terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tablet indiano de US$ 45 recebe 1,4 milhão de encomendas em 2 semanas

Nayara Fraga
Matéria publicada no Blog Radar Tecnológico

Estudantes exibem Aakash, distribuído gratuitamente pelo governo em outubro 

O tablet indiano Aakash — considerado o mais barato do mundo, a US$ 45 — recebeu 1,4 milhão de encomendas em duas semanas. Mesmo com uma tela resistente ao toque e um processador lento, 100 mil aparelhos foram reservados, por dia, desde o lançamento online em dezembro, informa o Times of India

A fabricante do tablet, Datawind, não esperava uma demanda tão grande, mas pretende dar conta do recado. Segundo o diário indiano, a companhia estabelecerá mais três novas fábricas no primeiro semestre de 2012 nas cidades de Cochin, Noida e Hyderabad, onde ela está instalada atualmente. 

O presidente da empresa, Suneet Singh Tuli, afirmou ao jornal que planeja fornecer de 70 mil a 75 mil unidades do Aakash, diariamente, quando as fábricas estiverem em funcionamento, por volta de abril. 

A corrida pelo tablet fez o site da empresa ser bombardeado de acessos. Autoridades indianas chegaram a entrar em contato com a Datawind com a notícia de que possivelmente hackers estariam atacando o site. Mas eram apenas as encomendas online o motivo de tanto tráfego . 

“Embora seja verdade dizer que o número de encomendas é geralmente maior que as vendas de fato na Índia, a enorme demanda pelo Aakash mostra que a Índia é um terreno fértil para tablets acessíveis”, diz o The Next Web

A publicação acredita que, com os tablets da Datawind (novo aparelho será lançado em janeiro) e o Classpad (tablet para ser usado em sala de aula, da Classteacher Learning Systems), 2012 será o ano dos tablets de baixo custo na Índia. 

Brasil 

No fim de 2011, o presidente da Datawind deu indícios de que dialoga com o Brasil para fabricar tablets no País. Ele disse que o Brasil tem interesse em subsidiar a produção local dos aparelhos mirando o público estudantil.

Confira as últimas postagens
A baixa poupança doméstica e os problemas da indústria
Cobrar dívidas ruins se torna bom negócio no Brasil
Vendas de micro e pequenas empresas para União crescem 44,5%
Acordo entre Japão e China amplia papel do yuan no comércio
Rede virtual que simplificará abertura e fechamento de empresas...
Toyota deve perder a coroa de maior montadora do mundo
Só sobreviverá a pequena empresa que souber reter talentos
Turistas brasileiros batem recorde de compras nos EUA
Brasil é prioridade para o Santander, diz presidente
‘FT’: Com Bolsa Verde, Rio pode virar polo financeiro alternativo
BID lança linha de crédito para bancos que desejam expandir empréstimos a setores de alto...
Município baiano apresenta o maior PIB per capita do país em 2009

Tags: Tablet, tecnologia, India, inovação, internet, comunicação, pesquisa, desenvolvimento

domingo, 1 de janeiro de 2012

A baixa poupança doméstica e os problemas da indústria

A falta de poupança cria um modelo que favorece serviços, e a competitividade do setor de commodities estimula os bens primários. Com isso, a indústria perde espaço

SAMUEL , PESSOA, É ECONOMISTA, SÓCIO DA, CONSULTORIA TENDÊNCIAS
Matéria publicada no site do jornal O Estado de S.Paulo 

A economia brasileira caracteriza-se por baixas taxas de poupança. A maior consequência desse fenômeno é a dificuldade em financiar o investimento e, portanto, o crescimento econômico. É sempre possível elevar o investimento lançando mão da poupança externa. No entanto, esta opção leva à valorização do câmbio e à perda de participação da indústria na produção. 

Mas por que motivo existe essa vinculação entre desempenho da indústria e taxa de poupança? Uma economia que poupa pouco é uma economia com elevadas taxas de consumo. A demanda por consumo é mais concentrada em serviços do que em bens. As pessoas podem ir todos os dias ao restaurante, mas não compram aparelhos de TV diariamente. 

