sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Transferência mundial de ativos do Santander é questionada

Por  Sara Schaefer Munõz e David Enrich

O Banco Santander SA afirma frequentemente que não fica circulando dinheiro entre suas subsidiárias, uma declaração com objetivo de tranquilizar investidores de que o banco espanhol não vai rastrear suas subsidiárias em busca de dinheiro numa emergência. 

O banco tem "um modelo de subsidiárias que são autônomas em captação de recursos e capital", disse o presidente do conselho, Emilio Botín, num discurso nesta cidade no mês passado. No mesmo dia, o diretor-presidente do Santander fez uma apresentação de slides que dizia: "Cada subsidiária é responsável por suas próprias necessidades de capitalização e captação de recursos... os recursos não cruzam fronteiras." 

Mas um exame do relacionamento financeiro entre o Santander e sua subsidiária britânica, Santander U.K. PLC, mostra que bilhões de euros foram transferidos entre a controladora e sua subsidiária nos últimos anos. Boa parte da atividade foi canalizada por meio de uma unidade pouco conhecida do Santander U.K., a Abbey National Treasury Services PLC. 

Informes às autoridades mostram que a subsidiária britânica fornece atualmente um total de mais de 2 bilhões de libras (US$ 3,15 bilhões) em fundos para a empresa controladora em Madri. A controladora abriga o negócio do banco na Espanha, que sofreu prejuízos associados à crise econômica do país. 

Também há arranjos de captação de recursos entre o banco controlador e suas subsidiárias no Brasil e nos Estados Unidos. Em 2009, depois que a subsidiária brasileira do Santander emitiu ações ao público, a controladora espanhola usou 1,49 bilhão de euros da receita para reforçar suas reservas gerais para cobrir, entre outras coisas, prejuízos com ativos espanhóis, de acordo com informes públicos. 

Os montantes são pequenos para um banco como o Santander, que tem um balanço de 1,23 trilhão de euros. E também não é incomum que um banco global transfira fundos entre suas unidades, desde que os colchões de capital continuem adequados e que haja transparência. 

Ainda assim, quando informados sobre as transações, alguns analistas disseram que elas aparentam contradizer as frequentes declarações do Santander sobre a independência de suas unidades. E os analistas dizem que as transações levantam questões sobre como o Santander será afetado por regulamentações propostas na Grã-Bretanha que restringirão o movimento de fundos entre empresas diferentes. 

"Tem havido uma quantia significativa de livre movimento de fundos dentro do grupo Santander no passado recente", disse Alastair Ryan, um analista do UBS AG., quando informado das transações. Como resultado desse movimento, as futuras regulamentações britânicas "seriam uma questão significativa" para o banco, disse. 

A mobilidade dos fundos bancários está assumindo uma importância maior em meio à crescente crise financeira da Europa. Muitos investidores e autoridades estão ansiosos quanto à capacidade dos bancos na Espanha e outros países de captar os fundos de que precisam para financiar suas operações cotidianas. Autoridades temem que bancos possam tirar fundos de subsidiárias estrangeiras, deixando-as com dificuldades de caixa. 

No Reino Unido, a Autoridade dos Serviços Financeiros (FSA na sigla em inglês) manifestaram preocupação ao Santander U.K. sobre seu relacionamento em termos de captações com a controladora, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. As autoridades querem assegurar que, se a controladora espanhola enfrentar dificuldades, não irá arrastar junto com ela a subsidiária britânica, dizem essas pessoas. 

Parcialmente como resultado dessas preocupações, a autoridade reguladora britânica exigiu nos últimos 18 meses que o Santander U.K. reforce seu colchão de liquidez e ponha em ação os planos de transformar o Santander U.K. numa empresa totalmente independente, com ações em bolsa, dizem essas pessoas. 

Executivos do Santander dizem que todos os bancos britânicos estão sendo forçados a aumentar seu estoque de liquidez e que as autoridades da FSA não confrontaram a empresa sobre suas atividades de captação de recursos. "Autoridades britânicas não manifestaram a nós preocupações sobre isso", disse o diretor financeiro do banco, José Antonio Álvarez . Uma porta-foz da FSA não quis comentar.

