domingo, 12 de fevereiro de 2012

Nos EUA, bancos pagam para devedores venderem casas

Sílvio Guedes Crespo
Matéria publicada no Blog Radar Econômico



A economia dos Estados Unidos já está produzindo mais do que em 2007, antes da crise, e também teve uma leve melhora no mercado de trabalho nos últimos meses. Mas o setor imobiliário, que gerou a bolha americana, ainda vai muito mal. 

Isso pode ser constatado de longe, em indicadores como preço de moradias, em queda livre desde 2006, ou de perto, observando as mais inusitadas tentativas dos bancos de se livrarem desse problema. 

A mais recente bizarrice foi noticiada pelo site CNN Money nesta sexta-feira. Os bancos estão pagando para que seus devedores vendam rápido suas casas. Assim, as instituiçoes financeiras recuperam pelo menos parte do que haviam emprestado. Em alguns casos, elas oferecem até US$ 35 mil para os inadimplentes. 

O dinheiro é ofertado a pessoas cuja dívida vale mais do que a própria casa. Em situações normais, o banco tomaria a casa dos devedores. No entanto, durante a atual crise os inadimplentes aprenderam diversas formas de resistir a isso. Há quatro anos, o processo de execução de hipotecas levava 253 dias; hoje, demora 674, segundo uma pesquisa citada pelo CNN Money. 

Há devedores que conseguem segurar suas casas por mais de três anos sem pagar. Para os bancos, isso representa uma perda considerável, porque, além de demorar para receber o imóvel, ainda precisam pagar as taxas referentes ao tempo em que a residência ficou nas mãos do inadimplente. 

“Para os bancos, executar hipotecas torna-se uma opção cada vez mais difícil e cara”, afirma a reportagem do CNN Money. 

Mesmo depois que conseguem tomar as casas dos devedores, os bancos continuam tendo perdas. No ano passado, o “Washington Post” noticiou que algumas instituições financeiras estavam demolindo as residências, para vender mais rápido. São soluções tão exóticas quanto as operações financeiras feitas a partir de empréstimos imobiliários de alto risco e que em 2008 se revelaram na forma de “ativos tóxicos”

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Tags: crise-imóveis-americana, EUA-queda-preços-imóveis, crise-hipotecas, bolha-imobiliária, bancos

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Há uma bolha imobiliária?

Escrito por Frederico Porto

Muito se debate sobre a existência de uma bolha no mercado imobiliário do Brasil. Em geral, as bolhas imobiliárias surgem em economias onde há ambiente permanente de juros baixos. Nada mais distante da realidade brasileira. Apesar dos cortes na Selic, a taxa de juros real ainda é das mais altas do mundo, e os percentuais praticados pelo mercado são muito superiores aos observados em países que passaram por esse processo de valorização insustentável do preço dos imóveis. 

Outra característica de mercados suscetíveis à formação de bolhas é a atuação intensa de "flippers", ou seja, investidores que alocam recursos para o mercado imobiliário objetivando um lucro rápido. Eles exploram o setor como alternativa ao mercado de capitais ou como uma fonte de investimento meramente especulativo. Essa atividade aumenta artificialmente o valor do imóvel com o consequente desequilíbrio entre oferta e demanda. 

Em que pese o argumento de que certos compradores de imóveis na planta possam estar especulando, vale notar que a natureza desse tipo de financiamento no Brasil é muito distinta de mercados como o americano pré-crise de 2008. Aqui, via sinal e parcelas mensais, o comprador capitaliza por vezes até 30% do valor do imóvel antes da entrega. Lá, compradores na planta investiam valores muito menores. Muitas vezes, sequer pagavam pela opção do direito de compra. E, quando da entrega do empreendimento, caso houvesse redução do valor de mercado do imóvel, muitos não exerciam a opção de compra, aumentando a oferta de imóveis no mercado. 

Outro aspecto que se observa é a ausência de produtos no mercado de crédito imobiliário brasileiro, onde o devedor possa financiar mais do que o valor de mercado do imóvel, pagar apenas a parcela referente aos juros da parcela (amortização negativa) ou/e obter crédito sem apresentação de documentação comprobatória de renda. Além disso, o arcabouço regulatório brasileiro é menos fragmentado que o americano. O BC regula e fiscaliza as entidades que concedem crédito imobiliário, diferentemente dos Estados Unidos, onde uma sistemática regulatória complexa possibilitava a existência dos chamados "bancos sombra", que concediam créditos sem avaliação devida da capacidade de pagamento do contratante, e operavam alheios à supervisão do regulador. 

No que tange ao mercado de securitização, nota-se que as estruturas existentes no mercado brasileiro não atingiram a complexidade dos instrumentos mobiliários dos Estados Unidos. As estruturas dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) brasileiros (sênior/subordinado, por exemplo) são claras e chegam a ser consideradas até mesmo pueris quando comparadas aos instrumentos de seguro mobiliário ("monoliners") e as complexas estruturas de "collateralized debt obligations" (CDOs), que contavam com mais de 50 séries e títulos respaldando uma única emissão, fato que inviabilizava uma precificação adequada do instrumento. 

Nota-se ainda que, embora o mercado de capitais brasileiro esteja evoluindo como instrumento de financiamento da produção imobiliária (vide o sucesso e popularização dos fundos imobiliários), não há o excesso de liquidez que provocou desequilíbrio nos mercados financeiro-imobiliário europeu e americano. 

Nesse sentido, dados de abril de 2011 do Banco Central do Brasil indicam que a porcentagem do mercado de crédito imobiliário em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) é de menos de 5%, muito inferior do que mercados como o espanhol (61%) e americano (70%). Mesmo crescendo, a disponibilidade do crédito imobiliário no Brasil seguirá sendo, por algum tempo, muito pequena quando comparada a outros países. 

Houve um inegável aumento nos preços dos imóveis, em especial nos maiores centros metropolitanos, como Rio de Janeiro e São Paulo. Aí reside a suspeita da existência de uma bolha. Todavia, em vez de especulativa, tal valorização reflete o crescimento e estabilização da economia brasileira, o gatilho da chamada janela demográfica e o crescimento da capacidade de consumo e tomada de crédito de uma parcela considerável da população, que até então estava alheia ao mercado financeiro-imobiliário. Além disso, a inflação, embora estável, ainda impacta no mercado da construção civil com aumentos nos custo da matéria prima e mão de obra. 

