quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

‘Economist’ aponta sinais de perda da hegemonia dos EUA

Sílvio Guedes Crespo
Matéria publicada no Blog Radar Econômico

A revista britânica “The Economist” enumerou, em um artigo, alguns dados indicando que os Estados Unidos estão perdendo espaço no mercado mundial. Veja abaixo. 

. De 1999 a 2009, a participação dos EUA na indústria aeroespacial mundial caiu 36%. No mesmo período, o país também teve perda nos mercados de tecnologia da informação (queda de 9%), equipamentos de comunicação (8%) e carros (3%); 

. As multinacionais dos EUA têm escolhido outros países para gerar emprego e inovar. Em 1989, 21% dos empregados dessas companhias estavam fora dos EUA; em 2009, essa proporção já estava em 32%. Em 1999, só 9% dos investimentos de multinacionais americanas em pesquisa e desenvolvimento eram feitos fora dos EUA; em 2009, 16% o eram; 

. A Harvard Business School fez recentemente uma pesquisa com seus alunos. Perguntou a eles, entre outras coisas, se as empresas em que eles trabalham têm preferido investir nos EUA ou fora. Os EUA perdiam em dois terços das respostas; 

É verdade que esses dados não dizem tudo sobre a economia americana. Por exemplo, a revista não analisou a evolução da produtividade nos EUA. Sobre a transferência de empregos para outros países, não disse se os funcionários contratados no exterior ganham mais ou são mais qualificados. 

Enfim, não é um estudo completo sobre a perda da hegemonia dos EUA, mas já diz algo. O país perde mercado em setores de ponta, como o aeroespacial e a tecnologia da informação. Isso vai de encontro ao lugar comum segundo o qual o capital só sai dos EUA quando busca mão de obra barata e pouco qualificada. 

Trunfos e dificuldades 

Para o semanário, os EUA têm “trunfos enormes” e alguns empecilhos para enfrentar esse cenário. Os trunfos citados pela publicação são as “universidades imbatíveis” e um mercado altamente diversificado. 

Os problemas seriam a imprevisibilidade da política. Ou, de “Sem um consenso dos partidos [sobre o desequilíbrio nas contas públicas], ninguém pode conter os imensos programas sociais que crescem automaticamente, como o Medicare (de saúde) e a Seguridade Social (aposentadoria e pensão)”, diz. “Dessa forma, os déficits se escancaram e o estado de bem-estar social continuam aumentando, mesmo que as estradas americanas se desfazem. Essa não é uma receita para o dinamismo”, disse a publicação.

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Tags: The-Economist, hegemonia-americana, Economia-americana, potências-econômicas, pesquisa-desenvolvimento, geopolítica-econômica

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Nos EUA, bancos pagam para devedores venderem casas

Sílvio Guedes Crespo
Matéria publicada no Blog Radar Econômico



A economia dos Estados Unidos já está produzindo mais do que em 2007, antes da crise, e também teve uma leve melhora no mercado de trabalho nos últimos meses. Mas o setor imobiliário, que gerou a bolha americana, ainda vai muito mal. 

Isso pode ser constatado de longe, em indicadores como preço de moradias, em queda livre desde 2006, ou de perto, observando as mais inusitadas tentativas dos bancos de se livrarem desse problema. 

A mais recente bizarrice foi noticiada pelo site CNN Money nesta sexta-feira. Os bancos estão pagando para que seus devedores vendam rápido suas casas. Assim, as instituiçoes financeiras recuperam pelo menos parte do que haviam emprestado. Em alguns casos, elas oferecem até US$ 35 mil para os inadimplentes. 

O dinheiro é ofertado a pessoas cuja dívida vale mais do que a própria casa. Em situações normais, o banco tomaria a casa dos devedores. No entanto, durante a atual crise os inadimplentes aprenderam diversas formas de resistir a isso. Há quatro anos, o processo de execução de hipotecas levava 253 dias; hoje, demora 674, segundo uma pesquisa citada pelo CNN Money. 

Há devedores que conseguem segurar suas casas por mais de três anos sem pagar. Para os bancos, isso representa uma perda considerável, porque, além de demorar para receber o imóvel, ainda precisam pagar as taxas referentes ao tempo em que a residência ficou nas mãos do inadimplente. 

“Para os bancos, executar hipotecas torna-se uma opção cada vez mais difícil e cara”, afirma a reportagem do CNN Money. 

Mesmo depois que conseguem tomar as casas dos devedores, os bancos continuam tendo perdas. No ano passado, o “Washington Post” noticiou que algumas instituições financeiras estavam demolindo as residências, para vender mais rápido. São soluções tão exóticas quanto as operações financeiras feitas a partir de empréstimos imobiliários de alto risco e que em 2008 se revelaram na forma de “ativos tóxicos”

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