quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Bancos dos EUA demolem casas de inadimplentes

Sílvio Guedes Crespo 
Matéria publicada em http://blogs.estadao.com.br


A crise do mercado imobiliário americano gerou uma situação ao mesmo tempo dramática e curiosa. Primeiro, milhões de pessoas tiveram que sair de suas casas hipotecadas porque não conseguiram pagar dívidas. Só no ano passado, houve 1,05 milhão de hipotecas executadas

Agora, como o mercado imobiliário continua fraco, os bancos que ficaram com esses imóveis estão pagando para se livrar deles. “Pagando”, literalmente, porque eles destinam US$ 7,5 mil em média para demolir cada moradia e, em seguida, doam os imóveis a entidades sem fins lucrativos chamadas de “land banks”, que têm a missão de encontrar uma nova função para o endereço, como mostra uma reportagem do “Washington Post“. 

Isso está acontecendo porque o mercado imobiliário ainda não se recuperou e, para os bancos, não vale a pena pagar os impostos e a manutenção dos imóveis vazios. Além do aspecto econômico, a doação dos imóveis é também um trabalho de relações públicas. 

“É ótimo que a gente possa ajudar organizações sem fins lucrativos, ajudar bairros e famílias. [...] Mas é preciso também que faça sentido como negócio”, disse ao “WP” um executivo do banco Wells Fargo, que já doou 300 imóveis no ano passado e deve passar para frente mais mil endereços em todo o ano de 2011. 

Por “ajudar famílias”, ele se refere à decisão de doar as moradias para outras finalidades, o que valoriza os imóveis do entorno. Enquanto elas estão abandonadas, pressionam o preço dos demais imóveis da região para baixo. 

Os “land banks”, que recebem os imóveis, se encarregam de vender a preço baixo para igrejas, hospitais e outras organizações. Em alguns casos, simplesmente transformam o terreno em um jardim. 

“O que era um ímã para roedores, vândalos e mendigos agora virou um lote vazio, cheio de potencial”, disse o “Post”, sobre a demolição de um prédio residencial em East Cleveland (Ohio).

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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Documentário mostra novo ângulo das relações sino-norte-americanas

Por Zhu Wenjun
Matéria publicada em http://portuguese.cri.cn

Em um mundo onde produtos "Made in China" estão por todo o lado, como uma família norte-americana comum pode viver no dia-a-dia sem usar nenhum produto chinês? Este é o tema que o documentário Natal sem China pretende tratar para mostrar, sob novo ângulo, as relações sino-norte-americanas. A família Jones, do Estado de Califórnia, concordou em participar do desafio. 

Tessa Jones, de cinco anos de idade, está jogando fora, junto com seu pai, Tim, e mãe, Evelyn, todos os artigos com a etiqueta "Made in China" que havia na casa. Neste filme que dura cerca de uma hora, o diretor Tom Xia, descendente chinês com nacionalidade norte-americana, pediu a essa família vizinha que tentasse passar o Natal absolutamente sem produtos chineses. 

Qual foi o resultado? Os Jones gastaram cerca de US$ 160 para comprar uma árvore de Natal produzida no México, não conseguiram achar lâmpadas decorativas e tiveram que deixar de jogar videogames durante as férias. Quando a família estava no supermercado e viu produtos tão variados, a dona de casa Evelyn ficou espantada. 

"Isso realmente me choca. Nada aqui é produzido por nós norte-americanos. Em que posição os Estados Unidos estão no mundo econômico de hoje?" 

Quando Tom Xia imigrou aos Estados Unidos com toda a família em 1992, tinha apenas oito anos de idade. Ele sempre se mostra orgulhoso por ser um descendente chinês. Em 2007, a Mattel, produtora norte-americana de brinquedos, fez o recall de todos os produtos fabricados na China devido à falha de qualidade. Isso causou fortes impactos negativos à reputação internacional da China. Foi justamente isso que levou Tom a decidir fazer o documentário. 

"Ao comentar o assunto, veículos de imprensa norte-americanos não falaram nada sobre o problema que a própria Mattel tinha. Eles não pararam de criticar a China, sem levar em consideração que aqueles brinquedos eram também produtos da Mattel." 

Enfim, o problema na maioria dos produtos foi causado por falha no desenho, não pela qualidade de produção. Como a maior parte dos norte-americanos toma conhecimentos sobre a China através da mídia local, Tom Xia sentiu a responsabilidade de fazer algo para que a população norte-americana conhecesse de forma mais abrangente e objetiva o país asiático. 

"De forma geral, documentários ou programas televisivos costumam exibir a relação sino-norte-americana a partir de um ponto de vista sério e crítico. Se adotarmos uma maneira bem humorada, a sensação será completamente nova. Nós queremos aliviar a tensão existente entre os dois países desse jeito. E tentamos explicar ao mundo que temos o mesmo apelo quando a questão está ligada a nós mesmos e às crianças, apesar de falarmos diferentes idiomas." 

Segundo Alicia Dwyer, produtora do filme, a intenção é buscar soluções aos problemas existentes nas relações sino-norte-americanas, que enfrentam tensão de vez em quanto. O filme também quer ajudar a mostrar a fundo o lado ridículo desta nossa época e o temor que os norte-americanos tem de ver a China crescendo. Além disso, Tom Xia disse esperar que os espectadores possam dar mais atenção às estreitas ligações entre a China os Estados Unidos. 

No final do documentário, Evelyn disse que estava pensando em colocar o filho dela para estudar Chinês. Para Tom, a filmagem do documentário deu uma oportunidade de revisar sua "identidade dupla", como um descendente chinês com nacionalidade americana.

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