quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Espanha estuda meio rápido para limpar seus bancos


Para tentar reerguer o combalido setor bancário espanhol, o primeiro-ministro eleito, Mariano Rajoy, está considerando planos de limpeza cujo custo faria sombra ao de iniciativas anteriores. Isso incluiria criar um "banco ruim" financiado pelo Estado para adquirir ativos tóxicos ou obrigar os bancos a aumentar drasticamente provisões para perdas com empréstimos, dizem pessoas a par da situação. 

Rajoy disse que a intenção é acelerar o processo de gestão dos 176 bilhões de euros (US$ 236 bilhões) em ativos imobiliários tóxicos deixados pelo estouro da bolha da construção no país. Antes das eleições do mês passado, Rajoy havia minimizado o custo potencial desse plano. 

Esses ativos podres estariam estrangulando o fluxo de crédito e afugentando investidores internacionais da quarta maior economia da zona do euro. 

A arrumação nos bancos é um dos pilares do programa de reformas econômicas que Rajoy está apresentando ao presidente francês Nicolas Sarkozy, à chanceler alemã Angela Merkel e ao secretário do Tesouro americano Timothy Geithner durante um encontro do Partido Popular Europeu, uma agremiação de líderes de partidos de centro-direita de toda a Europa, em Marselha, nesta quarta e quinta-feiras. Líderes europeus estão tentando obter um compromisso claro com reformas da parte de países em dificuldades como Espanha e Itália antes da cúpula marcada para sexta-feira, quando se espera que definam novos mecanismos de governança e de apoio financeiro para sustentar o euro. 

"Faz sentido dar um empurrão na reestruturação com uma faxina nos balanços; é um sinal de que as coisas estão avançando", disse Tano Santos, professor de finanças da Universidade Columbia, em Nova York. "Foi uma das coisas mais nocivas na crise da Espanha: a falta de ação". 

Uma resposta mais agressiva não será barata. Analistas calculam que uma solução rápida como criar o tal banco ruim ou obrigar os bancos a aumentar drasticamente reservas para créditos podres e uma injeção de capital pelo Estado poderiam custar aos cofres públicos espanhóis até 100 bilhões de euros. Essa cifra levanta o temor de que a medida possa quebrar as finanças do governo — como ocorreu na Irlanda quando o governo recapitalizou os bancos e inflou o déficit para 32% do PIB em 2010. 

Mas um coro crescente de economistas e autoridades diz que se não houver uma ação decisiva agora, o risco só aumentará; uma nova recessão poderia abalar ainda mais os bancos, enquanto o nervosismo de investidores diante dos problemas de dívida da zona do euro ameaça inviabilizar a moeda comum. 

Iniciativas de faxina do governo anterior, chefiado pelo primeiro-ministro socialista José Luis Rodríguez Zapatero, deixaram a desejar em grande parte porque foram pensadas para distribuir o custo ao longo do tempo e evitar uma grande baque nos cofres públicos de uma só vez. 

A expectativa é que Rajoy só divulgue publicamente os planos para lidar com o estouro da bolha imobiliária da Espanha (que durou uma década) depois de tomar posse no cargo, na segunda quinzena de dezembro. Mas gente próxima da situação diz que a maneira mais rápida de resolver o problema seria criar um banco que comprasse, com desconto, ativos tóxicos de instituições financeiras, o que obrigaria essas instituições a reconhecer perdas. É provável que também derrubasse seu índice de solvência e criasse a necessidade de fundos adicionais para reforçar a base de capital. 

Segundo analistas do Morgan Stanley, a Espanha poderia comprar o estoque inteiro de ativos imobiliários tóxicos — 176 bilhões de euros no total — com o mesmo desconto de 58% aplicado pelo banco ruim da Irlanda, o que daria um custo de 73,9 bilhões de euros que poderia ser financiado com a troca de novos títulos de dívida do governo por ativos imobiliários podres dos bancos. 

Contudo, o Estado teria de levantar um volume suficiente de fundos no mercado para injetar nos bancos o total estimado de 28,5 bilhões de euros em capital novo para absorver perdas que os bancos assumiriam ao vender ativos com grande desconto. Ao todo, o custo do plano para o Estado espanhol poderia ser de 102,4 bilhões de euros, ou cerca de 10% do PIB espanhol. 

