segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Banco de investimentos de Dubai cria fundo de futebol

Por: Diego Lazzaris Borges

SÃO PAULO - O United Investment Bank (UIB), banco de investimentos com sede Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, lançou um fundo voltado para o futebol, o Royal Football Fund.

De acordo o site especializado em negócios envolvendo futebol, Soccerex, o fundo pretende arrecadar US$ 200 milhões (equivalente a R$ 337,3 milhões) de instituições e de pessoas físicas com patrimônio elevado no Oriente Médio e outros mercados emergentes.

Os recursos do fundo ficarão concentrados na aquisição dos direitos econômicos de jovens jogadores – em parceria com clubes e agentes – na América Latina, África e países europeus com histórico de desenvolvimento de talentos. Também serão feitos investimentos em clubes de futebol e na promoção de jogos e seus direitos de marketing, transmissão e mídia.

“O retorno dos direitos econômicos dos jogadores pode ser extremamente forte. Para citar alguns exemplos: Deco (que hoje joga pelo Fluminense) gerou um retorno interno de 21,29%; Pepe (hoje no Real Madrid), de 146,62%; Falcão Garcia (hoje no Atlético de Madri), 164,54%; Lisandro Lopes (atualmente no Lyon), 37,21%; Lucho Gonzales (do Olympique de Marselha), 16,68%; e Raul Meireles (hoje no Chelsea) alcançou 29,24%. A taxa interna de retorno (TIR) média deste grupo de jogadores foi de cerca de 69,26%”, afirmou o CEO do UIB, Raul Silva, de acordo com o site.

Equipe especializada

O UIB afirmou que o fundo reunirá clubes de futebol e uma equipe de investimento que inclui o Porto (de Portugal) e vários especialistas em negócios do futebol.

De acordo com o Soccerex, o conselho do fundo será composto por três nomes-chave: o agente de jogadores licenciado pela Associação Argentina de Futebol e diretor da Academia de Futebol do Milan, Isidoro Gimenez, o ex-diretor do departamento de futebol do Porto e filho do atual presidente do clube português, Alexandre Pinto da Costa, e por Miguel Pinho, que comanda o trabalho de olheiros em busca de jovens talentos do Milan em todo o mundo e é gerente da academia do time italiano em Portugal.

De acordo com Silva, o futebol se trata de uma das poucas atividades de negócios que tem demonstrado crescimento contínuo nos últimos 30 anos. “Esse é um fundo onde as grandes receitas são geradas pela paixão dos torcedores”, disse “É a paixão dos fãs de futebol pelo mundo que leva os clubes a investirem de forma contínua na melhoria de suas equipes”, concluiu.

No Brasil

No Brasil, alguns clubes já estudam a possibilidade de criar fundos, abertos para pessoas físicas, com objetivos de captar recursos para a sua administração. Assim como no Royal Football Fund, o investidor ganharia com os direitos econômicos do atleta, ou seja, na transferência do jogador para outro clube.

Na regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não existe uma categoria que qualifique fundos que investem em futebol ou outros setores. “O fundo atualmente registrado na CVM mais próximo disso é o Soccer BR1, que é um Fundo de Investimento em Participações (FIP)”, aponta a autarquia.

Entretanto, todas as cotas deste fundo pertencem a um único banco, que também atua no futebol como patrocinador de diversos clubes da primeira e segunda divisões.


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domingo, 30 de outubro de 2011

País importa inflação vinda da China

A ameaça principal está nos preços de bens não duráveis, como calçados, vestuário, utensílios e enfeites, que cresceram 9,25% em 12 meses

Iuri Dantas

BRASÍLIA - A inflação no Brasil vem desacelerando em direção à meta de 4,5%, em linha com o cenário elaborado pelo Banco Central. Mas isso não significa preços mais baixos. A assistente administrativa Eneide Chaves Custódio, 49, por exemplo, vem percebendo que roupas e brinquedos importados da China estão mais caros na prateleira. A consumidora confirma a pressão sobre os preços que vêm da Ásia: o Brasil está importando parte da inflação chinesa. 

"Com a presidente não está tão ruim, mas não é mais tão bom quanto era com o Lula", diz Eneide. "Antes a gente sentia mais segurança", afirma. "E essa coisa do Banco Central depende mais da política do governo", acrescenta, ao ser indagada sobre o comportamento da inflação e a atuação do Banco Central. "Os brinquedos estão bem mais caros do que em qualquer época e as roupas estão custando mais também."


O comportamento da economia chinesa provoca um impacto direto e outro indireto nos preços do País, conforme explica o ex-secretário de Política Econômica Julio Gomes de Almeida. 

De um lado, o apetite do gigante asiático por matérias primas - as commodities - pressiona cotação de produtos como cobre e trigo. Esses itens, que o Brasil precisa importar, acabam chegando mais caro ao País. 

Por outro, houve elevação de custos de produção na China, por conta de salários mais altos. E isso resulta em manufaturados mais caros. 

"Bens intermediários e de consumo já estão um pouco mais inflados pela inflação chinesa", afirma Almeida, que atualmente preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). "A China deixou de fazer exportações ‘desinflacionárias’, como nos anos 1990 e 2000. E agora exporta inflação. Isso vai continuar assim: o conteúdo inflacionário veio pra ficar", afirma.