Sabe-se que as bolhas especulativas são inerentes ao capitalismo e infelizmente sua identificação normalmente ocorra apenas com o benefício da retrospectiva. Embora não se observe sinais de que o mercado brasileiro esteja sob a égide de um processo especulativo, é importante que haja instrumentos para avaliação quantitativa da evolução dos preços dos imóveis para que reguladores, autoridade monetária e demais participantes do mercado financeiro-imobiliário monitorem a apreciação dos ativos imobiliários e enderecem os excessos adequadamente. 

Os índices hoje existentes no Brasil muitas vezes refletem os preços de venda ofertados (ou pedidos) por construtoras e corretores imobiliários, carecendo de uma metodologia que corroborem uma análise robusta e precisa. Um bom exemplo seria a adoção de um índice semelhante ao Case-Shiller Index dos Estados Unidos, com metodologia de âmbito nacional, porém representando a oscilação de preço em milhares de localidades, respeitadas as peculiaridades de cada região. Tal índice é alimentado por todos os participantes do mercado financeiro-imobiliário americano e reflete operações efetivamente realizadas em uma determinada área ou cidade. Naturalmente, a mera existência de tal índice não significa uma proteção contra processo especulativo, como se depreende da própria experiência americana. Porém, a existência de instrumentos e réguas adicionais permitirá que se aprenda com os erros e eventualmente mitigando, ou mesmo evitando, um processo especulativo no Brasil. 

Frederico Porto é executivo da BFRE-Brazilian Finance & Real Estate. Graduado em direito pela PUC-SP, mestrado na University of Pennsylvania Law School.

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Gabrielli deixa para trás uma Petrobras transformada

Por MICHAEL J. CASEY
Matéria publicada no The Wall Street Journal

Depois de quase sete anos à frente da Petróleo Brasileiro SA, José Sergio Gabrielli vai deixar em breve a estatal, uma gigante petrolífera que, sob a sua liderança, aumentou enormemente a produção brasileira e criou um novo modelo de exploração e produção. 

Com sua arrojada incursão na perfuração em águas ultra-profundas dando altos dividendos, a Petrobras ofereceu algo que seu executivo principal, que este mês será oficialmente desligado da empresa para assumir uma secretaria no governo da Bahia, descreve como uma "visão de como as petrolíferas podem crescer no futuro". A empresa também provavelmente vai colocar o Brasil no ranking dos principais países exportadores de petróleo. E como sua produção de gás natural deve aumentar, é provável que também alcance a tão cobiçada auto-suficiência de combustíveis para uma população de 195 milhões de habitantes. 

Respondendo por quase um quarto de todos os poços mundiais em águas de mais de 400 metros de profundidade, a Petrobras domina essa "nova fronteira" da produção petrolífera, disse Gabrielli em uma entrevista recente. Agora, seguindo sua liderança, outras empresas de prospecção estão perfurando em locais de águas profundas na costa ocidental da África, no Caribe colombiano, ao sul de Portugal, no Golfo do México e no Mar do Norte. 

Ao contrário de outras estatais do setor, como a venezuelana PDVSA, que encontra dificuldades de produção, a Petrobras costuma ser aplaudida pelas firmas de Wall Street, apesar de que o governo brasileiro, que detém 56% do capital votante, nomeia tanto o presidente do conselho como o executivo principal. 

Mas Gabrielli também deixa a Petrobras com desafios a enfrentar. Ela precisa investir a estoteante soma de US$ 225 bilhões nesta década a fim de quadruplicar sua produção em águas profundas e aumentar a distribuição em terra e sua capacidade no setor de refino e comercialização de combustíveis. O programa inclui alguns projetos monumentais em alto mar, como um terminal petroleiro flutuante e uma usina de liquefação de gás. Tudo isso faz parte do plano para mais que dobrar a produção brasileira de petróleo e gás, para 6.000 mil barris de óleo equivalente (BOE) diários. 

O programa prevê que o Brasil, que se tornou exportador líquido de petróleo em 2009, se torne também auto-suficiente em gás. A produção doméstica de gás deve aumentar de 40 milhões de metros cúbicos por dia para 70 milhões de metros cúbicos em 2014, superando o consumo atual de 50 milhões de metros cúbicos e permitindo que o Brasil dependa menos das importações da Bolívia. 

Até US$ 149 bilhões dos fundos necessários virão de lucros futuros, disse Gabrielli, citando o balanço de caixa da empresa do final de 2011, de US$ 26 bilhões, como um indicador positivo. Outros US$ 13,6 bilhões virão da venda de ativos de produção e exploração na Ásia, participações minoritárias em ativos não centrais e de direitos a alguns recebíveis. Para o restante, a empresa vai recorrer a instituições de crédito, tanto credores privados como o banco de desenvolvimento BNDES. 

Essas projeções se baseiam em preços médios de longo prazo do petróleo cru entre US$ 85 e US$ 95 o barril — um preço hipotético que está abaixo da previsão real da empresa, segundo a qual os preços vão oscilar, de modo volátil, em uma faixa entre US$ 105 e US$ 125 no futuro previsível. A base dessas projeções de preços, disse Gabrielli, é a crescente demanda de milhões de consumidores de mercados emergentes, bem como as compras especulativas estimuladas pela política monetária permissiva do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, e o Banco Central Europeu. 

Quanto à atual diretora da Petrobras para gás e energia, Maria das Graças Foster, nomeada pelo ministro das Finanças, Guido Mantega, como sucessora de Gabrielli, o executivo estima que ela seguirá a sua fórmula. "Ela é membro do conselho há quatro anos e está na empresa há mais de 40 anos", disse ele. "Ela está bem alinhada com o planejamento estratégico. Não prevejo grandes alterações para a empresa."

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Brasil apresenta os piores resultados em retorno de serviços públicos à população pelo 2º ano consecutivo, aponta IBPT

Matéria publicada no Portal Fator Brasil

O estudo do IBPT foi realizado com 30 países de maior carga tributária, onde o Brasil figura na última posição. 


Mesmo com a alta carga tributária de 35,13% em relação ao PIB e a arrecadação de impostos ultrapassando a marca de R$1,5 trilhão em 2011, o Brasil continua não aplicando de forma adequada os valores arrecadados em serviços públicos à população, para a melhoria da qualidade de vida. É o que revela o “Estudo sobre Carga Tributária/PIB X IDH” concluído pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT, no último dia 16 de janeiro. Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil aparece na última posição entre os 30 países que registram maior carga tributária em todo o mundo. 

Para chegar a essa conclusão, o Instituto criou o Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (IRBES), resultado da somatória da carga tributária segundo a tabela da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de 2010 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com a previsão do índice final para o ano de 2011. Quanto maior o valor do IRBES, melhor é o retorno da arrecadação dos tributos para a população. 

