quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Turistas brasileiros batem recorde de compras nos EUA

Por JOHN LYONS de São Paulo e PAULO TREVISANI de Nova York
Matéria publicada no The Wall Street Journal

Ana Ligia Paladino viajou 8.000 quilômetros de sua casa no sul do Brasil no mês passado para se acotovelar atrás das promoções da "Black Friday" na Macy's, na cidade de Nova York. Na fila de espera às 5h da manhã, ela logo fez as primeiras das compras planejadas por 10 dias. "Foi uma bagunça!", ela lembrou descrevendo a cena. 

Os compradores brasileiros estão tomando os Estados Unidos nesta temporada de Natal, um impulso bem-vindo para varejistas dos EUA que enfrentam uma economia lenta. Armados com uma moeda forte, um acesso mais fácil ao crédito e um apetite para compras aparentemente inesgotável, os brasileiros têm deposto nações mais ricas, como o Reino Unido, como os maiores gastadores estrangeiros em mercados-chave dos EUA, como Nova York e Flórida. 

Os brasileiros se tornaram os clientes internacionais mais lucrativos na Flórida, depois de gastarem US $ 1 bilhão nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 61% sobre 2010 e mais do que o dobro do segundo maior grupo gastador, o dos britânicos. 

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Xinhua/Zuma Press
Promoções da "Black Friday" na Macy's, na cidade de Nova York. 

Cerca de 700.000 brasileiros devem visitar Nova York neste ano, mais do que o dobro de 2009. Isso é menos do que o total de britânicos e alemães, mas os brasileiros devem gastar mais do que os dois grupos somados, segundo autoridades locais. 

"Os consumidores brasileiros agora estão no topo da lista de todos os varejistas e, se não, eles estão no topo de suas listas de desejo", disse Fred Dixon, vice-presidente sênior de desenvolvimento do turismo da NYC & Co., autoridade de turismo da cidade. A organização está fazendo campanha no Congresso americano para acelerar o processo de visto para brasileiros, e, eventualmente, acabar com a exigência dele. 

A nova influência global do comprador brasileiro reflete a ascensão da maior economia da América Latina, enquanto os EUA e a Europa permanecem atolados em crises. Uma década de estabilidade monetária e de bons preços das commodities ajudou a tirar milhões de pessoas da pobreza. Para muitos recém-classificados como classe média no Brasil, uma maratona de compras nos EUA é um importante rito de passagem. 

Mas a grande razão para os brasileiros comprarem nos EUA é que tudo, desde os iPads, da Apple, até as camisas da Polo custam metade do preço cobrado no Brasil. Com altos impostos, o aumento da inflação e uma moeda sobrevalorizada, a economia relativamente fechada do Brasil se tornou um lugar extremamente caro para fazer ou comprar produtos — não necessariamente uma coisa boa para o crescimento a longo prazo. Os brasileiros economizam tanto comprando nos EUA em vez do Brasil que muitas vezes isso cobre o gasto com a passagem e as contas de hotel. 

"Você pode encontrar tudo isso no Brasil, mas muito mais caro", disse Hélida Geber, uma brasileira em sua primeira viagem à região de Nova York. Ela estava tomando um ar entre as compras de cosméticos, roupas e "presentes para todo mundo", incluindo iPods, da Apple, bolsas e relógios no shopping Jersey Gardens, na cidade de Elizabeth, no Estado de Nova Jersey. 

Localizado a poucos minutos do aeroporto de Newark, na região metropolitana de Nova York, o Jersey Gardens foi descrito como o lugar "que muitos visitam antes mesmo de fazer o check-in nos hotéis", em um guia de compras de 84 páginas para Nova York e Miami que veio de graça com uma edição recente da revista "Veja". As mecas comerciais incluem o Sawgrass Mills Outlet Mall, em Sunrise, na Flórida, que agora oferece culinária brasileira na praça de alimentação. 

Para muitos brasileiros, as coisas nos EUA parecem tão baratas que não é difícil comprar tudo que está à vista. Considere a experiência de Vladimir Lúcio Martins, um funcionário judicial em férias na região de Nova York, em outubro, com sua esposa e filha de 7 anos de idade. Um motociclista ávido, Martins comprou um capacete Shoei por US $ 587, um quarto do que custaria em sua cidade natal, Presidente Prudente, disse ele. 

Mais tarde, num clube de compras em Nova Jersey, ele não pode acreditar no preço do queijo parmesão ralado: US$ 7 por uma embalagem de 680 gramas de queijo parmesão Kraft, uma fração do custo no Brasil. Ele comprou. Seu único arrependimento: Não ter voltado para comprar queijo brie da marca President que estavam por US$ 5. "Foi um sonho de consumo que não se realizou", disse ele mais tarde.


Martins ajudou a economia de Nova Jersey. Mas no Brasil, nem todo mundo acha tão bom que os brasileiros viajem até os EUA para as compras. 

A presidente Dilma Rousseff tem tentado conter a alta do real, com resultados limitados. Nos últimos meses, o governo anunciou vários pacotes de incentivos e outras medidas para tornar a fabricação local e o varejo mais competitivos. Para pagar por eles, o Brasil também estabeleceu um imposto de 6% para compras com cartão de crédito no exterior. 