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A importância e os desafios das MPEs

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

Levantamento do IBGE mostra que micro e pequenas empresas representavam em 2009 um percentual de 98,3% do total de empresas e outras organizações legalmente constituídas no país. O período de crises econômicas experimentado pela economia brasileira, a partir do final dos anos 70, gerou o aumento da taxa de desemprego e a elevação do nível de informalidade, contribuindo assim para o surgimento de um grande número de pequenos negócios. Por sua vez, o grande volume desses “micronegócios” criou a necessidade de estabelecimento de legislação específica que tivesse a finalidade de facilitar a assistência e a formalização desses pequenos empreendimentos.

Verifica-se que a importância das MPEs é decorrente, tanto do grande volume de produtos e serviços por elas produzidos e comercializados, como pelo grande número de empregos por elas gerados. Em 2009, micro e pequenas empresas eram responsáveis por 39,4% dos empregos formais no País. Dessa forma, elas podem ser vistas como uma espécie de amortecedor do desemprego.

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Ainda em relação ao mercado de trabalho, as MPEs representam uma opção de ocupação para uma significativa parcela da população, que possui condição de desenvolver seu próprio negócio, e garantem ainda uma oportunidade de emprego formal ou informal para uma mão-de-obra excedente, em geral com pouca qualificação, que não encontra emprego nas empresas maiores.

Apesar da grande importância das MPEs para a economia brasileira, alguns problemas presentes no cotidiano desses pequenos negócios ainda precisam ser superados. Dentre os principais problemas é essencial citar a elevada taxa de mortalidade, o gerenciamento financeiro amador, a baixa qualificação da mão-de-obra, a assimetria de informações e a pouca disponibilidade de capital de giro próprio.

A solução dos problemas apontados não é fácil e passa pelo envolvimento do Estado e de outras instituições que atuam com foco no fortalecimento do segmento MPE. Neste sentido, observa-se que o SEBRAE desenvolve um papel diferenciado e pode ser utilizado de forma mais intensa. No entanto, o papel principal cabe ao Estado compreendendo desde a qualificação da mão-de-obra e dos próprios dirigentes até a disponibilização de programas e linhas de crédito mais acessíveis por meio de bancos vinculados ao governo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas

Por LAURE BURKITT, de Pequim
The Wall Street Journal

O Wal-Mart Stores Inc. anunciou que o diretor-presidente de suas operações na China e a vice-presidente sênior de recursos humanos naquele país deixaram a empresa, que está sofrendo desafios regulatórios sem precedentes num importante mercado de crescimento. 

Ed Chan, que era diretor-superintendente e diretor-presidente da Wal-Mart da China desde 2006, saiu da empresa na segunda-feira por motivos pessoais, disse um comunicado da empresa. 

Clara Wong, vice-presidente sênior de recursos humanos da Wal-Mart da China, também deixou a empresa. 

Scott Price, diretor-superintendente e diretor-presidente da Wal-Mart da Ásia, foi escolhido para atuar como presidente interino do Wal-Mart da China. Price vai acumular seus cargos na divisão da Ásia, disse Anthony Rose, um porta-voz do Wal-Mart. Ele não fez comentários adicionais. 

A troca no topo é a mais recente de mudanças na direção da operação chinesa do Wal-Mart. Em maio, o diretor financeiro e o diretor operacional na China pediram demissão. 

Na semana passada, a empresa americana, que tem sede em Bentonville, Arkansas, informou que dois funcionários do Wal-Mart foram presos e 35 outros foram detidos na metrópole chinesa de Chongqing devido a alegações do governo municipal de que a varejista rotulou fraudulentamente a carne de porco comum como sendo um tipo mais caro de carne de porco orgânica. 

Na quarta-feira, um porta-voz do governo de Chongqing citou um relatório no jornal oficial da cidade que dizia que, dos 35 detidos, 25 ainda estavam em detenção, o que significa que as autoridades terão que libertá-los ou acusá-los formalmente nos próximos dias. Sete outras pessoas estavam em prisão domiciliar e três haviam sido libertadas mediante fiança. 

O Wal-Mart já informou que está cooperando com as investigações em curso. A rede fechou temporariamente 13 de suas lojas em Chongqing depois que o governo ordenou que elas fossem fechadas por 15 dias e multou o Wal-Mart em 3,65 milhões de iuanes (cerca de US$ 575.000). Autoridades de Chongqing alegaram que a empresa vendia carne de porco rotulada enganosamente há dois anos. 

O Wal-Mart havia anunciado em março que teve um faturamento de US$ 7,5 bilhões no ano passado em suas 328 lojas na China então em operação, número que subiu para quase 350.


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