A Austrália lidera o ranking, sendo o país que melhor retorna os recursos arrecadados para o bem estar da população, seguida pelos EUA, que caiu para a segunda posição em relação ao ano passado, e a Coreia do Sul. Já o Japão e Irlanda, que ocuparam, respectivamente, as 2 e 3ª posições na pesquisa anterior, caíram para 4º e 5º lugar no ranking de 2012. 

”O Brasil, com arrecadação altíssima e péssimo retorno desses valores à população em serviços como segurança, educação e saúde, fica atrás, inclusive, de países da América do Sul, como Uruguai, na 13ª posição e Argentina, na 16ª colocação”, relata o presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike, que coordenou o estudo. 

Quadro ranking final dos 30 países pesquisados e o IRBES: 


20 anos do IBPT-Ao comemorar os seus 20 anos de existencia e atuação, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT, firma-se como o maior e mais representativo Instituto brasileiro no segmento de análises, interpretações e divulgação dos temas tributários no Brasil. Pioneiro na análise da conjuntura econômica, tributária e social do País, este ano, o IBPT desenvolverá diversas ferramentas voltadas ao esclarecimento das questões tributárias aos contribuintes. Sendo que uma delas será lançada no próximo mês de fevereiro: o Impostopédia, que é o maior dicionário livre de tributação e finanças públicas. 

São estudos já tradicionais do IBPT: Carga Tributária, Dias Trabalhados para Pagar Tributos, Quantidade de Normas, Observatório de Governança Tributária, Sonegação Fiscal, Parcelamentos e Dívida dos Contribuintes.

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Imobiliárias estrangeiras expandem na Paraíba

Somente no ano passado, duas das maiores imobiliárias do mundo, Century 21 e Remax, tiveram franquias abertas em João Pessoa.

Natália Xavier
Jornal da Paraíba

O mercado imobiliário paraibano está mesmo atrativo. Uma das provas disto, além do boom da construção civil no Estado, é a chegada de franquias de imobiliárias internacionais à Paraíba. 

Somente no ano passado, duas das maiores imobiliárias do mundo, Century 21 e Remax, tiveram franquias abertas em João Pessoa. O sucesso foi tão grande que os empresários responsáveis pelas franquias já planejam expansão, com a abertura de novas unidades no Estado. 

Se por um lado o mercado de venda de imóveis mostra-se atrativo para a instalação de novas empresas, por outro, a chegada destas empresas aumenta a concorrência no setor, o que é bom para o consumidor, que ganha com qualidade e mais opções para fechar negócios. 

Para o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis da Paraíba, Jarbas Araújo, a abertura de franquias que seguem padrões de empresas internacionais potencializa o mercado imobiliário da Paraíba, que já possui empresas locais com alto nível de qualidade. “Empresas como estas estão sempre em busca da melhoria de qualificação e isto é muito bom para o mercado. Os corretores passam a se preocupar mais com capacitação”, diz. 

Para o diretor da franquia da Remax na Paraíba, Henrique Costa, além de mexer com a qualificação dos profissionais no mercado, os consumidores podem ficar mais tranquilos com relação à qualidade dos serviços oferecidos. “Aqui só temos profissionais capacitados e, com isto, os corretores que trabalham em outras empresas ou por conta própria também vão em busca de mais qualificação. A chegada da Remax na Paraíba veio ajudar também na busca de qualificação pelos profissionais que já atuavam na área”, acredita.

Segundo Henrique Costa, que é português e mora na Paraíba há alguns anos, neste ano está programada a abertura de quatro novas unidades da Remax em João Pessoa. “A Remax é uma marca de sucesso no mundo inteiro. Estamos em João Pessoa há apenas seis meses, mas já vamos começar a expansão da marca. 

Um dos diferenciais da empresa para o consumidor é que aqui só negociamos imóveis totalmente regularizados e com a documentação completa”, ressaltou. 

Outra franquia de imobiliária internacional que também já tem sua fatia no mercado paraibano é a Century 21. Há menos de um ano na Paraíba e chefiada por dois paraibanos que se associaram a um casal de americanos, a empresa já recebeu prêmios por faturamento e por velocidade de vendas no ano passado. Para este ano, o plano já é abrir três novas unidades na Paraíba, sendo uma em João Pessoa, uma em Campina Grande e uma em Guarabira. 

Um dos diretores da empresa, o empresário paraibano Eduardo Gadelha, que já possuía uma imobiliária na Paraíba, mas há seis meses fundiu a marca com a Century 21, revelou que, seguindo padrões internacionais, o faturamento da imobiliária aumentou. “Com a Century 21 ganhamos mais visibilidade no mundo inteiro e vimos o nosso faturamento crescer cerca de 200%”, revelou. 

Para o tecnólogo em negócios imobiliários e corretor de imóveis Fábio Henriques, a concorrência trazida pela chegada e pela expansão destas duas multinacionais na Paraíba, será benéfica para o mercado. “Normalmente, os estrangeiros são mais perfeccionistas e exigentes e isto fará com que o nível de competitividade do mercado cresça. Se estas franquias se instalaram em João Pessoa é porque já deram certo em outros países”, comentou. 

Segundo Henriques, o motivo da abertura de franquias de duas das maiores imobiliárias do mundo na Paraíba está relacionado também “ao bom momento do mercado imobiliário. João Pessoa é um dos mercados imobiliários emergentes promissores do país”, ressaltou.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Quatro das dez maiores empresas do mundo são estatais

Sílvio Guedes Crespo
Matéria publicada no Blog Radar Econômico



Quando a respeitada revista “The Economist” não consegue mais do que lamentar o avanço do capitalismo de Estado, podemos suspeitar que o livre mercado esteja, de fato, ameaçado. 

Com o revolucionário russo Vladimir Ilitch Lenin na capa da sua atual edição, o semanário mostra o avanço, mundo afora, das empresas estatais de países emergentes – e dos governos que as dirigem. Em seguida, expõe os principais problemas desse modelo e afirma que ele tende a ruir no longo prazo. Mas o fato é que, com todas as suas distorções, esse modelo está ganhando espaço justamente por causa da crise dos países onde reina o livre mercado. 

