terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Emissão de dívida por empresas brasileiras atrai investidor internacional

Por ROGÉRIO JELMAYER, de São Paulo
Matéria publicada no The Wall Street Journal

A demanda pelos títulos de dívida das maiores empresas brasileiras tem sido forte, já que os investidores internacionais estão com os bolsos recheados depois de seis meses de pouquíssimas emissões, segundo o banco francês BNP Paribas SA. 

"[O interesse] está voltando", disse Rodrigo Fittipaldi, diretor de mercado de capitais do BNP Paribas em São Paulo. "Os investidores começaram 2012 com muita liquidez e buscando boas alternativas." 

Só na primeira semana de 2012 o governo brasileiro, a gigante da mineração Vale SA e o Banco Bradesco S.A. captaram um total de US$ 2,6 bilhões com emissões de títulos de dívida no mercado internacional. 

É uma mudança significativa em relação ao segundo semestre de 2011, quando se agravou a crise de dívida na Europa e muitos investidores preferiram ficar na defensiva, disse Fittipaldi. As empresas brasileiras captaram US$ 38,5 bilhões com emissões de títulos de dívida no exterior em 2011, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima. 

O BNP Paribas ajudou a organizar uma nova emissão de títulos globais de dívida soberana com vencimento em 2021, que captou US$ 825 milhões, mas cuja demanda chegou a US$ 3,5 bilhões. Os títulos foram vendidos com um juro anual de 3,449%, o menor já obtido por um título de dívida soberana do Brasil, e abaixo dos 4,188% obtidos na última vez em que o governo emitiu títulos de dívida com vencimento em 2012, em julho do ano passado. 

Mais empresas brasileiras devem usar os mercados internacionais de capitais nos próximos dias, disse Fittipaldi, embora alerte também que os investidores continuam muito seletos com seus investimentos. 

"Mas o mercado [internacional de títulos de dívida] continuará bom para as grandes empresas", disse ele. 

O Banco do Brasil SA, maior banco da América Latina em ativos, planeja emitir títulos de dívida no mercado internacional esta semana, oferecendo títulos perpétuos, segundo um executivo do BNP Paribas. A última vez que o Banco do Brasil ofereceu títulos de dívida com vencimento em cinco anos foi em novembro e o banco estatal conseguiu captar US$ 500 milhões, com juro de 4%. 

O Banco do Brasil contratou o BNP Paribas, o Citigroup, o HSBC, o Standard Chartered Bank e a BB Securities para coordenar a operação. Ele ainda não decidiu quanto tentará captar. Um porta-voz do Banco do Brasil não quis comentar a nova emissão de títulos de dívida.

Confira as últimas postagens
Brasil entra em 2012 como preferido dos investidores
Siderúrgicas brasileiras vivem processo de desnacionalização
Tablet indiano de US$ 45 recebe 1,4 milhão de encomendas em 2 semanas
A baixa poupança doméstica e os problemas da indústria
Cobrar dívidas ruins se torna bom negócio no Brasil
Vendas de micro e pequenas empresas para União crescem 44,5%
Acordo entre Japão e China amplia papel do yuan no comércio
Rede virtual que simplificará abertura e fechamento de empresas...
Toyota deve perder a coroa de maior montadora do mundo
Só sobreviverá a pequena empresa que souber reter talentos
Turistas brasileiros batem recorde de compras nos EUA
Brasil é prioridade para o Santander, diz presidente

Tags: dívida-empresas-brasileiras, investimentos, bom-momento-economia-brasileira, mercados-emergentes, captação-recursos

sábado, 7 de janeiro de 2012

Brasil entra em 2012 como preferido dos investidores

Na primeira semana do ano, País capta US$ 2,6 bilhões no exterior

Leandro Modé, de O Estado de São Paulo

SÃO PAULO - A primeira semana de 2012 comprovou que o Brasil mantém o posto de queridinho dos investidores globais. Bastou uma pausa nas preocupações com a Europa para o País se destacar. Nos cinco primeiros dias úteis do ano, o Tesouro Nacional e duas empresas privadas captaram juntos US$ 2,6 bilhões no mercado externo. Se fosse mantido pelas outras 51 semanas do ano, seria um ritmo três vezes superior ao de 2011, quando as emissões atingiram US$ 38,5 bilhões. 


