selic, taxa básica de juros da economia. 

Em relação aos fundos de previdência, 69,3% dos papéis em seu poder estão atrelados a índices de preços. As pessoas físicas também preferem títulos indexados à inflação, que respondem por 50,55% do estoque do Tesouro Direito. 

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, se compromete a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic (juros básicos), da inflação ou do câmbio.


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domingo, 13 de novembro de 2011

Política bloqueia oferta de ajuda da China para a UE-FONTES

Por Benjamin Kang Lim e Nick Edwards 
Matéria publicada pela Agência Reuters

PEQUIM, (Reuters) - Um impasse diplomático está refreando a disposição da China de dar dinheiro para ajudar a acabar com a crise na zona do euro, depois que a Europa rejeitou a mais simples das três principais exigências feitas por Pequim, disseram duas fontes independentes à Reuters. 

A China ofereceu ajuda em troca do apoio europeu por mais influência no Fundo Monetário Internacional (FMI), status de economia de mercado na Organização Mundial do Comércio ou o fim de um embargo de armas europeu, disseram as fontes com conhecimento direto da questão, uma delas com laços com a liderança em Pequim. 

A rota do FMI teria sido a mais simples diplomaticamente, ainda mais depois que líderes da União Europeia esboçaram, no mês passado, um plano para levantar recursos de seu fundo de combate à crise através de um veículo de investimento apoiado pelo FMI. 

Mas as fontes em Pequim disseram que essa opção foi negada para a China de forma abrupta quando ficou claro para os políticos europeus que qualquer investimento chinês estaria condicionado a uma maior influência nas tomadas de decisões do FMI e a um caminho mais rápido para a inclusão do yuan na unidade monetária dos direitos especiais de saque (SDR) do FMI. 

Aumentar a influência da China no FMI significaria reduzir a representação da UE e possivelmente diluir a influência dos Estados Unidos, que desfruta de poder de veto por causa dos direitos de votação no Fundo. 

"Nós estamos dispostos a ajudar, mas não somos uma instituição de caridade," disse à Reuters a fonte com laços com a liderança chinesa, pedindo anonimato devido a sensibilidades políticas. 

"Os Estados Unidos e o FMI também impuseram condições (quando ajudaram países com problemas financeiros). Não é injusto a China fazer o mesmo. Eles podem sempre rejeitar (nossas exigências)," disse a fonte. 

Incluir o yuan na SDR é importante para a China porque a unidade do FMI é uma cesta de moedas na qual a maior parte do comércio global é feito - dólares norte-americanos, euros, ienes japoneses e libras esterlinas. 

Se o yuan estivesse nesta cesta, isso iria reduzir a influência mundial do dólar e ajudar a conter a inflação alimentada pelas entradas de capital estrangeiro que o banco central da China precisa esterilizar. Também seria um incentivo simbólico para o yuan, destacando o desejo de Pequim de um papel maior na administração do sistema monetário internacional.


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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Cuba pede ao Brasil crédito agrícola de US$200 milhões

Por Esteban Israel

SÃO PAULO (Reuters) - Cuba pediu um crédito de 200 milhões de dólares ao Brasil para a importação de máquinas agrícolas, com as quais pretende dobrar sua produção de arroz e feijão e reduzir a dependência crônica das importações de grãos, informou nesta sexta-feira uma autoridade brasileira. 

Um acordo de cooperação técnica por dois anos, que inclui um pagamento de 70 milhões de dólares para 2012, seria assinado na sexta-feira em Havana pelo ministro do Desenvolvimento Agrário do Brasil, Afonso Florence. 

"Cuba está pedindo 200 milhões de dólares referentes ao quadriênio 2012-2015", disse à Reuters o chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Francesco Pierri. 

Ele afirmou que o orçamento provavelmente seria aprovado pela Câmara de Comércio Exterior do Brasil. 

Cuba pretende usar o apoio do Brasil, a maior economia da América Latina, para estimular a produção de arroz, feijão, milho, soja e sorgo, e criar gado, disse Pierri em entrevista por telefone de Havana. 

"Cuba estima que atualmente tem uma suficiência de 50 por cento na produção de grãos e projetos. Com este programa, quer alcançar 100 por cento. São objetivos bastante ambiciosos", afirmou Pierri. 

A ajuda brasileira terá como alvo os pequenos agricultores, que produzem quase 70 por cento dos alimentos em apenas 40 por cento de terra arável. 

Cuba depende fortemente da importação de alimentos, valor que atinge entre 1,5 e 2 bilhões de dólares anualmente para sua economia frágil. 

O presidente cubano, Raúl Castro, tem tomado iniciativas para reduzir a exposição de Cuba à volatilidade das matérias-primas, fornecendo 1,6 milhão de hectares de terras ociosas. 

Segundo dados divulgados neste mês, a produção de arroz e feijão, produtos básicos da dieta cubana, aumentou nos primeiros nove meses de 2011, aparentemente revertendo um declínio de 2,5 por cento em 2010. Mas o plano de Raúl Castro entrou em choque com a falta de recursos e equipamentos. 