Se for difícil conseguir os 28,5 bilhões de euros de investidores privados, dada a situação atual do mercado, Rajoy já declarou estar aberto à ideia de pedir recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira para ajudar a cobrir as novas necessidades de capital. Essa é uma das novas funções do fundo depois da reforma no início do ano.


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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Crise econômica entra na pauta das turnês de rock


O grupo de rock Metallica vem ganhando a vida nos últimos 30 anos rosnando e grunhindo sobre a morte, em hinos apocalípticos como "The Four Horsemen" e "Enter Sandman". 

Agora, os pioneiros do heavy metal estão perdendo o sono por uma razão diferente: a crise financeira da Europa. 

O manager de longa data do Metallica, Cliff Burnstein, está acelerando os planos das turnês da banda para não ser arrastado pelos problemas da dívida europeia. Com o pessimismo dos investidores se espalhando para países mais ricos como a França, Burnstein teme que o euro vá se dissolver, tornando mais difícil para os promotores de shows nos 17 países do bloco do euro pagarem o cachê do grupo. 

Em vez de tocar na Europa em 2013, como inicialmente previsto, o Metallica vai para lá no ano que vem, começando com shows nos festivais Rock Im Park e Rock Am Ring, na Alemanha, no início de junho — onde a banda "thrash" que mais fatura no mundo vai tocar integralmente seu disco de sucesso de 1991, o chamado "Black Album" — seguindo então para a Grã-Bretanha e a Áustria. 

"Olha, não sou economista, mas tenho diploma, e isso ajuda", disse Burnstein certa tarde, sentado na sala dos fundos de seu escritório no centro de Manhattan, usando jeans e uma camiseta vermelha da revista "The Economist" com as palavras "Think Responsibly" ("Pense com Responsabilidade"). "Você tem que se perguntar qual é o melhor momento para fazer o quê, quando e onde." 

A indústria mundial da música já está prejudicada pela queda nas vendas de discos, o preço exorbitante dos ingressos e a economia claudicante. Agora os temores financeiros estão fazendo até mesmo os maiores rebeldes do rock'n'roll fazerem apostas seguras para proteger suas contas bancárias.

O Red Hot Chilli Peppers, de Anthony Kiedis, está afinado com o câmbio 

O Red Hot Chili Peppers, outro grupo que Burnstein administra, junto com o sócio Peter Mensch, também antecipou seus planos para a Europa, depois de lançar sua primeira turnê em quatro anos no trimestre passado. A banda foi tocar na América Latina, apesar das queixas dos fãs americanos, que a queriam ver. Cerca de 75% da receita do grupo vem de turnês no exterior, disse Burnstein. 

Alguns roqueiros se dão mal — e aprendem com a queda. Duff McKagan, ex-baixista da Guns N' Roses, certa vez gastou, sem querer, US$ 40.000 em ternos caros na Itália, porque não percebeu o quanto suas compras — feitas em liras italianas — valiam em dólares. Agora, depois de fazer cursos de administração na Universidade de Seattle, o músico começou a escrever sobre finanças na "Playboy" (a coluna "Duffonomics") e, recentemente, lançou uma empresa de gestão de riqueza para roqueiros, a Meridian Rock Capital Management LP. 

Após a crise financeira mundial de 2008, bandas de rock e seus agentes estão dando mais atenção a preocupações obscuras como taxas de câmbio e tendências econômicas, ao assinarem contratos com promotores de shows em países estrangeiros. Oito meses antes do Metallica subir ao palco na Alemanha, Burnstein decide se a banda deve ser paga em dólares, euros, ou uma combinação dos dois. Se o câmbio oscila de forma a prejudicar os ganhos do Metallica, ele compra instrumentos financeiros derivativos para fixar uma cotação preferencial. Às vezes os preços dos ingressos são aumentados para compensar possíveis perdas cambiais, embora Burnstein evite essa estratégia. 

"Ninguém tem intenção de fazer uma transação cambial para ganhar dinheiro, mas ninguém quer sair perdendo também", disse o manager. 

O problema do euro é o que mais preocupa Burnstein. "Ao longo dos próximos anos, o dólar vai ficar mais forte e o euro mais fraco, e se esse for o caso, quero aproveitar para fazer mais shows na [Europa] agora, porque vão ser mais lucrativos para nós", disse. 