Poder do Estado 

A revista apresenta alguns dados que mostram o poder do capitalismo de Estado: 


- Das dez empresas de capital aberto do mundo que mais faturam, quatro são estatais: as chinesas Sinopec, Corporação Nacional de Petróleo da China e State Grid e a japonesa Japan Post (veja abaixo reprodução de gráfico publicado na revista); 

- As dez maiores empresas de petróleo e gás do mundo, medidas pelo tamanho das reservas, são estatais; 

- Juntas, as companhias controladas pelo Estado têm um valor de mercado correspondente a 80% do mercado de ações chinês, 62% do russo 38% do brasileiro, considerando o índice de ações MSCI, calculado pelo banco Morgan Stanley; 

- Dos investimentos estrangeiros diretos em países emergentes previstos para 2012 e 2013, um terço tende a ir para empresas estatais. 


E o avanço do Estado em territórios tradicionalmente liberais não para. No dia em que a “Economist” publica essa reportagem, a rede pública de TV britânica informa que o Fundo Soberano da China comprou 9% da Thames Water, a maior empresa de tratamento e fornecimento de água do Reino Unido. 

Fraquezas do novo modelo 

É mais do que sabido que o capital estatal é menos eficiente que o privado. Mesmo assim, a “Economist” reforça esse argumento, explicando que as estatais costumam crescer mais devagar do que as empresas privadas e seus custos tendem a aumentar mais rapidamente. Acrescenta que o capital público promove menos inovações. 

Mesmo assim, as companhias gigantes controladas pelo Estado, como a Corporação Nacional do Petróleo da China, acabam “roubando” a cena no mercado local, atraindo grandes investimentos e profissionais de talento, sobrando pouco para o setor privado. “Pode levar muitos anos para as fraquezas desse modelo se tornarem óbvias.” 

É verdade. Principalmente enquanto não encontrarmos uma solução razoável para a crise provocada pela radical liberalização (ou desregulamentação) do mercado financeiro – cujas fraquezas, essas sim, já estão mais do que evidentes desde pelo menos 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers. 

A revista espera que, no longo prazo, os problemas do modelo chinês apareçam com força e provoquem a normalização da economia de mercado. “Ao transformar empresas em órgãos do governo, o capitalismo de Estado simultaneamente concentra o poder e gera corrupção. Ele introduz critérios comerciais em decisões políticas e decisões políticas em negociações comerciais.” 

Mas por que esperar que esse modelo entre em colapso num momento em que os países que teoricamente defendem o livre mercado crescem pouco, engalfinham-se em guerra cambial e ameaçam, ainda que veladamente, aumentar o protecionismo comercial?

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Banco do Brasil já desembolsou R$ 162 milhões no Programa ABC

Matéria publicada no Portal Fator Brasil

O programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) tem por objetivos promover a redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas das atividades agropecuárias e contribuir para a diminuição do desmatamento. 

O Banco do Brasil intensificou sua atuação nos financiamentos a atividades rurais sustentáveis nos últimos seis meses. Desde julho de 2011, foram mais de 580 operações contratadas dentro do programa federal Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Para tanto, o BB investiu fortemente na qualificação de técnicos, que foram capacitados, em parceria com o Ministério das Agricultura e a Embrapa, para a elaboração de projetos técnicos do Programa ABC. 

Dono da maior carteira de crédito rural do país e com conhecimento do segmento rural brasileiro, o Banco do Brasil preparou projetos técnicos modulares, específicos para cada região do país, visando acelerar o processo de contratação e atrair mais produtores ao Programa ABC. 

Para o vice-presidente de agronegócios e micro e pequenas empresas do Banco do Brasil, a estratégia é dinamizar o desempenho do Programa ABC “ Mobilizamos nossa equipe técnica, visitamos nossa rede de agências, fizemos reuniões para difundir o Programa ABC entre os produtores. O Banco do Brasil está colocando um financiamento que vai ser, sem nenhuma dúvida, a próxima onda do desenvolvimento de uma agricultura mais produtiva com mais preservação”, afirma Osmar Dias. 

Além de promover a melhoria da competitividade da agricultura brasileira e contribuir para a redução do desmatamento, a linha oferece condições atrativas e favoráveis aos produtores. Os encargos financeiros são de 5,5% ao ano e o prazo de financiamento pode chegar a 180 meses. Os produtores rurais podem financiar até R$ 1 milhão em cada ano-safra, independentemente de outros créditos concedidos ao amparo de recursos controlados do crédito rural. 

O orçamento total do BB para o Programa ABC na safra 2011/12 é de R$ 850 milhões, o Programa apoia projetos destinados a recuperação de áreas degradadas, implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta, implantação e manutenção de florestas comerciais ou à recomposição de reserva legal ou de áreas de preservação permanente, implantação de sistemas orgânicos de produção agropecuária, sistemas de plantio direto "na palha" e de tratamento de dejetos e resíduos.

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Matéria publicada no The Wall Street Journal

Como se podemos descrever um país como a China? 

Em um mundo onde a "desenvolvida" Itália está às voltas com um déficit orçamentário disparado e um governo instável, e a China, considerada "emergente", é a segunda maior economia do mundo, com um produto interno bruto de US$ 6 trilhões, cresce o clamor por uma mudança na forma como os países são classificados. 

Os investidores, em especial, gostariam de ver um mundo onde o prêmio pelo risco se aplica a todas as dívidas soberanas, e não apenas aos mercados rotulados como emergentes. O rendimento dos títulos de dívida com vencimento em 10 anos da "desenvolvida" Grécia já chegou a 32,365% e os de Portugal já passaram de 12,443%, sinalizando temores crescentes de inadimplência. Em contraste, títulos de dívida com vencimento em 2021 do Brasil, país "emergente", estão sendo negociados com um rendimento de 11,47% – e isso diante de uma taxa de juros de referência de 11%, enquanto o juro básico do euro é de apenas 1%. 

Em vista de tais discrepâncias, alguns investidores argumentam que os ativos dos mercados emergentes são, na verdade, "portos seguros". No entanto, a imagem persistente de que os mercados emergentes são ativos de risco pode afetar o panorama das negociações, como ocorreu com a recente queda das suas moedas frente ao dólar. 

"É um absurdo que exista essa linha arbitrária entre uma metade do mundo e a outra", disse Robert Abad, analista de mercados emergentes na Western Asset Management. "Vivemos em mercados globais." 

A questão é como chamar os países agora considerados "emergentes". 

A expressão "mercados emergentes", cunhada em 1981 por Antoine van Agtmael, na época na International Finance Corp, afiliada ao Banco Mundial, já foi uma tentativa de encontrar uma designação menos ofensiva para as nações em rápida industrialização, então conhecidas como "subdesenvolvidas" ou "Terceiro Mundo". 