"Cuba tem uma grande capacidade técnica. O que faltam são máquinas e é exatamente nisso que o Brasil vai ajudar para alcançar as metas de produção", disse Pierri. 

A lista de equipamentos que o Brasil exportará para Cuba inclui tratores, colheitadeiras, cultivadores e sistemas de irrigação, entre outros. 

O crédito agrícola aprofunda a aliança de Brasil e Cuba. 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estendeu a mão ao governo comunista de Cuba ao oferecer financiamento para modernizar o porto de Mariel e outros projetos de infraestrutura. Também assinou empréstimos comerciais que levaram às lojas de Cuba alimentos e bens de consumo brasileiros. 

O programa brasileiro de assistência técnica "Mais Alimentos" foi originalmente projetado para ajudar os países africanos, como Gana e Zimbábue. Sua aplicação em Cuba foi repetidamente solicitada pelo governo da ilha.


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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que o Goldman vê de errado na China?

Por Tom Orlik
Matéria publicada no The Wall Street Journal

Quando os mais espertos procuram a porta da saída para o seu dinheiro, é hora de prestar atenção. Essa é a mensagem da decisão do banco americano Goldman Sachs de vender a baixo preço sua participação no Banco Industrial e Comercial da China.

As vendas por parte de importantes investidores estrangeiros são um sinal dos tempos para os bancos chineses. A decisão do Goldman de reduzir sua participação no BICC de 2,9% para 2,4% segue o exemplo do Bank of America Merrill Lynch, que vendeu em agosto cerca de metade da sua participação de 10% no Banco de Construção da China.

Para os bancos americanos, os problemas domésticos são parte da motivação. O US$ 1,1 bilhão que o Goldman obteve com a venda vai ajudar a cobrir perdas potenciais de US$ 2,6 bilhões com processos legais relativos a sua atuação no colapso das hipotecas nos Estados Unidos. O Bank of America precisava levantar fundos para reforçar sua base de capital.

Mesmo assim, a decisão de vender a baixo preço sua participação em um banco chinês de primeira linha decerto não foi tomada de maneira leviana, dado o potencial para azedar as relações com Pequim. Parte da motivação para a venda é, sem dúvida, a preocupação com as perspectivas do setor bancário chinês. A principal delas: o risco de um surto de empréstimos inadimplentes, causados pela exposição aos veículos de financiamento dos governos locais e pela desaceleração do setor imobiliário.

O risco não quantificável dessas exposições, mais a possibilidade de uma onerosa rodada de aumento de capital, teve mais peso do que os lucros sólidos apresentados pelos bancos este ano até agora. Antes da notícia da decisão do Goldman de vender, a ação do BICC estava 10% mais baixa no ano até aquela data, apesar de um aumento nos lucros de 27% no terceiro trimestre em relação a um ano antes – o mais recente de uma série de fortes resultados.


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Ford inicia venda antecipada de seu primeiro carro totalmente elétrico nos Estados Unidos

Matéria publicana no Portal Fator Brasil 

Para atender expectativa dos consumidores, montadora anuncia a pré-venda do primeiro carro totalmente elétrico da marca. 

O Focus Electric, novo modelo da linha de médios da Ford, é um dos veículos mais aguardados do mercado norte-americano e para atender à expectativa a empresa iniciou a pré-venda do primeiro automóvel totalmente elétrico da marca. Ele será oferecido inicialmente em algumas regiões da Califórnia, Nova York e Nova Jersey, com preço a partir de US$39.200. 

Em 2012, a Ford espera elevar a produção do Focus Electric para atender também outros mercados dos Estados Unidos. A ampliação das vendas será feita com base em critérios como padrão de deslocamento dos moradores, tendência de compra de veículos híbridos, colaboração das empresas de energia e compromisso dos governos locais com a eletrificação. 

"Hoje é um dia histórico para a Ford. O Focus Electric é um produto importante dentro da estratégia global da marca. Ele traz uma nova opção para os consumidores que querem um carro gostoso de dirigir, fácil de manter e totalmente elétrico", disse Chad D'Arcy, gerente de Marketing do Produto. 

100% elétrico- O Focus Electric não usa uma gota de combustível e seus proprietários também nunca terão de trocar o óleo e fazer outros serviços comuns nos motores a gasolina. A energia do Focus Electric é fornecida por um avançado conjunto de baterias de íons de lítio, com um sistema de refrigeração que ajuda a garantir a durabilidade e o desempenho sob diversas condições de clima e de uso. 

A bateria do Focus Electric pode ser recarregada em apenas três horas usando uma estação de 240 V – cerca de metade do tempo do Nissan Leaf 2012. Ele também pode ser conectado a uma tomada padrão de 120 V, usando o cabo que acompanha o veículo. 

