sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Gabrielli deixa para trás uma Petrobras transformada

Por MICHAEL J. CASEY
Matéria publicada no The Wall Street Journal

Depois de quase sete anos à frente da Petróleo Brasileiro SA, José Sergio Gabrielli vai deixar em breve a estatal, uma gigante petrolífera que, sob a sua liderança, aumentou enormemente a produção brasileira e criou um novo modelo de exploração e produção. 

Com sua arrojada incursão na perfuração em águas ultra-profundas dando altos dividendos, a Petrobras ofereceu algo que seu executivo principal, que este mês será oficialmente desligado da empresa para assumir uma secretaria no governo da Bahia, descreve como uma "visão de como as petrolíferas podem crescer no futuro". A empresa também provavelmente vai colocar o Brasil no ranking dos principais países exportadores de petróleo. E como sua produção de gás natural deve aumentar, é provável que também alcance a tão cobiçada auto-suficiência de combustíveis para uma população de 195 milhões de habitantes. 

Respondendo por quase um quarto de todos os poços mundiais em águas de mais de 400 metros de profundidade, a Petrobras domina essa "nova fronteira" da produção petrolífera, disse Gabrielli em uma entrevista recente. Agora, seguindo sua liderança, outras empresas de prospecção estão perfurando em locais de águas profundas na costa ocidental da África, no Caribe colombiano, ao sul de Portugal, no Golfo do México e no Mar do Norte. 

Ao contrário de outras estatais do setor, como a venezuelana PDVSA, que encontra dificuldades de produção, a Petrobras costuma ser aplaudida pelas firmas de Wall Street, apesar de que o governo brasileiro, que detém 56% do capital votante, nomeia tanto o presidente do conselho como o executivo principal. 

Mas Gabrielli também deixa a Petrobras com desafios a enfrentar. Ela precisa investir a estoteante soma de US$ 225 bilhões nesta década a fim de quadruplicar sua produção em águas profundas e aumentar a distribuição em terra e sua capacidade no setor de refino e comercialização de combustíveis. O programa inclui alguns projetos monumentais em alto mar, como um terminal petroleiro flutuante e uma usina de liquefação de gás. Tudo isso faz parte do plano para mais que dobrar a produção brasileira de petróleo e gás, para 6.000 mil barris de óleo equivalente (BOE) diários. 

O programa prevê que o Brasil, que se tornou exportador líquido de petróleo em 2009, se torne também auto-suficiente em gás. A produção doméstica de gás deve aumentar de 40 milhões de metros cúbicos por dia para 70 milhões de metros cúbicos em 2014, superando o consumo atual de 50 milhões de metros cúbicos e permitindo que o Brasil dependa menos das importações da Bolívia. 

Até US$ 149 bilhões dos fundos necessários virão de lucros futuros, disse Gabrielli, citando o balanço de caixa da empresa do final de 2011, de US$ 26 bilhões, como um indicador positivo. Outros US$ 13,6 bilhões virão da venda de ativos de produção e exploração na Ásia, participações minoritárias em ativos não centrais e de direitos a alguns recebíveis. Para o restante, a empresa vai recorrer a instituições de crédito, tanto credores privados como o banco de desenvolvimento BNDES. 

Essas projeções se baseiam em preços médios de longo prazo do petróleo cru entre US$ 85 e US$ 95 o barril — um preço hipotético que está abaixo da previsão real da empresa, segundo a qual os preços vão oscilar, de modo volátil, em uma faixa entre US$ 105 e US$ 125 no futuro previsível. A base dessas projeções de preços, disse Gabrielli, é a crescente demanda de milhões de consumidores de mercados emergentes, bem como as compras especulativas estimuladas pela política monetária permissiva do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, e o Banco Central Europeu. 

Quanto à atual diretora da Petrobras para gás e energia, Maria das Graças Foster, nomeada pelo ministro das Finanças, Guido Mantega, como sucessora de Gabrielli, o executivo estima que ela seguirá a sua fórmula. "Ela é membro do conselho há quatro anos e está na empresa há mais de 40 anos", disse ele. "Ela está bem alinhada com o planejamento estratégico. Não prevejo grandes alterações para a empresa."

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Tags: Petrobras, empresas-petrolíferas, empresas-estatais, petróleo, governo-brasileiro, águas-profundas

domingo, 29 de janeiro de 2012

Brasil apresenta os piores resultados em retorno de serviços públicos à população pelo 2º ano consecutivo, aponta IBPT

Matéria publicada no Portal Fator Brasil

O estudo do IBPT foi realizado com 30 países de maior carga tributária, onde o Brasil figura na última posição. 


Mesmo com a alta carga tributária de 35,13% em relação ao PIB e a arrecadação de impostos ultrapassando a marca de R$1,5 trilhão em 2011, o Brasil continua não aplicando de forma adequada os valores arrecadados em serviços públicos à população, para a melhoria da qualidade de vida. É o que revela o “Estudo sobre Carga Tributária/PIB X IDH” concluído pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT, no último dia 16 de janeiro. Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil aparece na última posição entre os 30 países que registram maior carga tributária em todo o mundo. 

Para chegar a essa conclusão, o Instituto criou o Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (IRBES), resultado da somatória da carga tributária segundo a tabela da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de 2010 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com a previsão do índice final para o ano de 2011. Quanto maior o valor do IRBES, melhor é o retorno da arrecadação dos tributos para a população. 

A Austrália lidera o ranking, sendo o país que melhor retorna os recursos arrecadados para o bem estar da população, seguida pelos EUA, que caiu para a segunda posição em relação ao ano passado, e a Coreia do Sul. Já o Japão e Irlanda, que ocuparam, respectivamente, as 2 e 3ª posições na pesquisa anterior, caíram para 4º e 5º lugar no ranking de 2012. 

”O Brasil, com arrecadação altíssima e péssimo retorno desses valores à população em serviços como segurança, educação e saúde, fica atrás, inclusive, de países da América do Sul, como Uruguai, na 13ª posição e Argentina, na 16ª colocação”, relata o presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike, que coordenou o estudo. 

Quadro ranking final dos 30 países pesquisados e o IRBES: 


20 anos do IBPT-Ao comemorar os seus 20 anos de existencia e atuação, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT, firma-se como o maior e mais representativo Instituto brasileiro no segmento de análises, interpretações e divulgação dos temas tributários no Brasil. Pioneiro na análise da conjuntura econômica, tributária e social do País, este ano, o IBPT desenvolverá diversas ferramentas voltadas ao esclarecimento das questões tributárias aos contribuintes. Sendo que uma delas será lançada no próximo mês de fevereiro: o Impostopédia, que é o maior dicionário livre de tributação e finanças públicas. 

São estudos já tradicionais do IBPT: Carga Tributária, Dias Trabalhados para Pagar Tributos, Quantidade de Normas, Observatório de Governança Tributária, Sonegação Fiscal, Parcelamentos e Dívida dos Contribuintes.

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