A forte relação entre consumo e demanda por serviços é a ainda mais verdadeira para sociedades nas quais o padrão de consumo se aproxima do nível de classe média, como é crescentemente o caso brasileiro. O padrão de demanda do Brasil, portanto, é muito concentrado em serviços. 

Adicionalmente, como o País poupa pouco, é necessário absorver poupança externa para financiar o excesso de investimento sobre a poupança doméstica. A absorção de poupança externa ocorre quando a sociedade absorve - quer seja na forma de consumo ou na forma de investimento - mais bens e serviços do que produz. Isto é, a poupança externa, no conceito macroeconômico, representa o ingresso no país de algum bem ou serviço produzido externamente. 

Por exemplo, se a Petrobrás tomar emprestado dólares, mas não gastá-los comprando bens e serviços externos terá de trocar essas divisas por reais - para adquirir bens e serviços domesticamente - e o Banco Central acumulará divisas. Neste caso, não houve ingresso de poupança externa. 

Tipicamente, tudo que é produzido pode ser classificado como bem primário, bem manufaturado ou serviço. Dado que os serviços são não comercializáveis internacionalmente e que o Brasil tem enormes vantagens de custos na produção de bens primários, a absorção de poupança externa pode ocorrer na forma de bens manufaturados ou na forma de bens primários. 

Devido à grande vantagem comparativa que o Brasil tem na produção de bens primários, o País tem de absorver poupança externa na forma de bens manufaturados, o que dificulta o desenvolvimento da indústria. 

É importante entender como funciona o mecanismo de redução da participação da indústria na produção. O setor público estimula a demanda da economia. Seja por meio de elevações reais dos benefícios do programa Bolsa-Família e do salário mínimo (e, portanto, de todos os benefícios previdenciários e programas sociais a ele vinculados), ou de elevações reais dos salários dos funcionários públicos ativos e inativos. 

Ou ainda por meio da elevação dos recursos que o BNDES tem disponível para emprestar a taxas de juros subsidiadas. Independente de mais ou menos meritórias, todas essas ações elevam a demanda. 

A maior demanda por serviços enseja um processo de alta dos preços para que, em seguida, a oferta se eleve. Esse processo tem sido observado nos últimos anos. O mesmo não ocorre, porém, com os bens manufaturados. Neste caso, a expansão da demanda é atendida principalmente pela importação dos bens manufaturados. A solução, no entanto, certamente não é a de fechar ainda mais a economia. O cerceamento ainda maior às importações teria como resultado mais inflação: além de os preços dos serviços subirem, haveria alta também dos preços dos bens manufaturados. O Banco Central teria de subir ainda mais os juros para esfriar o crescimento da economia. 

A tragédia para a indústria é a assimetria entre os serviços e os bens manufaturados. Estes últimos são transacionáveis internacionalmente, ao contrário dos serviços. O problema é que é possível colocar um carro em um navio e transportá-lo. O mesmo, em geral, não ocorre com os serviços. (se ocorresse, o Brasil exportaria carros para a Coreia e esta exportaria, provavelmente, serviços educacionais para o Brasil, nos quais eles são muito superiores a nós.). Portanto, é difícil imaginar que uma economia de baixa poupança e que tenha fortes vantagens comparativas na produção de bens primários - em um momento em que boa parte da humanidade demanda esses produtos básicos - crescerá com expansão da participação da indústria manufatureira no produto. Ocorrerá provavelmente o oposto: uma lenta, mas contínua, queda da participação das manufaturas no produto. 

Uma questão adicional é se há espaço para o Brasil elevar a poupança. A poupança das famílias brasileiras corresponde a 5% do PIB. Na China, atinge 22%. A diferença deve-se ao fato de o Brasil ter um estado de bem-estar social muito mais generoso do que o chinês. A menos que ocorra forte mudança no equilíbrio político que vigora desde a redemocratização - que levou à construção desse estado de bem estar social muito abrangente -, não há espaço para a elevação da poupança das famílias. 

A poupança das empresas, por sua vez, que no Brasil se encontra na casa dos 15% do PIB (na China é de 22%), somente eleva-se se houver redução dos salários ou elevação dos preços dos bens finais produzidos pelas empresas. Ambos, preços e salários, são definidos no mercado. A menos que haja profunda alteração da regulação dos mercados - incluindo alteração nos direitos de organização sindical, entre inúmeros outros - não parece haver espaço para crescimento muito acentuado dos lucros das empresas. 