"A Ford acredita que os consumidores não precisam sacrificar a experiência de dirigir ou a qualidade ao optar por um carro elétrico", completa D'Arcy. "O Focus Electric vem com mais equipamentos de série do que qualquer outro veículo da categoria." 

Entre outros itens de série, o Focus Electric vem com faróis de xenônio, rodas de alumínio de 17 polegadas, bancos feitos de material 100% reciclado, câmera traseira e sensor de estacionamento, sistema de navegação com comando de voz, Sync com serviço de informação de trânsito, controle eletrônico de tração e um aplicativo que permite o monitoramento da recarga da bateria por meio de smartphones. Bancos de couro e a cor da carroceria são os únicos opcionais. [ www.ford.com/electric/focuselectric/2012]. 

Eletrificação e sustentabilidade - A eletrificação é uma parte importante da estratégia de sustentabilidade da Ford. Ela inclui o lançamento de cinco veículos elétricos na América do Norte até 2012, e até 2013 na Europa. A marca já lançou a van Transit Connect Electric em 2010 e vai lançar o Focus Electric no final deste ano. Em 2012, esses modelos serão acompanhados do híbrido de nova geração C-MAX Hybrid, com bateria de íons de lítio, e do híbrido "plug-in" C-MAX Energi na América do Norte. A diversidade de modelos elétricos é uma aposta da Ford para atender clientes com diferentes necessidades de uso.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tempos melhores para investir no Brasil

Matéria publicada no The Wall Street Journal

Antes fortemente aquecida, a economia brasileira esfriou este ano, mas o cenário de longo prazo continua incandescente. 

O investimento estrangeiro no Brasil pode chegar a US$ 60 bilhões este ano, quase o triplo do valor de dez anos atrás. A maior parte desse dinheiro é investimento estrangeiro direto, mas uma fatia tem fluído para os mercados financeiros, onde há várias oportunidades. 

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Bloomberg News - Trabalhadores numa plataforma da Petrobras no campo Marlim Sul. 
Peso da estatal na Bovespa pode dar impressão errada sobre a economia do país. 

Alguns mais otimistas com o Brasil têm comprado dívida de empresas locais, que rendem entre 6% e 10%, ante 3% dos títulos soberanos do país. "Os títulos [de dívida corporativa] ainda são atraentes", diz Michael Conelius, administrador de carteira do T. Rowe Price Emerging Markets Bond Fund. "Quando se leva em conta todos os fatores, o Brasil ainda é a melhor oportunidade de investimento no nível empresarial. A qualidade da administração, os balanços sólidos, os recursos naturais e a demografia positiva são os melhores dos mercados emergentes." 

As ações podem oferecer um retorno ainda mais atraente, diante de seu declínio este ano e dos valores ainda modestos. "Passei de aplicar pouco a aplicar muito no Brasil", diz Antoine van Agtmael, que administra US$ 8,3 bilhões como presidente do conselho e co-diretor de investimento da Ashmore EMM. Foi Agtmael que criou o termo "mercados emergentes". 

Como o real está valendo cerca de US$ 1,75, ante US$ 1,89 um mês atrás, o câmbio está "mais realista", diz Van Agtmael. 

A maneira mais direta de aumentar a exposição ao Brasil é comprar ações e títulos de dívida locais, mas isso pode ser caro, já que o governo começou a taxar as aplicações em ambos. Mas as ações na Bovespa da Restoque Comércio e Confecções de Roupas SA, uma grife de roupas femininas sofisticadas, e da Companhia Hering SA, dona da segunda maior varejista do país, são apostas atraentes na expansão do consumo interno. 

A Hering é a favorita de Lewis Kaufman, que comprou ano passado ações da empresa para seu fundo Thornburg Developing World. A ação já subiu 33% em reais. Kaufman, cuja firma administra cerca de US$ 8 bilhões em ativos de mercados emergentes em sua carteira internacional, diz que ainda a acha atraente, mesmo com a cotação igual a 16 vezes o lucro previsto por ação para o ano que vem. 

Os ADRs são uma maneira mais fácil de aplicar no Brasil e em muitos mercados emergentes. Entre os principais ADRs brasileiros estão os da Petróleo Brasileiro SA, da Vale SA e da Cia. de Bebidas das Américas, ou AmBev, que lidera o mercado de cervejas com as marcas Antarctica, Brahma e Skol. A Petrobras e a Vale são as ações mais valorizadas da Bovespa e já caíram mais de 20% este ano, em meio a um recuo mundial nas aplicações em commodities. E o rumo tomado pela dupla também é o rumo do índice do mercado brasileiro, o que leva alguns analistas a notar que o desempenho da Bovespa, dominada por ações de empresas de commodities, é um indicativo parcial da saúde da economia brasileira. 

A Barron's previu no fim do ano passado que o crescimento acelerado na China aumentaria o ADR da Vale de US$ 32 para US$ 40. Mas a ação caiu para US$ 25,74 e está oscilando agora em meras seis vezes o lucro previsto por ação. A Vale tem fortes chances de se beneficiar da onda atual de obras de infraestrutura no Brasil. 

