terça-feira, 10 de janeiro de 2012

GM volta a ser a maior montadora do mundo

Empresa, que havia perdido a liderança para a Toyota em 2008, tem a maior parte dos negócios gerada em países emergentes

Cleide Silva, enviada especial de O Estado de São Paulo

DETROIT - Depois de quase ir a falência e ser salva por ajuda governamental, a General Motors voltou a ser a número um do mundo em vendas, recuperando posto perdido para a Toyota em 2008, após 77 anos na liderança do mercado mundial de automóveis. A marca americana vem ampliando suas vendas, principalmente nos países emergentes, mas a volta ao topo se deve principalmente pelos problemas enfrentados pela concorrente japonesa depois do o terremoto seguido de tsunami ocorrido no início do ano passado. 

Os números oficiais de vendas serão divulgados amanhã, mas as projeções de analistas apontam para vendas perto de 8,5 milhões de veículos em 2011. Ontem, o presidente mundial da GM, Dan Akerson, confirmou a conquista em entrevista a um grupo de jornalistas brasileiros no Salão Internacional do Automóvel, evento que abrirá as portas ao público no sábado. "Somos de novo a maior montadora do mundo, mas ainda temos muito trabalho a ser feito", afirmou o executivo. 

A Toyota também foi ultrapassada pela Volkswagen, que vendeu pouco mais de 8 milhões de veículos e ficou em segundo lugar no ranking. A companhia alemã trabalha fortemente para ser a líder em 2018, quando pretende vender 10 milhões de veículos, sendo 1 milhão no Brasil. 

Segundo Akerson, 60% das vendas da marca ocorreram fora dos Estados Unidos. O país-sede da companhia, que tradicionalmente respondia por metade das vendas, agora participa com cerca de 30%. A maior parcela dos negócios atualmente vem dos países emergentes, especialmente China e Brasil, respectivamente segundo e terceiro maiores mercados para a GM no mundo, com chances de os EUA serem ultrapassado pela China. 

Atualização 

No Brasil, a GM perdeu participação em vendas, e Akerson reconheceu que nos últimos "17 a 19 meses tínhamos uma linha de produtos velhos", mas afirmou que essa situação começou a mudar com os recentes lançamentos do Cobalt e do Cruze. Para este ano, ressaltou, a marca prepara sete novidades, algumas delas inéditas. Akerson confirmou que nos próximos meses a GM vai anunciar novo plano de investimento para o Brasil, dinheiro que será aplicado em novos produtos e modernização das fábricas a partir de 2013. O plano quinquenal atual, de R$ 5 bilhões, se encerra neste ano. 

Outra decisão a ser tomada nos próximos meses e em relação a produção de módulos de transmissão, o que exigiria a ampliação de investimentos na fábrica de motores em Joinville (SC), que inicia operações neste ano. Hoje, 70% das transmissões usadas nos automóveis da marca são produzidas em São José dos Campos (SP) e 30% são importadas da Europa, informou Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul. 

Sobre a medida do governo brasileiro que ampliou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 30 pontos porcentuais para carros importados, Akerson afirmou que muitos países adotam medidas protecionistas e que a GM atua como num jogo de baralho - "jogamos com as cartas que temos nas mãos". A medida foi criticada pelos importadores e, no Brasil vista como um lobby das montadoras locais. O executivo, contudo, afirmou que qualquer medida de proteção "é um problema para o mercado livre".

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Tags: GM, General-Motors, Chevrolet, vendas-carros-veículos, mercado-automotivo, EUA, Brasil, China

Emissão de dívida por empresas brasileiras atrai investidor internacional

Por ROGÉRIO JELMAYER, de São Paulo
Matéria publicada no The Wall Street Journal

A demanda pelos títulos de dívida das maiores empresas brasileiras tem sido forte, já que os investidores internacionais estão com os bolsos recheados depois de seis meses de pouquíssimas emissões, segundo o banco francês BNP Paribas SA. 

"[O interesse] está voltando", disse Rodrigo Fittipaldi, diretor de mercado de capitais do BNP Paribas em São Paulo. "Os investidores começaram 2012 com muita liquidez e buscando boas alternativas." 

Só na primeira semana de 2012 o governo brasileiro, a gigante da mineração Vale SA e o Banco Bradesco S.A. captaram um total de US$ 2,6 bilhões com emissões de títulos de dívida no mercado internacional. 

É uma mudança significativa em relação ao segundo semestre de 2011, quando se agravou a crise de dívida na Europa e muitos investidores preferiram ficar na defensiva, disse Fittipaldi. As empresas brasileiras captaram US$ 38,5 bilhões com emissões de títulos de dívida no exterior em 2011, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima. 

O BNP Paribas ajudou a organizar uma nova emissão de títulos globais de dívida soberana com vencimento em 2021, que captou US$ 825 milhões, mas cuja demanda chegou a US$ 3,5 bilhões. Os títulos foram vendidos com um juro anual de 3,449%, o menor já obtido por um título de dívida soberana do Brasil, e abaixo dos 4,188% obtidos na última vez em que o governo emitiu títulos de dívida com vencimento em 2012, em julho do ano passado. 

Mais empresas brasileiras devem usar os mercados internacionais de capitais nos próximos dias, disse Fittipaldi, embora alerte também que os investidores continuam muito seletos com seus investimentos. 

"Mas o mercado [internacional de títulos de dívida] continuará bom para as grandes empresas", disse ele. 