Finalmente, a ampliação da poupança do setor público, que no Brasil é negativa em 3% do PIB (na China é positiva em 5%), requer redução do gasto público - quer seja na forma de salários de servidores (ativos e inativos), dos programas sociais ou dos juros. Com a recente queda da taxa Selic, há espaço para alguma elevação da poupança pública. 

Nos outros itens do Orçamento, não parece haver muito espaço. Mesmo os juros devem voltar a se elevar em algum momento no primeiro semestre de 2013, em função da provável aceleração da inflação. Outra possibilidade de elevação da poupança pública é por meio de aumentos da carga tributária. Mas parece que a sociedade tem rejeitado novas rodadas de aumento de tributos. 

Tudo indica, portanto, que a baixa poupança veio para ficar. O Brasil terá de conviver com ela. Enquanto perdurar o choque positivo das commodities - que deve ser longo, pois ainda há grandes contingentes populacionais na Ásia a ser incorporados aos mercados -, a indústria brasileira deve apresentar problemas de desempenho. Com baixa poupança, o investimento nunca será muito elevado. 
A agenda do crescimento econômico passa, portanto, pela melhora da produtividade e da qualidade da educação - condições essenciais para que o país tenha um setor de serviços de alta produtividade, como ocorre, por exemplo, com a economia americana.

Confira as últimas postagens
Cobrar dívidas ruins se torna bom negócio no Brasil
Vendas de micro e pequenas empresas para União crescem 44,5%
Acordo entre Japão e China amplia papel do yuan no comércio
Rede virtual que simplificará abertura e fechamento de empresas...
Toyota deve perder a coroa de maior montadora do mundo
Só sobreviverá a pequena empresa que souber reter talentos
Turistas brasileiros batem recorde de compras nos EUA
Brasil é prioridade para o Santander, diz presidente
‘FT’: Com Bolsa Verde, Rio pode virar polo financeiro alternativo
BID lança linha de crédito para bancos que desejam expandir empréstimos a setores de alto...
Município baiano apresenta o maior PIB per capita do país em 2009
Itaú espera ter licença para atuar na Colômbia em junho de 2012

Tags: poupança-investimento, economia-brasileira, crescimento-Brasil, exportações-importações, indústria-desafios, baixo-nível-investimento

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Cobrar dívidas ruins se torna bom negócio no Brasil

Por ROGERIO JELMAYER, de São Paulo
Matéria publicada no The Wall Street Journal

"Boas Festas e Feliz 2012!", diz um cartão de Natal que, sem dúvida, vai levar aos que o receberem mais alívio que alegria.

"Para você que mudou o rumo de sua vida e conseguiu acertar velhas pendências, desejamos um 2012 repleto de conquistas, sucesso e tranquilidade financeira", escreve a Recovery do Brasil, empresa de cobrança de dívidas, em um e-mail aos clientes que quitaram suas dívidas. 
                                                                                                                                     
Os bancos brasileiros têm emprestado muito nos últimos anos, e esse boom traz muitas novas oportunidades para a cobrança de dívidas, atividade que pela primeira vez começa a tornar-se um grande negócio no Brasil. 

Pode-se dizer que o aumento da cobrança de dívidas é o preço do crescimento. Depois de anos de instabilidade econômica e hiperinflação, o volume de crédito no Brasil quase dobrou nos últimos dez anos, e agora corresponde a quase 50% do PIB. O total de empréstimos atingiu R$ 2 trilhões em novembro, segundo o Banco Central. E 5,6% desse total, ou cerca de R$ 112 bilhões, tinham mais de 90 dias de atraso. 

O rápido crescimento vem trazendo algumas preocupações de que possa haver uma bolha de crédito no Brasil, especialmente nos empréstimos a pessoas físicas, onde a taxa de inadimplência é muito maior do que para empréstimos empresariais. A inadimplência para pessoas físicas subiu para 7,3% em novembro, enquanto para as empresas o índice foi de 4%. 