Paul Atwood, gerente do Huntington Global Select Markets Fund, está usando a AmBev para apostar no crescimento do consumo. O ADR da empresa já subiu 17% no último ano, para US$ 34. Ele espera que o papel da empresa, hoje negociado a 15 vezes o lucro por ação previsto para 2012, suba para US$ 40 ano que vem. 

Estrangeiros que buscam ampla exposição a ações brasileiras podem escolher entre uma variedade de fundos negociados em bolsa baratos, os chamados ETFs. A Morningstar tem nove ETFs não alavancados focados no Brasil, com o maior de todos sendo o iShares MSCI Brazil Index Fund, que tem US$ 10 bilhões investidos. Ele acompanha o Índice MSCI Brazil: sua maior aposta é na Petrobrás, na Vale e no Itaú Unibanco Holding SA, segundo maior banco do país em ativos. O ETF está em queda de 19% este ano. 

O analista Gregg Wolper, da Morningstar, gosta do fundo BlackRock Latin America, que tem cerca de 70% dos seus US$ 754 milhões aplicados no Brasil. O fundo tem um histórico extenso e administradores experientes, diz ele. Criado há 20 anos, o fundo está em queda de 18% este ano, mas rendeu 23% nos últimos dez anos, melhor que 90% dos ETFs. Sua maior aplicação é na Vale. 

Investidores que buscam exposição a empresas menores e voltadas ao consumo têm que procurar além da Bovespa, com suas empresas de commodities com alto valor de mercado. O Dreyfus Brazil Equity Fund é uma opção; suas duas principais aplicações são na Ultrapar Participações SA, a dona das marcas Texaco e Ipiranga no país, uma empresa diversificada que atua em distribuição de combustível, química e logística, e no Itaú, embora seu foco principal seja em ações de empresas com valor de mercado mediano. O fundo está em queda de 12% este ano, mas isso ainda é melhor que 80% dos ETFs, segundo a Morningstar. A desvantagem é a proporção de 2% do total investido em despesas, relativamente alta. 

O Market Vectors Brazil Small-Cap também se encaixa nesse modelo. O ETF está em queda de 22% em relação a um ano antes, mas Kaufman acha que uma de suas aplicações, na Drogasil SA, cuja rede de farmácias é uma das maiores do país, deve se beneficiar da consolidação e do ambiente de concorrência mais racional no segmento brasileiro de farmácias. 

O EGShares Brazil Infrastrucutre, um ETF que aplica em infraestrutura, foi criado em fevereiro de 2010. Ele está em queda de 10% este ano e tem ações de cerca de 30 empresas, como a Vale, que podem ter um papel importante no boom da construção no Brasil. 

Não há nenhum fundo de títulos especificamente voltado para o Brasil, mas a Morningstar dá três estrelas para o T. Rowe Price Emerging Markets, administrado por Michael Conelius, por sua diversificação e baixo risco. Seu desempenho tem sido relativamente moderado, mas a proporção de custo é de apenas 0,95% e Conelius está no comando do ETF desde sua criação, em 1994. Ele investiu 16% dos ativos do fundo no Brasil, em títulos de empresas como a BR Malls, a maior operadora de shoppings da América Latina, e General Shopping Brasil, uma importante incorporadora de shoppings. 

O Brasil tem desafios reais que não podem ser contornados facilmente. O país tem uma das maiores cargas tributárias sobre empresas entre os países emergentes, de 34% do lucro. O Citigroup nota que a desaceleração recente na produção industrial pode levar o banco a reduzir sua previsão de crescimento do PIB de 3,3% este ano. Mesmo os mais entusiasmados admitem que um colapso na Europa, que enfrenta a crise da dívida soberana da Grécia, prejudicaria tanto os países riscos quanto os mercados emergentes. 

Alguns investidores, como Rich Bernstein, do Eaton Vance Richard Bernstein Equity Fund, acham que o Brasil e outros mercados emergentes estão às voltas com uma nova bolha de crédito, que começou a estourar. "O Banco Central do Brasil se rendeu [à redução dos juros]", diz Bernstein, que administra mais de US$ 650 milhões. 

Mas Lupin Rahman, administradora de fundos da Pimco, maior firma de renda fixa do mundo, defende os banqueiros centrais. "A inflação não será um grande problema para a economia brasileira", diz ela. "Em vez disso, será importante propiciar um pouso suave para a economia real no cenário mundial atual, mais volátil." 

Os próprios brasileiros não parecem se preocupar muito com o curto prazo, em parte porque o desemprego de 6% continua em queda e está impulsionando os salários. "O brasileiro médio está muito otimista", diz Alan Vinson, que dirige a Brazil Business Solutions, uma consultoria da Flórida, e visita o Brasil uma vez por mês 

A grande aposta é que a maioria dos brasileiros continuará assim. 