Até agora pouco tem dado resultado. A moeda caiu um pouco, mas permanece 25% acima do que estava no início de 2009. Os brasileiros estão a caminho de gastar 60% a mais no exterior do que no ano passado, que já foi um recorde. Ao longo do caminho, o consulado dos EUA em São Paulo se tornou o mais movimentado em processos para o visto. 

Por enquanto "boa parte das nossas vendas estão concentradas em coisas que você não pode trazer de volta no avião, como carros e televisores", disse Fabio Pina, economista da associação de varejistas do Brasil, a Fecomércio. Sua filha tinha acabado de voltar dos EUA com um carrinho de bebê e outros objetos para bebês, disse ele.

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Brasil é prioridade para o Santander, diz presidente

Marcial Portela diz que participação do País no lucro do banco espanhol deve passar de 25% este ano para 30% no próximo ano

Glauber Gonçalves, de O Estado de S. Paulo
Matéria publicada em http://economia.estadao.com.br

RIO - Prioridade para o banco espanhol Santander, o Brasil deve ampliar sua participação no lucro global da instituição de 25% para 30% nos próximos dois anos, previu nesta segunda-feira, 19, o presidente da instituição no País, Marcial Portela. O executivo fez a avaliação depois de retornar de uma reunião do Conselho de Administração do grupo, que vê a importância do Brasil crescer num momento de crise em mercados tradicionais da Europa.

"Cheguei hoje de uma reunião no conselho de administração do Grupo Santander e toda a atenção está dedicada ao Santander Brasil", declarou o executivo durante entrevista à imprensa na inauguração de uma agência bancária na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio. Ele acrescentou que, enquanto o cenário se agrava na Europa, a situação do Brasil é "privilegiada". Para Portela, embora não esteja imune às turbulências, o País está bem protegido.

Sobre o aumento dos custos de captação pelos bancos, resultado do agravamento da crise no Hemisfério Norte, Portela afirmou que essas operações ficaram mais caras em dólar e outras moedas estrangeiras, mas não em real. "O custo de captação em real é semelhante ao de antes da crise", revelou.

A agência inaugurada nesta quinta é a segunda do Santander em uma favela. A primeira foi instalada no Complexo do Alemão, no ano passado. Desde a implantação, quando a comunidade ainda era dominada por traficantes armados, o banco atingiu a marca de 1,2 mil clientes e 100 pequenas empresas atendidas.

Com o plano de intensificar a atuação na concessão de crédito a pessoas físicas e pequenas empresas, a instituição já estuda outros mercados, no Rio e em São Paulo, similares ao Alemão e à Vila Cruzeiro. Mas os executivos do banco não dão mais detalhes desses planos. "Vamos continuar com uma atividade muito intensa em microcrédito, não só em comunidades, mas em todo o Brasil", disse Portela.

Questionado sobre o potencial que uma eventual aquisição da financeira Losango traria ao Santander para crescer entre as classes C, D e E, o presidente do banco evitou comentar as informações de que estaria negociando com a financeira do HSBC no Brasil. "Quanto à Losango, eu não sei. Não tenho relacionamento com eles", esquivou-se. 

Novo Mercado. Até outubro do ano que vem, o Santander Brasil pretende ter 25% de suas ações negociadas no mercado. O patamar é uma exigência da BM&F Bovespa às empresas que integram o Novo Mercado, ambiente de mais alto nível de governança da bolsa. Portela revelou que, embora a instituição possa recorrer a uma permissão especial para prorrogar o prazo por mais dois anos, a intenção é cumprir o prazo acertado inicialmente. 

"Não havendo condições suficientes para colocar esses 3% e atingir os 25% que devemos ter de free float na bolsa, teríamos de pedir uma permissão especial para prorrogar essa obrigação por mais dois anos", declarou. "Mas a intenção é ficar dentro do período comprometido com o regulador da bolsa."

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‘FT’: Com Bolsa Verde, Rio pode virar polo financeiro alternativo

Sílvio Guedes Crespo
Matéria publicada no blog Radar Econômico

O jornal britânico “Financial Times” destacou na primeira página de seu site, no domingo (19), a notícia de que o Rio de Janeiro lançará amanhã a primeira bolsa de valores da América Latina voltada para ativos relacionados ao meio ambiente. 

A Bolsa Verde do Rio de Janeiro, que será conhecida pela sigla BVRio, terá negociações de produtos já conhecidos, como créditos de carbono, mas também terá novidades, como papéis relacionados ao código florestal brasileiro, que exige de fazendeiros manter certo espaço de floresta dentro de sua propriedade. 

Na avaliação do “FT”, o lançamento da Bolsa Verde é mais um sinal de que o Rio de Janeiro está em um ponto de virada. A cidade, que vinha perdendo importância para São Paulo no mercado financeiro, agora busca um nicho para se estabelecer como um polo alternativo à capital paulista. 

No mês passado, a Direct Edge, quarta maior operadora de bolsa dos Estados Unidos, anunciou que abriria uma unidade no Rio. Ainda, a agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito da cidade, apesar da crise mundial. 

O “FT” afirma que a Bolsa Verde do Rio terá dois desafios. Primeiro, terá que lidar com o esfriamento do mercado de crédito de carbono. Segundo, precisará enfrentar a concorrência da BM&FBovespa, que já tem um programa de negociação de carbono e não permite que outras empresas usem seu sistema liquidação e custódia de ativos.


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