Os investidores logo adotaram o termo, que lançava uma luz positiva sobre as economias em rápido crescimento da Ásia e da América Latina. Ao mesmo tempo, o termo reconhecia as preocupações com a estabilidade política e a capacidade de decisão política desses governos, especialmente após a crise financeira asiática no final da década de 1990 e as tribulações de vários países latino-americanos durante esse tempo. 

Mas depois da última década de prosperidade e em vista da capacidade desses países de enfrentar a crise do crédito de 2008, o termo perdeu sua utilidade, dizem alguns. 

Segundo várias métricas, como a relação entre a dívida pública e o PIB, ou os índices de crescimento, os países emergentes estão em melhor forma do que o mundo desenvolvido. E nações desenvolvidas como a Grécia e a Itália caíram nas mesmas armadilhas — dívida pública em disparada e gastos extravagantes — que definiam muitas economias emergentes quando o termo foi inventado. 

"O que eu acho ofensiva é a ideia de que esses países subiriam de nível, de alguma forma, e se tornariam economias desenvolvidas", disse Jerome Booth, membro do comitê de investimentos da Ashmore Investment Management Ltd., parte do Ashmore Group PLC, com quase US$ 66 bilhões em ativos de mercados emergentes. "Os países emergentes estão em melhor situação do que os mercados desenvolvidos." 

Ainda assim, Booth disse que gosta do termo "mercados emergentes"; é a categoria dos "desenvolvidos" que precisa de uma renovação. 

Sua sugestão: "Economias velhas, para ser educado; ou então economias em submersão, se quisermos ser exatos". 

Outros sugerem acabar com ambos os conceitos e usar uma expressão ampla, de abrangência geral, como mercados globais, mercados em crescimento ou mercados locais. 

"Estamos em uma economia global, e as estruturas existentes são antigas e precisam mudar", disse Abad. 

Uma definição mais simplista de países devedores e países credores encontra aceitação entre os clientes, disse Robert Stewart, gerente de carteira de clientes do J.P. Morgan Asset Management em Londres. Ele já começou a referir-se ao grupo já existente de países desenvolvidos, muitos dos quais estão altamente endividados, como países devedores, e a mercados emergentes como países credores. 

Tem havido tentativas de, pelo menos, dividir o grupo dos mercados emergentes, para diferenciar entre os países de desempenho mais forte e mais fraco. Em 2001, Brasil, Rússia, Índia e China foram agrupados sob a sigla BRIC e considerados as economias maiores e de mais rápido crescimento. O índice FTSE 100 do Reino Unido tomou um rumo diferente e classificou o resto do mundo em três categorias de mercados — emergentes avançados, emergentes e mercados de fronteira. 

A MSCI Inc., que supervisiona os índices de ações de mercados emergentes, informa que sua classificação de países é baseada nas necessidades dos investidores institucionais internacionais. 

"O fator acessibilidade é extremamente importante", disse Sebastien Lieblich, chefe global de gesto de índices da MSCI Inc., em Genebra. "Para se qualificar como mercado em desenvolvimento, gostaríamos que um país tenha acessibilidade absoluta e abertura à propriedade estrangeira." 

Mas tais argumentos podem tornar-se irrelevantes e o poder vai mudar de cores quando China, Índia, Brasil e México se tornarem as cinco maiores economias do mundo, juntamente com os Estados Unidos, em 2050, segundo previsões da Goldman Sachs.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

GM volta a ser a maior montadora do mundo

Empresa, que havia perdido a liderança para a Toyota em 2008, tem a maior parte dos negócios gerada em países emergentes

Cleide Silva, enviada especial de O Estado de São Paulo

DETROIT - Depois de quase ir a falência e ser salva por ajuda governamental, a General Motors voltou a ser a número um do mundo em vendas, recuperando posto perdido para a Toyota em 2008, após 77 anos na liderança do mercado mundial de automóveis. A marca americana vem ampliando suas vendas, principalmente nos países emergentes, mas a volta ao topo se deve principalmente pelos problemas enfrentados pela concorrente japonesa depois do o terremoto seguido de tsunami ocorrido no início do ano passado. 

Os números oficiais de vendas serão divulgados amanhã, mas as projeções de analistas apontam para vendas perto de 8,5 milhões de veículos em 2011. Ontem, o presidente mundial da GM, Dan Akerson, confirmou a conquista em entrevista a um grupo de jornalistas brasileiros no Salão Internacional do Automóvel, evento que abrirá as portas ao público no sábado. "Somos de novo a maior montadora do mundo, mas ainda temos muito trabalho a ser feito", afirmou o executivo. 

A Toyota também foi ultrapassada pela Volkswagen, que vendeu pouco mais de 8 milhões de veículos e ficou em segundo lugar no ranking. A companhia alemã trabalha fortemente para ser a líder em 2018, quando pretende vender 10 milhões de veículos, sendo 1 milhão no Brasil. 

Segundo Akerson, 60% das vendas da marca ocorreram fora dos Estados Unidos. O país-sede da companhia, que tradicionalmente respondia por metade das vendas, agora participa com cerca de 30%. A maior parcela dos negócios atualmente vem dos países emergentes, especialmente China e Brasil, respectivamente segundo e terceiro maiores mercados para a GM no mundo, com chances de os EUA serem ultrapassado pela China. 

Atualização 

No Brasil, a GM perdeu participação em vendas, e Akerson reconheceu que nos últimos "17 a 19 meses tínhamos uma linha de produtos velhos", mas afirmou que essa situação começou a mudar com os recentes lançamentos do Cobalt e do Cruze. Para este ano, ressaltou, a marca prepara sete novidades, algumas delas inéditas. Akerson confirmou que nos próximos meses a GM vai anunciar novo plano de investimento para o Brasil, dinheiro que será aplicado em novos produtos e modernização das fábricas a partir de 2013. O plano quinquenal atual, de R$ 5 bilhões, se encerra neste ano. 

Outra decisão a ser tomada nos próximos meses e em relação a produção de módulos de transmissão, o que exigiria a ampliação de investimentos na fábrica de motores em Joinville (SC), que inicia operações neste ano. Hoje, 70% das transmissões usadas nos automóveis da marca são produzidas em São José dos Campos (SP) e 30% são importadas da Europa, informou Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul. 

Sobre a medida do governo brasileiro que ampliou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 30 pontos porcentuais para carros importados, Akerson afirmou que muitos países adotam medidas protecionistas e que a GM atua como num jogo de baralho - "jogamos com as cartas que temos nas mãos". A medida foi criticada pelos importadores e, no Brasil vista como um lobby das montadoras locais. O executivo, contudo, afirmou que qualquer medida de proteção "é um problema para o mercado livre".