Tags: investimentos-Brasil, etfs, adrs, visão-analistas-estrangeiros, investimentos-estrangeiros, mercado-financeiro-brasileiro, opções-investimentos-emergentes

Sob críticas, bancos dos EUA perdem clientes para Walmart

Sílvio Guedes Crespo
Matéria publicada no Blog Radar Econômico


Em meio à irritação de grande parte da sociedade americana com os bancos – não apenas por ideologia, mas também por questões práticas, como a criação de novas taxas – muitos correntistas estão fugindo das instituições financeiras até onde podem e migrando para o Walmart, informa uma reportagem do "New York Times".

“Os americanos dizem que estão fartos dos bancos. Eles protestam em Wall Street e esperneiam por causa de taxas. Agora surge um beneficiário inusitado: o Walmart”, diz o jornal. 

Nos Estados Unidos, a rede de supermercados mantém em mais de mil lojas um setor chamado Money Center, no qual os clientes podem descontar cheques, pagar contas, enviar dinheiro ao exterior e colocar créditos em cartões de débito pré-pagos. 

Os serviços, que já vinham sendo muito utilizados por quem não tem conta em banco, agora têm atraído cada vez mais os bancarizados insatisfeitos. 

Mesmo nas lojas do Walmart em que não há Money Center, conta o “Times”, também existem quiosques ou balcões que oferecem serviços desse tipo. 

Banqueiros temem que Walmart combine suas operações de varejo com as financeiras e esvazie os negócios dos bancos pequenos. A rede de supermercados, por sua vez, argumenta que simplesmente oferece serviços financeiros mais barato do que os concorrentes, assim com produtos do supermercado. 

Indignados 

No fim de setembro, o Bank of American anunciou que criaria uma taxa mensal sobre cartões de débito. Outros bancos, como o Wells Fargo e o JP Morgan Chase, testaram em alguns Estados uma tarifa desse tipo, alegando que a maior regulação do sistema financeiro aumentou os custo dos serviços. No entanto, os bancos desistiram após protesto de clientes indignados. 

A irritação com as taxas bancárias leva clientes a procurarem não só o Walmart, mas cooperativas de crédito. Nas últimas quatro semanas (portanto, logo depois que o Bank of America criou a taxa), 650 mil pessoas aderiram a esse tipo de serviço, segundo a associação do setor.


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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Alto consumo e pouca poupança dificultam investimento no Brasil

Por Tom Murphy, de São Paulo

Os brasileiros estão gastando mais e economizando menos, enfraquecendo, assim, o potencial de investimento do país e aumentando sua dependência por fontes de crédito oficiais e investimento estrangeiro. 

"É difícil frear o consumo no Brasil", disse Maurício Molan, economista-chefe da unidade brasileira do Banco Santander. "Os brasileiros simplesmente não economizam. Mesmo quando as taxas de juros estão altas, eles preferem gastar." 

A economia do Brasil medida pela expansão do PIB, cresceu robustos 7,5% em 2010, mas o consumo aumentou ainda mais rapidamente, 10,3%, de acordo com o IBGE. 

A situação piorou este ano. 

"O Brasil redescobriu o consumo", disse Antonio Correa de Lacerda, um economista da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "O consumo ainda está liderando o crescimento em 2011. Nos primeiros três trimestres do ano, o consumo aumentou 8%, mas a produção industrial, apenas 2%." 

Segundo números do Banco Central do Brasil, o volume de empréstimo no país subiu a assustadores 19,2% nos 12 meses até setembro, chegando a R$ 1,93 trilhão, à medida em que os consumidores continuaram com o furacão de compras. 

E não são apenas os consumidores. As companhias brasileiras estão jogando a toalha em relação aos investimentos também. Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (IBMEC) mostrou que o reinvestimento de lucros corporativos representou apenas 36,9% do total de investimentos brasileiros em fábrica, equipamento e infraestrutura em 2010, muito abaixo dos 62,3% de 2005. 

Olhando pelo lado positivo, a taxa de investimento do Brasil em si está crescendo. Era de 15,9% do PIB em 2005 e aumentou para 18,4% em 2010. Economistas esperam que chegue aos 19% neste ano. 

"Mas a taxa de 19% está muito abaixo das nossas necessidades e da nossa capacidade", disse Elcio Gomes Rocha, economista-chefe do Banco do Brasil. "Para alcançarmos um crescimento econômico sustentável de 5% por ano, nós precisamos de uma taxa de investimento entre 23% e 24% do PIB." 

O Brasil deve ter dificuldade em chegar até mesmo a 20%. O problema é que o país se tornou fortemente dependente de duas fontes de investimento cuja expansão enfrenta limites naturais – empréstimo do governo e reinvestimento de multinacionais. 