Mesmo sem superaquecimento, são abundantes as oportunidades para as empresas de cobrança de empréstimos vencidos. 

Salvatore Milanese, sócio da firma de auditoria e contabilidade KPMG, disse que o crescimento dos empréstimos no Brasil "não é preocupante agora, mas a taxa de inadimplência está se deteriorando em algumas áreas, principalmente a das pessoas físicas". 

Segundo a KPMG, o total das dívidas em atraso no Brasil pode alcançar R$ 330 bilhões; desse total, os bancos já disseram que não vão recuperar cerca de R$ 180 bilhões, tornando essa quantia potencialmente disponível para ser vendida aos cobradores de dívidas. 

O Banco Santander Brasil S.A. vendeu cerca de R$ 16 bilhões em créditos inadimplentes em 2011, quase quatro vezes a quantia vendida em 2010. Esses empréstimos, equivalentes a cerca de 9% do total de empréstimos do Santander Brasil, são a pior parte da sua carteira – aqueles que não receberam nenhum pagamento por mais de um ano. 

Segundo comunicado enviado à agência Dow Jones, o Santander informou que "as condições atuais do mercado explicam a aceleração da venda de suas carteiras [de créditos inadimplentes], resultando em maior eficiência". 

Os bancos costumavam vender carteiras de créditos com mais de cinco anos de atraso, mas com o crescimento do mercado de cobrança de dívidas, estão começando a vender carteiras mais recentes. 

"Agora é possível comprar carteiras de empréstimos que têm três anos de atraso", disse Bruno Bossi, um executivo da Palato Velum Credit Management, firma brasileira especializada em recuperação de créditos inadimplentes. 

A Velum, fundada em janeiro de 2009, comprou mais de R$ 3 bilhões em carteiras de crédito inadimplentes até agora, segundo o site da empresa. "A tendência é que esse segmento continue a se expandir em um ritmo semelhante ao dos empréstimos no Brasil", disse Bossi. 

Segundo Milanese, da KPMG, os bancos vendem os créditos inadimplentes por cerca de 1% a 6% do valor de face. As empresas de cobrança de dívidas podem ganhar até cinco vezes seu investimento dentro de dois ou três anos, muitas vezes recebendo muito menos que o montante total do empréstimo. 

Os princípios econômicos desse boom da cobrança de dívidas também são atraentes para os devedores, que muitas vezes estão ansiosos para retirar seu nome das listas negras compiladas pelas firmas brasileiras de proteção ao crédito. 

Um professor de São Paulo devia R$ 500 reais, incluindo capital e juros vencidos, e acabou pagando menos da metade desse valor. "Paguei para tirar meu nome dos arquivos do serviço de proteção ao crédito", disse o professor. 

Por enquanto, os bancos internacionais como Santander Brasil têm sido os mais inclinados a vender suas carteiras de créditos inadimplentes, segundo a KPMG. Os bancos brasileiros, que têm redes maiores, preferem cobrar suas dívidas por conta própria. 

"Essa é uma decisão estratégica tomada por cada banco", disse Antonio Bornia, vice-presidente do terceiro maior banco do país, o Bradesco. "Nós preferimos fazer a recuperação de empréstimos inadimplentes usando a nossa própria estrutura, enquanto outros bancos preferem terceirizá-la."

Confira as últimas postagens
Vendas de micro e pequenas empresas para União crescem 44,5%
Acordo entre Japão e China amplia papel do yuan no comércio
Rede virtual que simplificará abertura e fechamento de empresas...
Toyota deve perder a coroa de maior montadora do mundo
Só sobreviverá a pequena empresa que souber reter talentos
Turistas brasileiros batem recorde de compras nos EUA
Brasil é prioridade para o Santander, diz presidente
‘FT’: Com Bolsa Verde, Rio pode virar polo financeiro alternativo
BID lança linha de crédito para bancos que desejam expandir empréstimos a setores de alto...
Município baiano apresenta o maior PIB per capita do país em 2009
Itaú espera ter licença para atuar na Colômbia em junho de 2012
Pacote da Receita inclui fim da declaração anual do Simples em 2013

Tags: cobrança-dívidas-Brasil, inadimplência-pessoa-física, empresas, compra-venda-dívidas