Trata-se apenas de um cálculo indicativo, pois ninguém se arrisca a estimar por quanto tempo essa janela de oportunidade vai se manter aberta. A razão? As turbulências na Europa. Executivos alertam que, de fevereiro a abril, os países que tiram o sono dos investidores - Espanha, Itália, Portugal e Grécia - terão altos volumes de dívida para refinanciar. Ou seja, um leilão malsucedido de italianos ou espanhóis seria suficiente para azedar o clima. 

"Em termos relativos, o Brasil está melhor do que a maioria dos europeus, inclusive a França", observou o diretor executivo da Ashmore Brasil, Eduardo Câmara. "Mas, para o País nadar de braçada, é preciso que a situação europeia seja definida." A Ashmore é uma gestora internacional especializada em emergentes, com ativos de US$ 60 bilhões. 

Quando Câmara fala em nadar de braçada, refere-se à possibilidade de o otimismo deste início de 2012 se espraiar para outros mercados, como o de ações. Por enquanto, o segmento em que o Brasil aparece bem é o de emissão de dívidas. 

Como lembra o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Alberto Kiraly, esse é o mercado que costuma reagir primeiro quando a confiança melhora. 

Por isso, ao menos por ora, não se espera que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) seja inundada de recursos externos - a despeito da entrada de mais de R$ 600 milhões de dinheiro estrangeiro entre 2 e 4 de janeiro. 

"Vamos ver se se trata de um movimento mais duradouro e amplo quando empresas de menor porte também acessarem o mercado", ponderou a diretora-geral da Fator Administração de Recursos, Roseli Machado. 

O Estado apurou que muitas empresas estão na fila aguardando oportunidade de levantar dinheiro. Entre elas, Itaú, Banco do Brasil e Petrobrás. Um executivo disse ter mandatos de várias empresas de menor porte. "Estamos observando as condições de preço para levar o negócio para as companhias aprovarem." 

Diferenças 

A melhora do mercado de dívida neste início de 2012 passa pelo que ocorreu no mundo no segundo semestre do ano passado. Os mercados foram tomados por grandes incertezas sobre a Europa. Algumas delas: o euro acabará? Algum país dará calote? Nesse ambiente, muitos investidores venderam seus ativos para ficar com dinheiro em caixa. 

"No planejamento para 2012, perceberam que precisavam arriscar um pouco para obter retornos melhores. É uma espécie de efeito calendário", explicou o principal executivo do banco Santander na área de emissões internacionais, Eduardo Borges. 

Há também um fator conjuntural que sustentou a relativa tranquilidade da primeira semana do ano: dados econômicos dos EUA melhores que o esperado. Em dezembro, por exemplo, o país criou 200 mil empregos, acima dos 155 mil estimados. 

Nesse contexto, a economia brasileira se sobressai. "A principal diferença entre o Brasil e o resto do mundo é a expectativa de crescimento maior aqui", afirmou Kiraly, da Anbima. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima crescimento de 1,9% para as economias avançadas neste ano e 6,1% para as emergentes. Para o Brasil, 3,6%. 

Câmara, da Ashmore, observa ainda que os papéis do governo brasileiro são hoje considerados mais seguros do que títulos semelhantes da maioria dos países europeus. Em grande medida, isso ocorre por causa da situação fiscal. A relação entre dívida líquida e PIB, por exemplo, deve encerrar este ano perto de 37%. Na Itália, está em 100%, na Grécia, em 117%, e em Portugal, 83%. 

O estrategista do banco WestLB Luciano Rostanho acrescenta que o País tem reservas internacionais de US$ 351 bilhões, valor que supera a dívida externa do governo. Por isso, o País tem tudo para se manter no pódio entre os preferidos dos investidores. Resta saber se as condições da economia global vão permitir que essas possibilidades sejam aproveitadas em sua plenitude.

Confira as últimas postagens
Siderúrgicas brasileiras vivem processo de desnacionalização
Tablet indiano de US$ 45 recebe 1,4 milhão de encomendas em 2 semanas
A baixa poupança doméstica e os problemas da indústria
Cobrar dívidas ruins se torna bom negócio no Brasil
Vendas de micro e pequenas empresas para União crescem 44,5%
Acordo entre Japão e China amplia papel do yuan no comércio
Rede virtual que simplificará abertura e fechamento de empresas...
Toyota deve perder a coroa de maior montadora do mundo
Só sobreviverá a pequena empresa que souber reter talentos
Turistas brasileiros batem recorde de compras nos EUA
Brasil é prioridade para o Santander, diz presidente
‘FT’: Com Bolsa Verde, Rio pode virar polo financeiro alternativo

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Siderúrgicas brasileiras vivem processo de desnacionalização

Dos cinco grandes grupos do setor, três já têm estrangeiros como principais controladores

Glauber Gonçalves, da Agência Estado 

RIO - A indústria siderúrgica brasileira está em vias de passar por uma nova onda de desnacionalização. Inicialmente controlado pelo Estado, o setor de aço hoje está concentrado em cinco grandes grupos, que detêm mais de 90% da capacidade do mercado. Dos cinco, três têm empresas estrangeiras como principais controladoras. O caso mais recente foi a entrada da ítalo-argentina Techint na Usiminas. 