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Emissão de dívida por empresas brasileiras atrai investidor internacional

Por ROGÉRIO JELMAYER, de São Paulo
Matéria publicada no The Wall Street Journal

A demanda pelos títulos de dívida das maiores empresas brasileiras tem sido forte, já que os investidores internacionais estão com os bolsos recheados depois de seis meses de pouquíssimas emissões, segundo o banco francês BNP Paribas SA. 

"[O interesse] está voltando", disse Rodrigo Fittipaldi, diretor de mercado de capitais do BNP Paribas em São Paulo. "Os investidores começaram 2012 com muita liquidez e buscando boas alternativas." 

Só na primeira semana de 2012 o governo brasileiro, a gigante da mineração Vale SA e o Banco Bradesco S.A. captaram um total de US$ 2,6 bilhões com emissões de títulos de dívida no mercado internacional. 

É uma mudança significativa em relação ao segundo semestre de 2011, quando se agravou a crise de dívida na Europa e muitos investidores preferiram ficar na defensiva, disse Fittipaldi. As empresas brasileiras captaram US$ 38,5 bilhões com emissões de títulos de dívida no exterior em 2011, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima. 

O BNP Paribas ajudou a organizar uma nova emissão de títulos globais de dívida soberana com vencimento em 2021, que captou US$ 825 milhões, mas cuja demanda chegou a US$ 3,5 bilhões. Os títulos foram vendidos com um juro anual de 3,449%, o menor já obtido por um título de dívida soberana do Brasil, e abaixo dos 4,188% obtidos na última vez em que o governo emitiu títulos de dívida com vencimento em 2012, em julho do ano passado. 

Mais empresas brasileiras devem usar os mercados internacionais de capitais nos próximos dias, disse Fittipaldi, embora alerte também que os investidores continuam muito seletos com seus investimentos. 

"Mas o mercado [internacional de títulos de dívida] continuará bom para as grandes empresas", disse ele. 

O Banco do Brasil SA, maior banco da América Latina em ativos, planeja emitir títulos de dívida no mercado internacional esta semana, oferecendo títulos perpétuos, segundo um executivo do BNP Paribas. A última vez que o Banco do Brasil ofereceu títulos de dívida com vencimento em cinco anos foi em novembro e o banco estatal conseguiu captar US$ 500 milhões, com juro de 4%. 

O Banco do Brasil contratou o BNP Paribas, o Citigroup, o HSBC, o Standard Chartered Bank e a BB Securities para coordenar a operação. Ele ainda não decidiu quanto tentará captar. Um porta-voz do Banco do Brasil não quis comentar a nova emissão de títulos de dívida.

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sábado, 7 de janeiro de 2012

Brasil entra em 2012 como preferido dos investidores

Na primeira semana do ano, País capta US$ 2,6 bilhões no exterior

Leandro Modé, de O Estado de São Paulo

SÃO PAULO - A primeira semana de 2012 comprovou que o Brasil mantém o posto de queridinho dos investidores globais. Bastou uma pausa nas preocupações com a Europa para o País se destacar. Nos cinco primeiros dias úteis do ano, o Tesouro Nacional e duas empresas privadas captaram juntos US$ 2,6 bilhões no mercado externo. Se fosse mantido pelas outras 51 semanas do ano, seria um ritmo três vezes superior ao de 2011, quando as emissões atingiram US$ 38,5 bilhões. 


Trata-se apenas de um cálculo indicativo, pois ninguém se arrisca a estimar por quanto tempo essa janela de oportunidade vai se manter aberta. A razão? As turbulências na Europa. Executivos alertam que, de fevereiro a abril, os países que tiram o sono dos investidores - Espanha, Itália, Portugal e Grécia - terão altos volumes de dívida para refinanciar. Ou seja, um leilão malsucedido de italianos ou espanhóis seria suficiente para azedar o clima. 

"Em termos relativos, o Brasil está melhor do que a maioria dos europeus, inclusive a França", observou o diretor executivo da Ashmore Brasil, Eduardo Câmara. "Mas, para o País nadar de braçada, é preciso que a situação europeia seja definida." A Ashmore é uma gestora internacional especializada em emergentes, com ativos de US$ 60 bilhões. 

Quando Câmara fala em nadar de braçada, refere-se à possibilidade de o otimismo deste início de 2012 se espraiar para outros mercados, como o de ações. Por enquanto, o segmento em que o Brasil aparece bem é o de emissão de dívidas. 

Como lembra o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Alberto Kiraly, esse é o mercado que costuma reagir primeiro quando a confiança melhora. 

Por isso, ao menos por ora, não se espera que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) seja inundada de recursos externos - a despeito da entrada de mais de R$ 600 milhões de dinheiro estrangeiro entre 2 e 4 de janeiro. 

"Vamos ver se se trata de um movimento mais duradouro e amplo quando empresas de menor porte também acessarem o mercado", ponderou a diretora-geral da Fator Administração de Recursos, Roseli Machado. 

O Estado apurou que muitas empresas estão na fila aguardando oportunidade de levantar dinheiro. Entre elas, Itaú, Banco do Brasil e Petrobrás. Um executivo disse ter mandatos de várias empresas de menor porte. "Estamos observando as condições de preço para levar o negócio para as companhias aprovarem." 

Diferenças 

A melhora do mercado de dívida neste início de 2012 passa pelo que ocorreu no mundo no segundo semestre do ano passado. Os mercados foram tomados por grandes incertezas sobre a Europa. Algumas delas: o euro acabará? Algum país dará calote? Nesse ambiente, muitos investidores venderam seus ativos para ficar com dinheiro em caixa. 

"No planejamento para 2012, perceberam que precisavam arriscar um pouco para obter retornos melhores. É uma espécie de efeito calendário", explicou o principal executivo do banco Santander na área de emissões internacionais, Eduardo Borges. 

Há também um fator conjuntural que sustentou a relativa tranquilidade da primeira semana do ano: dados econômicos dos EUA melhores que o esperado. Em dezembro, por exemplo, o país criou 200 mil empregos, acima dos 155 mil estimados. 

Nesse contexto, a economia brasileira se sobressai. "A principal diferença entre o Brasil e o resto do mundo é a expectativa de crescimento maior aqui", afirmou Kiraly, da Anbima. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima crescimento de 1,9% para as economias avançadas neste ano e 6,1% para as emergentes. Para o Brasil, 3,6%. 