Tanto um quanto o outro aumentaram sua participação no investimento total nos últimos cinco anos, segundo o IBMEC. Empréstimos feitos por agências governamentais, como o Banco Nacional do Desenvolvimento, BNDES, mais que dobraram como porcentagem do total de investimento brasileiro em fábrica, equipamento e infraestrutura, de apenas 9,4% em 2005 para 22,5% em 2010. O investimento estrangeiro direto – a clássica expansão de fábrica e equipamento por companhias multinacionais – aumentou mais devagar, de 12,2% do investimento total em 2005 para 14,5% em 2010. 

Mas a expansão do crédito governamental tem limites. O forte ritmo de empréstimo do BNDES em 2010 foi possível por causa de um empréstimo de R$ 105 bilhões do Tesouro Federal. O Tesouro está emprestando outros 55 bilhões de reais para o BNDES este ano, mas o programa de financiamento vai prescrever em 2012. 

As multinacionais devem preencher um pouco da lacuna. No entanto, o investimento estrangeiro direto depende de fatores que vão muito além do controle do Brasil, incluindo tanto a capacidade quanto a vontade das companhias em investir. Durante a crise financeira de 2009, por exemplo, as empresas multinacionais aumentaram as remessas para o Brasil, como reinvestimento, para cobrir os prejuízos que tiveram ao redor do mundo. 

"O investimento estrangeiro é bom contanto que você queira deixar de controlar parte de sua base industrial", disse o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira. "O que nós precisamos fazer é ampliar as economias domésticas reais e o investimento, como parte de um plano de desenvolvimento nacional, mas estamos muito longe de fazermos isso."


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Afinal, quando é positivo adquirir consórcio?

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

Consórcio pode ser definido como um conjunto fechado de pessoas com a finalidade de atingir um objetivo em comum. Na maior parte das vezes, o objetivo é a aquisição de bem móveis e imóveis. Para tanto, os consorciados pagam mensalmente um determinado valor que possibilita a disponibilização de cartas de crédito para aquisição dos bens desejados pelos membros do grupo.

A administração do consórcio é feita por uma empresa administradora de consórcios que possui a responsabilidade de gerir os objetivos do grupo e coordenar as contemplações que podem ocorrer em função da oferta de lance ou de sorteios. 

Diferente do que pensa a maior parte da população, na composição do valor da parcela mensal de um consórcio não são incluídos juros. Existe sim a incidência de taxa de administração estipulada pela administradora do consórcio, calculada em função do prazo total e rateada mensalmente, que é utilizada para pagamento das despesas administrativas do grupo. Além da referida taxa de administração, são cobrados percentuais para fundo de reserva e para seguro prestamista. 

O consórcio pode ser utilizado como ferramenta de planejamento financeiro tendo em vista que, se usado de forma correta, possibilita ao consumidor a aquisição de bens sem a necessidade de recorrer a outras formas de financiamento mais onerosas. No entanto, não pode ser apresentado como um bom produto para o consumidor que deseja adquirir de imediato determinado bem e não dispõe de recursos para oferta de lance que possibilite a sua contemplação e recebimento imediato da carta de crédito. 

O consórcio é utilizado de forma eficiente pelo consumidor que possui um volume de recursos para a oferta de lance. Como exemplo, pode ser citado o caso em de um consorciado que adquiriu uma carta de consórcio de R$ 50 mil com a finalidade de adquirir um carro novo e dispõe de recursos no montante de R$ 20 mil para a oferta de lance. Considerando que a oferta de lances no percentual de 40% do valor da cota é suficiente para a contemplação na maior parte das situações vistas nos grupos gerenciados pelos bancos e administradoras de consórcio brasileiros, o consumidor conseguiria adquirir o veículo a um custo menor que o observado no financiamento tradicional. 

Cabe destacar que, para efeito de levantamento do custo efetivo da transação citada no exemplo acima, o montante a ser pago como taxa de administração e outras despesas não devem ser consideradas em função do valor da carta. É necessária a dedução do valor do lance. Isso se faz necessário em decorrência de que o valor realmente utilizado pelo consumidor foi os R$ 30 mil (valor da carta menos o valor do lance) e não o valor total. Mesmo assim, o custo ainda fica menor que o custo do financiamento tradicional. 

É importante mencionar que os valores das parcelas mensais pagas por consorciados são calculados em função do bem de referência do grupo e estão passíveis de variação em função de oscilações no preço do referido bem de referência. Assim, num cenário de inflação elevada, o consórcio pode se transformar numa dor de cabeça para os consorciados que já foram contemplados e já adquiriram o bem.


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Bancos dos EUA nadam em dinheiro, mas não emprestam

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A tecnologia está matando empregos?


Uma indagação que um colunista econômico sempre ouve nos dias de hoje é esta: Por quanto tempo mais os Estados Unidos e o resto do mundo estarão na cúspide de uma crise econômica? 

Boa pergunta. 

Mas outra pergunta que se faz com frequência sugere como é profunda a atual ansiedade: Será que tudo vai acabar dando certo para a economia que nossos filhos vão herdar? 