Esse movimento deve continuar. Executivos da siderurgia brasileira que viajam ao exterior já notam o interesse de grupos de países como Índia e China e da Europa em ingressar no Brasil, em novos negócios ou companhias já existentes. 

"Hoje o que mais tenho ouvido em várias missões é ‘o Brasil é o País do futuro, então vamos colocar nossas plantas lá, porque é lá que vai haver o consumo’. Vemos isso vindo da China, da Índia e da Comunidade Europeia", diz o presidente da ArcelorMittal Aços Longos América do Sul, Augusto Espeschit. 

Além da ArcelorMittal e da Usiminas, que teve 27,7% repassados ao grupo Techint, compõe o clube das gigantes controladas por estrangeiros a ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), usina com participação minoritária da Vale inaugurada no Rio em 2010. 

Diante de um excesso de capacidade de produção de 500 milhões de toneladas de aço no mundo, grandes grupos estrangeiros têm voltado os olhos para o Brasil e avaliam que o País está diante de uma oportunidade ímpar para dar um salto no consumo de aço, embalado pelo desafio de solucionar os problemas de infraestrutura e de déficit habitacional e pelo crescimento de uma classe média ávida pelo consumo. Enquanto a China mais do que triplicou o consumo aparente de aço per capita para 427 quilos por habitante entre 2001 e 2010, o Brasil passou de 93,3 para 129,8 quilos. 

Motivos. Os indutores do aumento da demanda no País são múltiplos. A construção de moradias do Programa Minha Casa Minha Vida, investimentos ligados à Copa e à Olimpíada, a reativação da indústria naval e uma série de projetos de montadoras de automóveis atraem a atenção dos estrangeiros, avaliam Guilherme Cardoso e Pedro Landim, chefe e gerente da área de Insumos Básicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

"Se uma empresa no mundo está querendo botar de pé uma siderúrgica, certamente sobre a mesa dela estará o Brasil", diz Cardoso. Ele revela que a expectativa do banco é que a crise internacional provoque adiamentos de projetos do setor no Brasil, mas não cancelamentos. 

Em dezembro último, o banco traçou as estimativas de investimentos em siderurgia para o período entre 2012 e 2015. Em quatro anos, o montante deve chegar a cerca de R$ 32 bilhões, patamar pouco abaixo dos R$ 33 bilhões previstos anteriormente para o quadriênio 2011-2014. 

Cardoso observa que, como o País ainda tem capacidade ociosa na produção de aço bruto, uma expansão em unidades de laminação seria suficiente. "Em algum momento a capacidade de produção de aço bruto no Brasil vai ter de aumentar para atender à demanda interna", avalia. 

A recente avalanche de importação de aço, produtos siderúrgicos e bens industrializados que contêm o insumo pode, no entanto, colocar um freio nos ímpetos do investidor estrangeiro. Para o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Melo Lopes, a dificuldade de competir com os importados deve fazer com que, por enquanto, empresas estrangeiras prefiram entrar aqui comprando participações.

Confira as últimas postagens
Tablet indiano de US$ 45 recebe 1,4 milhão de encomendas em 2 semanas
A baixa poupança doméstica e os problemas da indústria
Cobrar dívidas ruins se torna bom negócio no Brasil
Vendas de micro e pequenas empresas para União crescem 44,5%
Acordo entre Japão e China amplia papel do yuan no comércio
Rede virtual que simplificará abertura e fechamento de empresas...
Toyota deve perder a coroa de maior montadora do mundo
Só sobreviverá a pequena empresa que souber reter talentos
Turistas brasileiros batem recorde de compras nos EUA
Brasil é prioridade para o Santander, diz presidente
‘FT’: Com Bolsa Verde, Rio pode virar polo financeiro alternativo
BID lança linha de crédito para bancos que desejam expandir empréstimos a setores de alto...

Tags: siderúrgicas-brasileiras, mercado-aço, comércio-internacional, consumo, China-Brasil, indústria