O Banco do Brasil SA, maior banco da América Latina em ativos, planeja emitir títulos de dívida no mercado internacional esta semana, oferecendo títulos perpétuos, segundo um executivo do BNP Paribas. A última vez que o Banco do Brasil ofereceu títulos de dívida com vencimento em cinco anos foi em novembro e o banco estatal conseguiu captar US$ 500 milhões, com juro de 4%. 

O Banco do Brasil contratou o BNP Paribas, o Citigroup, o HSBC, o Standard Chartered Bank e a BB Securities para coordenar a operação. Ele ainda não decidiu quanto tentará captar. Um porta-voz do Banco do Brasil não quis comentar a nova emissão de títulos de dívida.

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Tags: dívida-empresas-brasileiras, investimentos, bom-momento-economia-brasileira, mercados-emergentes, captação-recursos

sábado, 7 de janeiro de 2012

Brasil entra em 2012 como preferido dos investidores

Na primeira semana do ano, País capta US$ 2,6 bilhões no exterior

Leandro Modé, de O Estado de São Paulo

SÃO PAULO - A primeira semana de 2012 comprovou que o Brasil mantém o posto de queridinho dos investidores globais. Bastou uma pausa nas preocupações com a Europa para o País se destacar. Nos cinco primeiros dias úteis do ano, o Tesouro Nacional e duas empresas privadas captaram juntos US$ 2,6 bilhões no mercado externo. Se fosse mantido pelas outras 51 semanas do ano, seria um ritmo três vezes superior ao de 2011, quando as emissões atingiram US$ 38,5 bilhões. 


Trata-se apenas de um cálculo indicativo, pois ninguém se arrisca a estimar por quanto tempo essa janela de oportunidade vai se manter aberta. A razão? As turbulências na Europa. Executivos alertam que, de fevereiro a abril, os países que tiram o sono dos investidores - Espanha, Itália, Portugal e Grécia - terão altos volumes de dívida para refinanciar. Ou seja, um leilão malsucedido de italianos ou espanhóis seria suficiente para azedar o clima. 

"Em termos relativos, o Brasil está melhor do que a maioria dos europeus, inclusive a França", observou o diretor executivo da Ashmore Brasil, Eduardo Câmara. "Mas, para o País nadar de braçada, é preciso que a situação europeia seja definida." A Ashmore é uma gestora internacional especializada em emergentes, com ativos de US$ 60 bilhões. 

Quando Câmara fala em nadar de braçada, refere-se à possibilidade de o otimismo deste início de 2012 se espraiar para outros mercados, como o de ações. Por enquanto, o segmento em que o Brasil aparece bem é o de emissão de dívidas. 

Como lembra o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Alberto Kiraly, esse é o mercado que costuma reagir primeiro quando a confiança melhora. 

Por isso, ao menos por ora, não se espera que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) seja inundada de recursos externos - a despeito da entrada de mais de R$ 600 milhões de dinheiro estrangeiro entre 2 e 4 de janeiro. 

"Vamos ver se se trata de um movimento mais duradouro e amplo quando empresas de menor porte também acessarem o mercado", ponderou a diretora-geral da Fator Administração de Recursos, Roseli Machado. 

O Estado apurou que muitas empresas estão na fila aguardando oportunidade de levantar dinheiro. Entre elas, Itaú, Banco do Brasil e Petrobrás. Um executivo disse ter mandatos de várias empresas de menor porte. "Estamos observando as condições de preço para levar o negócio para as companhias aprovarem." 

Diferenças 

A melhora do mercado de dívida neste início de 2012 passa pelo que ocorreu no mundo no segundo semestre do ano passado. Os mercados foram tomados por grandes incertezas sobre a Europa. Algumas delas: o euro acabará? Algum país dará calote? Nesse ambiente, muitos investidores venderam seus ativos para ficar com dinheiro em caixa. 

"No planejamento para 2012, perceberam que precisavam arriscar um pouco para obter retornos melhores. É uma espécie de efeito calendário", explicou o principal executivo do banco Santander na área de emissões internacionais, Eduardo Borges. 

Há também um fator conjuntural que sustentou a relativa tranquilidade da primeira semana do ano: dados econômicos dos EUA melhores que o esperado. Em dezembro, por exemplo, o país criou 200 mil empregos, acima dos 155 mil estimados. 

Nesse contexto, a economia brasileira se sobressai. "A principal diferença entre o Brasil e o resto do mundo é a expectativa de crescimento maior aqui", afirmou Kiraly, da Anbima. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima crescimento de 1,9% para as economias avançadas neste ano e 6,1% para as emergentes. Para o Brasil, 3,6%. 

Câmara, da Ashmore, observa ainda que os papéis do governo brasileiro são hoje considerados mais seguros do que títulos semelhantes da maioria dos países europeus. Em grande medida, isso ocorre por causa da situação fiscal. A relação entre dívida líquida e PIB, por exemplo, deve encerrar este ano perto de 37%. Na Itália, está em 100%, na Grécia, em 117%, e em Portugal, 83%. 

O estrategista do banco WestLB Luciano Rostanho acrescenta que o País tem reservas internacionais de US$ 351 bilhões, valor que supera a dívida externa do governo. Por isso, o País tem tudo para se manter no pódio entre os preferidos dos investidores. Resta saber se as condições da economia global vão permitir que essas possibilidades sejam aproveitadas em sua plenitude.

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