terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Brasil deve crescer a taxas chinesas em 2012, projeta ABC Brasil

Por Francine De Lorenzo

SÃO PAULO – O desempenho nulo do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior não deve ser visto como uma tendência, segundo o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza. “Esse resultado é um ponto fora da curva, reflexo das medidas macroprudenciais adotadas no passado. Daqui para frente a tendência é de recuperação, com a economia crescendo a uma taxa anualizada em torno de 8% a partir do segundo semestre”, prevê o economista, que só descarta tal cenário caso haja um agravamento muito forte da crise no exterior. 

O ritmo de crescimento chinês, na avaliação de Souza, será derivado das medidas de incentivo ao consumo e dos cortes de juros promovidos desde agosto deste ano. Pelos seus cálculos, apenas essas medidas já são suficientes para promover uma expansão de 3,5% no PIB no próximo ano. “Deveremos começar 2012 com um crescimento mais fraco e ir acelerando no decorrer do ano. Por isso é preciso ter cuidado ao se adotar novas medidas para impulsionar a economia, lembrando que já estão previstos mais cortes nos juros”, afirma o economista, destacando que incentivos como redução de impostos sobre alguns produtos podem comprometer o ajuste fiscal prometido pelo governo. 

A expansão econômica no próximo ano, diz Souza, deverá ser puxada não só pelo consumo das famílias, mas também pelos investimentos. “Várias obras precisam ser feitas para a Olimpíada e a Copa. Se não ocorrer uma ruptura na Europa, a tendência é o Brasil entrar num ciclo virtuoso de expectativas, que gera investimentos e consumo”, comenta. 

Caso as projeções do ABC Brasil se concretizarem, a herança estatística para o PIB de 2013 deverá ser de 2,7%. “Ou seja, não precisaríamos fazer nada para termos quase o mesmo crescimento esperado para este ano”, observa o economista do ABC Brasil, que prevê expansão de 2,9% na economia brasileira em 2011, com o PIB do quarto trimestre aumentando 0,4% sobre o trimestre anterior. 

Souza ainda considera pouco provável expansão acima de 3% no PIB neste ano, já que para isso a economia brasileira teria que crescer mais que 0,8% no último trimestre deste ano. “Se não fosse pela revisão dos dados do primeiro e do segundo trimestres, seria possível crescer 3,1% em 2011 com expansão de 0,4% no quarto trimestre”, diz. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou para baixo o PIB dos dois primeiros trimestres de 2011, com a alta passando de 0,8% para 0,7% no segundo trimestre e de 1,2% para 0,8% no primeiro trimestre. 

O resultado do terceiro trimestre foi sustentado pelo setor agropecuário, olhando pelo lado da oferta, e pelas exportações, considerando a óptica da demanda. Os demais componentes do PIB apresentaram resultado negativo entre o segundo e o terceiro trimestres. 

Segundo Souza, o desempenho das exportações reflete a desvalorização do real no período, mas também se deve ao fato de o Brasil ser um grande vendedor de commodities agrícolas. “Num quadro de desaquecimento econômico mundial, isso é algo favorável, porque sempre há demanda por alimento”, diz o economista, acrescentando, porém, que as exportações não devem se manter como motor do PIB nos próximos meses. “A tendência é as exportações crescerem menos que as importações”, afirma. “O nível de atividade no Brasil deve ficar acima do registrado lá fora, devido às medidas tomadas para aquecer a economia.”


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Tags: Brasil-China, pib-taxas, crescimento-economia, brics, economistas, crescimento-econômico

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