Câmara, da Ashmore, observa ainda que os papéis do governo brasileiro são hoje considerados mais seguros do que títulos semelhantes da maioria dos países europeus. Em grande medida, isso ocorre por causa da situação fiscal. A relação entre dívida líquida e PIB, por exemplo, deve encerrar este ano perto de 37%. Na Itália, está em 100%, na Grécia, em 117%, e em Portugal, 83%. 

O estrategista do banco WestLB Luciano Rostanho acrescenta que o País tem reservas internacionais de US$ 351 bilhões, valor que supera a dívida externa do governo. Por isso, o País tem tudo para se manter no pódio entre os preferidos dos investidores. Resta saber se as condições da economia global vão permitir que essas possibilidades sejam aproveitadas em sua plenitude.

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Siderúrgicas brasileiras vivem processo de desnacionalização

Dos cinco grandes grupos do setor, três já têm estrangeiros como principais controladores

Glauber Gonçalves, da Agência Estado 

RIO - A indústria siderúrgica brasileira está em vias de passar por uma nova onda de desnacionalização. Inicialmente controlado pelo Estado, o setor de aço hoje está concentrado em cinco grandes grupos, que detêm mais de 90% da capacidade do mercado. Dos cinco, três têm empresas estrangeiras como principais controladoras. O caso mais recente foi a entrada da ítalo-argentina Techint na Usiminas. 

Esse movimento deve continuar. Executivos da siderurgia brasileira que viajam ao exterior já notam o interesse de grupos de países como Índia e China e da Europa em ingressar no Brasil, em novos negócios ou companhias já existentes. 

"Hoje o que mais tenho ouvido em várias missões é ‘o Brasil é o País do futuro, então vamos colocar nossas plantas lá, porque é lá que vai haver o consumo’. Vemos isso vindo da China, da Índia e da Comunidade Europeia", diz o presidente da ArcelorMittal Aços Longos América do Sul, Augusto Espeschit. 

Além da ArcelorMittal e da Usiminas, que teve 27,7% repassados ao grupo Techint, compõe o clube das gigantes controladas por estrangeiros a ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), usina com participação minoritária da Vale inaugurada no Rio em 2010. 

Diante de um excesso de capacidade de produção de 500 milhões de toneladas de aço no mundo, grandes grupos estrangeiros têm voltado os olhos para o Brasil e avaliam que o País está diante de uma oportunidade ímpar para dar um salto no consumo de aço, embalado pelo desafio de solucionar os problemas de infraestrutura e de déficit habitacional e pelo crescimento de uma classe média ávida pelo consumo. Enquanto a China mais do que triplicou o consumo aparente de aço per capita para 427 quilos por habitante entre 2001 e 2010, o Brasil passou de 93,3 para 129,8 quilos. 

Motivos. Os indutores do aumento da demanda no País são múltiplos. A construção de moradias do Programa Minha Casa Minha Vida, investimentos ligados à Copa e à Olimpíada, a reativação da indústria naval e uma série de projetos de montadoras de automóveis atraem a atenção dos estrangeiros, avaliam Guilherme Cardoso e Pedro Landim, chefe e gerente da área de Insumos Básicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

"Se uma empresa no mundo está querendo botar de pé uma siderúrgica, certamente sobre a mesa dela estará o Brasil", diz Cardoso. Ele revela que a expectativa do banco é que a crise internacional provoque adiamentos de projetos do setor no Brasil, mas não cancelamentos. 

Em dezembro último, o banco traçou as estimativas de investimentos em siderurgia para o período entre 2012 e 2015. Em quatro anos, o montante deve chegar a cerca de R$ 32 bilhões, patamar pouco abaixo dos R$ 33 bilhões previstos anteriormente para o quadriênio 2011-2014. 

Cardoso observa que, como o País ainda tem capacidade ociosa na produção de aço bruto, uma expansão em unidades de laminação seria suficiente. "Em algum momento a capacidade de produção de aço bruto no Brasil vai ter de aumentar para atender à demanda interna", avalia. 

A recente avalanche de importação de aço, produtos siderúrgicos e bens industrializados que contêm o insumo pode, no entanto, colocar um freio nos ímpetos do investidor estrangeiro. Para o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Melo Lopes, a dificuldade de competir com os importados deve fazer com que, por enquanto, empresas estrangeiras prefiram entrar aqui comprando participações.

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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tablet indiano de US$ 45 recebe 1,4 milhão de encomendas em 2 semanas

Nayara Fraga
Matéria publicada no Blog Radar Tecnológico

Estudantes exibem Aakash, distribuído gratuitamente pelo governo em outubro 

O tablet indiano Aakash — considerado o mais barato do mundo, a US$ 45 — recebeu 1,4 milhão de encomendas em duas semanas. Mesmo com uma tela resistente ao toque e um processador lento, 100 mil aparelhos foram reservados, por dia, desde o lançamento online em dezembro, informa o Times of India

A fabricante do tablet, Datawind, não esperava uma demanda tão grande, mas pretende dar conta do recado. Segundo o diário indiano, a companhia estabelecerá mais três novas fábricas no primeiro semestre de 2012 nas cidades de Cochin, Noida e Hyderabad, onde ela está instalada atualmente. 

O presidente da empresa, Suneet Singh Tuli, afirmou ao jornal que planeja fornecer de 70 mil a 75 mil unidades do Aakash, diariamente, quando as fábricas estiverem em funcionamento, por volta de abril. 

A corrida pelo tablet fez o site da empresa ser bombardeado de acessos. Autoridades indianas chegaram a entrar em contato com a Datawind com a notícia de que possivelmente hackers estariam atacando o site. Mas eram apenas as encomendas online o motivo de tanto tráfego . 

“Embora seja verdade dizer que o número de encomendas é geralmente maior que as vendas de fato na Índia, a enorme demanda pelo Aakash mostra que a Índia é um terreno fértil para tablets acessíveis”, diz o The Next Web

A publicação acredita que, com os tablets da Datawind (novo aparelho será lançado em janeiro) e o Classpad (tablet para ser usado em sala de aula, da Classteacher Learning Systems), 2012 será o ano dos tablets de baixo custo na Índia. 

Brasil 

No fim de 2011, o presidente da Datawind deu indícios de que dialoga com o Brasil para fabricar tablets no País. Ele disse que o Brasil tem interesse em subsidiar a produção local dos aparelhos mirando o público estudantil.