Há provas convincentes de que os EUA têm um problema agudo: pouca demanda, muito desemprego e muitas fábricas subutilizadas. Isso vai passar. Quando? Depende do quanto os americanos decidam reduzir suas dívidas, quais políticas o governo americano seguirá e quanto tempo a Europa levará para se aprumar. 

No entanto, também há evidências de um problema crônico, cujos sintomas surgiram antes ainda da crise financeira. Não é o principal motivo pelo qual o desemprego está em 9,1%. Mas pode ser por isso que os Estados Unidos já não estavam criando muitos empregos antes da recessão, e a renda subia tão lentamente para tantas pessoas. O debate é sobre a raiz do problema. 

Há alguns meses, Tyler Cowen, economista da Universidade George Mason, publicou um e-book profundamente pessimista, cujo título pode ser traduzido como "A Grande Estagnação: Como a America Comeu Todos os Frutos Fáceis". Seu diagnóstico: "Nós não reconhecemos que estamos num platô tecnológico e as árvores estão mais nuas do que gostaríamos de acreditar", escreveu ele. "Era mais fácil para uma pessoa média produzir uma inovação importante no século 19 do que no 20." A internet? Serve mais para proporcionar diversão barata do que para criar valor e empregos. 

Isso não soa correto para Erik Brynolfsson, economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT. "Não é nada disso que vemos no MIT. Não é o que ouvimos quando conversamos com nossos amigos no Vale do Silício", disse ele. Assim, ele e um colega, Andrew McAfee, lançaram um livro eletrônico celebrando os progressos tecnológicos recentes e as boas perspectivas do futuro. Afinal, a produção per capita da economia americana está 35% mais alta do que era há 20 anos. Isso não é estagnação. 

Mas os professores do MIT acabaram às voltas com perguntas impertinentes. Tais como: Se as coisas estão indo tão bem, por que não há empregos suficientes para todos? E por que a renda da família típica não está subindo mais rápido? (Em parte porque os avanços da medicina, o ar mais limpo, a segurança de poder falar no celular com seu filho adolescente às 3 da manhã são coisas que não aparecem nos contracheques. Mas isso não é tudo.) 

Assim, eles mudaram de foco. Seu argumento agora é: O ritmo da inovação tecnológica não diminuiu. Na verdade, se acelerou. "O ritmo acelerou tanto que deixou um monte de gente para trás. Em suma, muitos trabalhadores estão perdendo a corrida contra a máquina", escrevem eles em "Race Against the Machine" ("Corrida Contra a Máquina"). 

Isso lembra "Player Piano", romance de Kurt Vonnegut de 1952: as máquinas fazem o trabalho e um órgão do governo, o Corpo de Reconstrução e Recuperação, proporciona trabalho para os despossuídos. 

Será que dois otimistas tecnológicos do MIT agora acham que Kurt Vonnegut simplesmente chegou 60 anos mais cedo? Que os computadores estão prestes a deixar todos nós, exceto alguns, desempregados? Nada disso. 

É possível, como Cowen argumenta, que todas as grandes invenções já foram feitas, que o período 1800-2000 foi único na história humana e que os EUA vão deslanchar a partir daqui, enquanto a China e a Índia correm atrás para alcançar. 

Mas Brynolfsson não pensa assim: "Os computadores já são milhares de vezes mais poderosos do que eram há 30 anos, e todas as evidências sugerem que esse ritmo vai continuar por pelo menos mais uma década, e provavelmente mais". A internet é de fato tão potente como a máquina a vapor ou a eletricidade. Os seres humanos ainda estão tentando descobrir como aproveitar todo o potencial do computador. 

Sendo assim, por que tanto sofrimento? Tal como acontece com outras doenças crônicas, há mais de uma causa. A tecnologia está deixando alguns americanos desempregados mais rápido do que está criando novos empregos. Os salários dos que estão aproveitando a onda da tecnologia estão subindo constantemente em relação aos salários dos demais. As pessoas não conseguem mudar com a mesma rapidez da tecnologia e das demandas dos empregadores. Nossas escolas também não estão mudando depressa o suficiente. 

Ao mesmo tempo, a tecnologia e a globalização estão criando condições em que as superestrelas da música, do esporte, do direito, das finanças, etc., estão ganhando fortunas. Ser o número 1 é cada vez mais lucrativo do que ser o número 10. E, acima de tudo, o capital tem se beneficiado – muito mais do que os trabalhadores – dos avanços na tecnologia e na produtividade. 

"No momento, a própria rapidez dessas mudanças está nos prejudicando e nos trazendo problemas difíceis de resolver. Estamos sendo atingidos por uma nova doença (...) o desemprego, pois nossa descoberta de meios de economizar o uso da mão de obra supera o ritmo em que podemos encontrar novos usos para a mão de obra. Mas este é apenas um período temporário de desajuste (...) O padrão de vida nos países progressistas daqui a 100 anos será entre quatro e oito vezes mais alto do que é hoje." 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Iene muda futuro de Honda e Toyota

Por Mike Ramsey e Yoshio Takahashi

Há dois anos, a Honda Motor Co. e a Toyota Motor Corp. estavam entre as montadoras mais invejadas do mundo. Hoje, a combinação de um iene forte, dois desastres naturais e erros estratégicos as colocaram entre as mais problemáticas. 