Às vezes, os cálculos de Burnstein estão em harmonia com os desejos de seus clientes. Em setembro, o Chili Peppers viajou pela América do Sul, um destino popular para artistas graças, em parte, à alta das moedas locais que torna mais fácil para os promotores locais pagar artistas americanos especialmente bem. Durante a estada no Brasil, o cantor Anthony Kiedis e o baixista Flea, aficcionados do surfe, aproveitaram para ir pegar ondas antes do Rock in Rio. 

Outras vezes as coisas se complicam. O baixista Flea quer tocar na África, mas o dinâmico Burnstein recusou, dizendo que em termos de infraestrutura e potencial de lucros, o continente — excluindo a África do Sul — ainda não chegou lá. 

Com as nuvens ficando mais negras sobre a Europa, managers como Burnstein estão direcionando seu foco de longo prazo para lugares com moedas mais fortes, como América do Sul, Sudeste Asiático e Austrália. 

"Somos um produto americano de exportação, da mesma forma que a Coca-Cola", disse ele. "Procuramos os melhores mercados para entrar." 

"A Indonésia está na minha lista", disse ele, sorrindo.


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Brasil deve crescer a taxas chinesas em 2012, projeta ABC Brasil

Por Francine De Lorenzo

SÃO PAULO – O desempenho nulo do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior não deve ser visto como uma tendência, segundo o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza. “Esse resultado é um ponto fora da curva, reflexo das medidas macroprudenciais adotadas no passado. Daqui para frente a tendência é de recuperação, com a economia crescendo a uma taxa anualizada em torno de 8% a partir do segundo semestre”, prevê o economista, que só descarta tal cenário caso haja um agravamento muito forte da crise no exterior. 

O ritmo de crescimento chinês, na avaliação de Souza, será derivado das medidas de incentivo ao consumo e dos cortes de juros promovidos desde agosto deste ano. Pelos seus cálculos, apenas essas medidas já são suficientes para promover uma expansão de 3,5% no PIB no próximo ano. “Deveremos começar 2012 com um crescimento mais fraco e ir acelerando no decorrer do ano. Por isso é preciso ter cuidado ao se adotar novas medidas para impulsionar a economia, lembrando que já estão previstos mais cortes nos juros”, afirma o economista, destacando que incentivos como redução de impostos sobre alguns produtos podem comprometer o ajuste fiscal prometido pelo governo. 

A expansão econômica no próximo ano, diz Souza, deverá ser puxada não só pelo consumo das famílias, mas também pelos investimentos. “Várias obras precisam ser feitas para a Olimpíada e a Copa. Se não ocorrer uma ruptura na Europa, a tendência é o Brasil entrar num ciclo virtuoso de expectativas, que gera investimentos e consumo”, comenta. 

Caso as projeções do ABC Brasil se concretizarem, a herança estatística para o PIB de 2013 deverá ser de 2,7%. “Ou seja, não precisaríamos fazer nada para termos quase o mesmo crescimento esperado para este ano”, observa o economista do ABC Brasil, que prevê expansão de 2,9% na economia brasileira em 2011, com o PIB do quarto trimestre aumentando 0,4% sobre o trimestre anterior. 

Souza ainda considera pouco provável expansão acima de 3% no PIB neste ano, já que para isso a economia brasileira teria que crescer mais que 0,8% no último trimestre deste ano. “Se não fosse pela revisão dos dados do primeiro e do segundo trimestres, seria possível crescer 3,1% em 2011 com expansão de 0,4% no quarto trimestre”, diz. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou para baixo o PIB dos dois primeiros trimestres de 2011, com a alta passando de 0,8% para 0,7% no segundo trimestre e de 1,2% para 0,8% no primeiro trimestre. 

O resultado do terceiro trimestre foi sustentado pelo setor agropecuário, olhando pelo lado da oferta, e pelas exportações, considerando a óptica da demanda. Os demais componentes do PIB apresentaram resultado negativo entre o segundo e o terceiro trimestres. 

Segundo Souza, o desempenho das exportações reflete a desvalorização do real no período, mas também se deve ao fato de o Brasil ser um grande vendedor de commodities agrícolas. “Num quadro de desaquecimento econômico mundial, isso é algo favorável, porque sempre há demanda por alimento”, diz o economista, acrescentando, porém, que as exportações não devem se manter como motor do PIB nos próximos meses. “A tendência é as exportações crescerem menos que as importações”, afirma. “O nível de atividade no Brasil deve ficar acima do registrado lá fora, devido às medidas tomadas para aquecer a economia.”


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