Pressão

O principal fator de pressão sobre a inflação brasileira não é mais o preço de serviços, segundo dados compilados pelo Banco Central. O valor cobrado por serviços, tais como manutenção de automóveis e cabeleireiros, subiram 9,03% nos 12 meses encerrados em setembro. Agora, a ameaça principal está nos preços de bens não duráveis, como calçados, vestuário, utensílios e enfeites, que cresceram 9,25% no mesmo período.

Estes itens, somados a bens semiduráveis - como artigos de limpeza e produtos farmacêuticos - representam 38% do índice oficial de inflação do País, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As duas categorias também são as que mais reagem aos preços chineses, colocando em risco uma possível queda do custo de vida brasileiro.

As importações de calçados da China, por exemplo, cresceram 19% nos primeiros nove meses de 2011, em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o preço médio da unidade subiu de US$ 4,93 para US$ 6,28, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nas contas do IBGE, o preço de calçados teve um incremento de 8,74% nos últimos 12 meses encerrados em setembro.

O preço médio do brinquedo chinês também subiu, como notou Eneide. O valor passou de US$ 1,21 para US$ 1,46 no mesmo intervalo.

Parte desse aumento teve a ver com o governo nacional, que em dezembro aumentou de 20% para 35% a tarifa de importação, afim de proteger o fabricante nacional. Mesmo assim, as importações cresceram 38%.
 
Sabão e material de limpeza, cujas compras feitas pelo Brasil da China subiram 61%, também estão custando mais. Foram importados a US$ 2,05 por quilo de janeiro a setembro do ano passado. Este ano, no mesmo período, o preço passou para US$ 2,37.

Transmissão

"O salário na China está subindo e os custos estão aumentando", diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "As empresas chinesas têm que repassar esses custos maiores, é possível que estejamos trazendo um pouco de inflação de lá para cá", avalia ele.

"Mas quando conversamos com algumas empresas, vemos que houve aumento. Mesmo assim, o preço chinês ainda continua muito mais vantajoso em relação ao nacional", acrescenta.

Outro canal de transmissão da inflação da China para o Brasil são os insumos utilizados pela indústria nacional. O empresário nacional, segundo Castro, é quem vai decidir se repassa ou não esses custos maiores para o consumidor.

Pelo sim, pelo não, a arquiteta Ciane Gualberto Feitosa Soares, 56, evita produtos "made in China". "Uma vez fui comprar cobertor e me ofereceram um da China", diz ela. "Li no jornal que a China também está na crise e que isso vai afetar o Brasil. Então, comprei um nacional, um pouco mais caro, para ajudar."


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Empresa americana sem registro pode receber multa recorde por vender seguro de vida no Brasil

Nielmar de Oliveira*
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Superintendência de Seguros Privados, (Susep), órgão que regula o setor de seguros no Brasil, iniciou um processo contra a empresa americana National Western Life que poderá resultar em uma multa recorde de R$ 11 bilhões.

A empresa, que tem sede no Texas, pode ter que pagar a multa por vender, sem a autorização da Susep, seguros de vida no Brasil. “Nós estamos em um processo de intimação dessa empresa nos Estados Unidos. Ela terá amplo direito à defesa, ao contraditório, e os argumentos da companhia serão analisados no âmbito da autarquia. Só depois teremos uma decisão definitiva em relação à condenação”, explicou o superintendente.

Portal informou à Agência Brasil que, paralelamente à questão da aplicação da multa, a Susep estuda a possibilidade de entrar com uma ação na Justiça para que a seguradora suspenda as atividades no país. “Estamos avaliando a propositura de uma ação para que obtenhamos uma decisão que impeça a continuidade da atuação da empresa.”

“No caso dessa multa de R$ 11 bilhões [que pode ser aplicada] à seguradora norte-americana, foi a primeira autuação que fizemos nesse nicho de empresas estrangeiras. É a primeira na história da Susep e, sem dúvida, [será] a maior multa já aplicada pela Susep”, destacou ele.

De acordo com Portal, a superintendência tomou conhecimento do caso há alguns anos, por meio de processos judicias movidos por consumidores que não tiveram seus contratos honrados. “Tivemos acesso aos dados e começamos a investigar o caso. Esses consumidores, inclusive, tiveram que ingressar na Justiça americana para ter seus direitos atendidos, uma vez que a Justiça brasileira admitiu como válida a citação de um representante comercial, mas a Justiça americana não aceitou.”

Segundo ele, com isso, o processo teve de recomeçar do zero na Justiça dos Estados Unidos. “Foi acompanhando esse assunto que chegamos ao auto de infração”, contou.

O superintendente lembrou que, normalmente, há a prática de estelionato associada à atuação irregular dessa empresas. “Essas cooperativas que atuam aqui no Brasil são criadas com o propósito de enriquecimento ilícito. Alguns anos após a abertura da empresa, depois de captar recurso da economia popular, a gente verifica que elas fecham as portas e abrem outra empresa com objetivo similar e com outra denominação.”

Portal aconselha o consumidor a fazer negócios com empresas habilitadas a atuar na área. “Contratando empresas sem autorização, o consumidor, muito provavelmente, será lesado. Existe uma chance muito grande de que isso aconteça, seja porque essas empresas propositalmente não honrarão com seus contratos, seja porque, em algum momento, a Susep aplicará sanções pecuniárias pesadas e elas acabarão tendo um desequilíbrio econômico que acarretará prejuízo ao consumidor”, disse.

*Colaborou Cristiane Ribeiro // Edição: Juliana Andrade