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domingo, 1 de janeiro de 2012

A baixa poupança doméstica e os problemas da indústria

A falta de poupança cria um modelo que favorece serviços, e a competitividade do setor de commodities estimula os bens primários. Com isso, a indústria perde espaço

SAMUEL , PESSOA, É ECONOMISTA, SÓCIO DA, CONSULTORIA TENDÊNCIAS
Matéria publicada no site do jornal O Estado de S.Paulo 

A economia brasileira caracteriza-se por baixas taxas de poupança. A maior consequência desse fenômeno é a dificuldade em financiar o investimento e, portanto, o crescimento econômico. É sempre possível elevar o investimento lançando mão da poupança externa. No entanto, esta opção leva à valorização do câmbio e à perda de participação da indústria na produção. 

Mas por que motivo existe essa vinculação entre desempenho da indústria e taxa de poupança? Uma economia que poupa pouco é uma economia com elevadas taxas de consumo. A demanda por consumo é mais concentrada em serviços do que em bens. As pessoas podem ir todos os dias ao restaurante, mas não compram aparelhos de TV diariamente. 

A forte relação entre consumo e demanda por serviços é a ainda mais verdadeira para sociedades nas quais o padrão de consumo se aproxima do nível de classe média, como é crescentemente o caso brasileiro. O padrão de demanda do Brasil, portanto, é muito concentrado em serviços. 

Adicionalmente, como o País poupa pouco, é necessário absorver poupança externa para financiar o excesso de investimento sobre a poupança doméstica. A absorção de poupança externa ocorre quando a sociedade absorve - quer seja na forma de consumo ou na forma de investimento - mais bens e serviços do que produz. Isto é, a poupança externa, no conceito macroeconômico, representa o ingresso no país de algum bem ou serviço produzido externamente. 

Por exemplo, se a Petrobrás tomar emprestado dólares, mas não gastá-los comprando bens e serviços externos terá de trocar essas divisas por reais - para adquirir bens e serviços domesticamente - e o Banco Central acumulará divisas. Neste caso, não houve ingresso de poupança externa. 

Tipicamente, tudo que é produzido pode ser classificado como bem primário, bem manufaturado ou serviço. Dado que os serviços são não comercializáveis internacionalmente e que o Brasil tem enormes vantagens de custos na produção de bens primários, a absorção de poupança externa pode ocorrer na forma de bens manufaturados ou na forma de bens primários. 

Devido à grande vantagem comparativa que o Brasil tem na produção de bens primários, o País tem de absorver poupança externa na forma de bens manufaturados, o que dificulta o desenvolvimento da indústria. 

É importante entender como funciona o mecanismo de redução da participação da indústria na produção. O setor público estimula a demanda da economia. Seja por meio de elevações reais dos benefícios do programa Bolsa-Família e do salário mínimo (e, portanto, de todos os benefícios previdenciários e programas sociais a ele vinculados), ou de elevações reais dos salários dos funcionários públicos ativos e inativos. 

Ou ainda por meio da elevação dos recursos que o BNDES tem disponível para emprestar a taxas de juros subsidiadas. Independente de mais ou menos meritórias, todas essas ações elevam a demanda. 

A maior demanda por serviços enseja um processo de alta dos preços para que, em seguida, a oferta se eleve. Esse processo tem sido observado nos últimos anos. O mesmo não ocorre, porém, com os bens manufaturados. Neste caso, a expansão da demanda é atendida principalmente pela importação dos bens manufaturados. A solução, no entanto, certamente não é a de fechar ainda mais a economia. O cerceamento ainda maior às importações teria como resultado mais inflação: além de os preços dos serviços subirem, haveria alta também dos preços dos bens manufaturados. O Banco Central teria de subir ainda mais os juros para esfriar o crescimento da economia. 

A tragédia para a indústria é a assimetria entre os serviços e os bens manufaturados. Estes últimos são transacionáveis internacionalmente, ao contrário dos serviços. O problema é que é possível colocar um carro em um navio e transportá-lo. O mesmo, em geral, não ocorre com os serviços. (se ocorresse, o Brasil exportaria carros para a Coreia e esta exportaria, provavelmente, serviços educacionais para o Brasil, nos quais eles são muito superiores a nós.). Portanto, é difícil imaginar que uma economia de baixa poupança e que tenha fortes vantagens comparativas na produção de bens primários - em um momento em que boa parte da humanidade demanda esses produtos básicos - crescerá com expansão da participação da indústria manufatureira no produto. Ocorrerá provavelmente o oposto: uma lenta, mas contínua, queda da participação das manufaturas no produto. 

Uma questão adicional é se há espaço para o Brasil elevar a poupança. A poupança das famílias brasileiras corresponde a 5% do PIB. Na China, atinge 22%. A diferença deve-se ao fato de o Brasil ter um estado de bem-estar social muito mais generoso do que o chinês. A menos que ocorra forte mudança no equilíbrio político que vigora desde a redemocratização - que levou à construção desse estado de bem estar social muito abrangente -, não há espaço para a elevação da poupança das famílias. 

A poupança das empresas, por sua vez, que no Brasil se encontra na casa dos 15% do PIB (na China é de 22%), somente eleva-se se houver redução dos salários ou elevação dos preços dos bens finais produzidos pelas empresas. Ambos, preços e salários, são definidos no mercado. A menos que haja profunda alteração da regulação dos mercados - incluindo alteração nos direitos de organização sindical, entre inúmeros outros - não parece haver espaço para crescimento muito acentuado dos lucros das empresas. 

Finalmente, a ampliação da poupança do setor público, que no Brasil é negativa em 3% do PIB (na China é positiva em 5%), requer redução do gasto público - quer seja na forma de salários de servidores (ativos e inativos), dos programas sociais ou dos juros. Com a recente queda da taxa Selic, há espaço para alguma elevação da poupança pública. 

Nos outros itens do Orçamento, não parece haver muito espaço. Mesmo os juros devem voltar a se elevar em algum momento no primeiro semestre de 2013, em função da provável aceleração da inflação. Outra possibilidade de elevação da poupança pública é por meio de aumentos da carga tributária. Mas parece que a sociedade tem rejeitado novas rodadas de aumento de tributos. 

Tudo indica, portanto, que a baixa poupança veio para ficar. O Brasil terá de conviver com ela. Enquanto perdurar o choque positivo das commodities - que deve ser longo, pois ainda há grandes contingentes populacionais na Ásia a ser incorporados aos mercados -, a indústria brasileira deve apresentar problemas de desempenho. Com baixa poupança, o investimento nunca será muito elevado. 
A agenda do crescimento econômico passa, portanto, pela melhora da produtividade e da qualidade da educação - condições essenciais para que o país tenha um setor de serviços de alta produtividade, como ocorre, por exemplo, com a economia americana.

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