Nesta semana, a Honda disse que não pôde controlar as forças que a atingiram, retirando a previsão de lucros para o ano fiscal que termina em março e anunciando uma receita 56% menor por causa de interrupções de produção e poucas vendas no trimestre encerrado em 30 de setembro. 

A posição da Honda é um mau presságio para outras grandes montadoras e exportadoras japonesas que devem divulgar seus ganhos nas próximas semanas. 
Um iene forte prejudica a competitividade dos preços de automóveis e outros bens fabricados no Japão e reduz o valor dos lucros obtidos no exterior, já que os dólares faturados em outros países compram menos ienes necessários para pagar salários e outras contas na sede da empresa. 

Uma forte intervenção do banco central japonês no câmbio segunda-feira fez o dólar subir em relação ao iene, mas não para o nível usado como base para as projeções de resultados anuais das grandes montadoras japonesas. Agora a Honda espera que o dólar fique numa média de 75 ienes no segundo semestre do ano fiscal, comparado à antiga previsão de 80 ienes. 

Além de o iene estar em alta, grandes exportadores japoneses foram atingidos por uma escassez de automóveis, eletrônicos e outras peças feitas na Tailândia, onde grande parte da área industrial foi inundada. A Honda e a Toyota diminuíram a produção nas fábricas dos Estados Unidos, Canadá e Ásia, por causa da interrupção de fornecimento. 

"Francamente, não há nada que possamos fazer", disse segunda-feira o diretor financeiro da Honda, Fumihiko Ike, durante os comentários sobre os resultados trimestrais. A Honda anunciou no mês passado que iria reduzir as exportações do Japão em 50% nos próximos dez anos por causa do iene forte. 

Problemas relacionados ao iene e às inundações tailandesas chegam num momento em que a Honda e a Toyota estão tentando normalizar suas operações depois do terremoto e do tsunami que atingiram o Japão em 11 de março. 

Por causa da escassez de veículos fabricados em suas montadoras no Japão, a Honda deve perder mais de um ponto percentual na sua fatia de mercado nos EUA neste ano, e a Toyota quase três pontos percentuais. 

Desde o final de 2009, a participação de mercado da Toyota nos EUA caiu 4,5 pontos percentuais, para 12,5% até setembro, uma abrupta queda em seu maior e mais rentável mercado. 

Mas os problemas vão além de interrupções na produção. Os consumidores não estão mais apaixonados pelos veículos dessas montadoras como estiveram no passado. A Toyota, em especial, ficou marcada em 2010 pelo recall de produtos por problemas de qualidade ligados ao desenho de um acelerador que ficava preso pelo tapete. 

O Honda Civic compacto, redesenhado em 2012, tem sido fortemente criticado por trazer um interior pouco luxuoso e uma tecnologia ultrapassada. Agora a Honda deve reformar o Civic para aumentar as vendas, diz Rick Case, cuja concessionária em Ft. Lauderdale, Flórida, está entre as maiores dos EUA. "Tivemos vendas consistentes durante 40 anos. Agora não sabemos o que vai acontecer com ele." 

Ao mesmo tempo, os automóveis fabricados pelas montadoras de Detroit têm se tornado muito mais competitivos e a Hyundai Motor Co., da Coréia do Sul, e a japonesa Nissan Motor Co., que depois do terremoto de março conseguiu recuperar sua produção muito mais rapidamente do que a Toyota e a Honda, têm conseguido ganhar clientes. 

De todos os desafios que a Honda e a Toyota enfrentam, o aumento do iene é o mais sério, dizem especialistas do setor. Na terça-feira, um dia depois provavelmente da maior intervenção para a venda de ienes em um dia, o ministro das finanças do Japão, Jun Azumi, ameaçou adotar mais medidas, dizendo que vai tomar as "decisões adequadas" no momento certo se os especuladores empurrarem o iene para cima novamente. 

A Honda já está repensando a dependência de produção de automóveis no Japão. No início deste ano, a empresa comunicou que está planejando construir uma fábrica no México para produzir o subcompacto Fit — um carro que hoje é exportado do Japão. A Nissan tem tomado iniciativas semelhantes. A empresa produz atualmente um modelo na Tailândia e o exporta para o Japão — um movimento impensável anteriormente. A fabricante japonesa de chips Elpida Memory Inc. e a fabricante de eletrônicos Panasonic Corp. também anunciaram que devem mudar a produção para o exterior. 

Até agora, a Toyota tem resistido à tendência, insistindo que permanece comprometida a fabricar no Japão três milhões de carros por ano. A montadora exporta metade desses veículos. A Toyota anuncia os resultados do segundo trimestre no dia 8 de novembro.


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