segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ANÁLISE-Falta de indicadores ofusca rumos do setor imobiliário

Por Vivian Pereira
Reuters - http://br.reuters.com/

SÃO PAULO (Reuters) - Contrariando a robusta demanda por imóveis, escassez ainda é a palavra que rege o setor imobiliário no Brasil. Escassez não apenas de mão de obra e terrenos adequados para construção, mas carência de estatísticas sobre um mercado que, há cerca de cinco anos, apresenta crescimento constante.

Após quase duas décadas em que esteve subvalorizado, o setor imobiliário passa a ter agora a necessidade de consolidar dados estatísticos em nível nacional e contar com indicadores oficiais, tanto de vendas quanto de preços, capazes de permitir prever e avaliar movimentos de estabilização, queda ou alta.

O primeiro entrave para se chegar a dados oficiais, na visão de quem acompanha o setor, esbarra no fato do setor ser formado, em grande parte, por empresas familiares, de porte menor, dificultando a obtenção de números confiáveis.

"No Brasil é muito complexo obter dados com precisão. O processo de levantamento de dados exatos exige ronda nos cartórios --e ainda existe ilegalidade em registros--, além da composição de todos bancos que têm carteira hipotecária", afirma o economista e professor de Finanças Ricardo Torres, da BBS Business School.

Diferentemente de muitos países desenvolvidos, que têm dados sobre a indústria imobiliária muitas vezes fornecidos pelo governo, no Brasil a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) vem buscando consolidar pesquisas dos principais mercados do país. Essas pesquisas, entretanto, são resultado de iniciativas isoladas de sindicatos e associações.

O Secovi-SP, por exemplo, sindicato que representa o setor na capital paulista, divulga mensalmente dados de vendas e lançamentos de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo. Os números, contudo, parecem conflitantes quando se comparam aos resultados das principais construtoras e incorporadoras do país, que têm forte atuação na cidade.

Para o analista Marcos Paulo Fernandes Pereira, da Votorantim, esse tipo de dado acaba por não refletir a realidade das empresas grandes. "São dados muito pulverizados, de associações. Por considerar empresas familiares e menores, representa uma base ruim de comparação para empresas listadas na bolsa e distorce a capacidade financeira das grandes".

Segundo o Secovi, no primeiro semestre deste ano as vendas de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo recuaram 31,3 por cento na comparação com igual intervalo de 2010.

Por outro lado, se considerados os dados divulgados pelas seis construtoras e incorporadoras que integram o Ibovespa, as vendas cresceram 13,6 por cento no mesmo período.

"As pesquisas têm margem de erro muito grande porque dependem de entrevistas com empresas, que podem ter interesses pessoais", acrescenta Torres.

O levantamento do Secovi, que inclui tanto imóveis na planta quanto prontos, depende, de fato, da colaboração das empresas --de todos os portes-- que não são obrigadas a fornecer os números regularmente.

"Imóvel não é um produto padronizado e uma série de fatores, como localização, área útil ou infraestrutura, dificultam as comparações", diz o gerente de economia e estatística do Secovi-SP, Roberto Akazawa. "Não existe nenhuma regra ou lei que determine aos Estados fazer essa medição."

Prova disso é que o Secovi no Rio de Janeiro, uma das capitais com mercado imobiliário mais aquecido, não contabiliza as vendas de moradias mensalmente, como ocorre em São Paulo.

NOVOS INDICADORES

A pedido do governo, institutos de pesquisa estão em fase de preparação de dois novos índices para acompanhar a valorização de imóveis residenciais.

Um deles está sendo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto o outro vem sendo elaborado por Fundação Getulio Vargas (FGV) e Abecip, que representa as entidades de crédito imobiliário e poupança. Ambos não devem ser lançados antes de 2012.

"A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) também está em contato com o Secovi para analisar a viabilidade de um indicador nacional para imóveis novos, mas ainda em fase inicial, sem previsão (de lançamento)", afirma Akazawa.

Atualmente, a Fipe divulga todos os meses um índice de preços de imóveis residenciais que considera apenas unidades anunciadas, na maioria usadas, em parceria com o Zap Imóveis. Já a FGV pesquisa a valorização dos imóveis comerciais trimestralmente.

"Essas instituições farão um bom trabalho, pela credibilidade que possuem, mas terão dificuldade em obter dados confiáveis", afirma Torres, que não acredita no lançamento de um indicador nacional oficial para o setor no curto prazo.

"É urgente a necessidade de um índice confiável para nortear o rumo do setor, evitando visões distorcidas e infundadas. Mas isso só vai acontecer com o movimento consolidado das instituições do governo", acrescenta ele.

Brasil exporta 568 mil empregos

Desde o início da crise, País perde vagas na indústria por conta da queda nas exportações e da alta nas importações de manufaturados

Raquel Landim, de O Estado de São Paulo
SÃO PAULO - A crise global provocou profundas mudanças na balança comercial da indústria. Desde o início da turbulência, a queda nas exportações e o aumento nas importações de manufaturados custou 568 mil empregos industriais no País, conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 

A Fiesp estimou os empregos diretos e indiretos gerados pelas exportações e perdidos via importações. O cálculo aponta que, em 2008, o comércio internacional rendia à indústria 388 mil empregos. De janeiro a junho deste ano, o resultado foi negativo em 180 mil vagas. O número acima é a soma dos dois valores. 

"São as duas faces da mesma moeda, que é a perda de competitividade. O real forte prejudica capacidade exportadora da indústria e eleva a concorrência no mercado local", diz Paulo Francini, diretor do departamento econômico da Fiesp. Em 2008, os manufaturados respondiam por 48% das exportações. No primeiro semestre deste ano, a participação caiu para 38%. 

Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o Brasil se tornou alvo para empresas ao redor do mundo, que desenvolveram canais de venda desde o início da crise e agora colhem os frutos. "O marco da entrada de importados no Brasil é 2011." 

O saldo de empregos no comércio exterior piorou em relação a quase todos os parceiros comerciais, com exceção de Mercosul e África. A China foi a responsável pela maior perda de vagas. No primeiro semestre, o Brasil exportou 236 mil empregos industriais para o gigante asiático. 

Com a crise global, exportadores europeus e americanos também elevaram suas vendas para o Brasil. O País exportou 64 mil vagas para os EUA e 35 mil vagas para a UE de janeiro a junho deste ano. O comércio com o Mercosul, no entanto, gerou um saldo positivo de 62 mil empregos. 

Setores. O levantamento da Fiesp aponta que o setor têxtil e o de confecção é o mais prejudicado pelo comércio exterior. No primeiro semestre, a queda das exportações e o aumento das importações custou 186 mil vagas. 

É o dinamismo do mercado local que mantém a geração de empregos no setor, embora em ritmo bem mais lento que no ano passado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as tecelagens e confecções geraram 5 mil novos empregos no primeiro semestre, contra 17 mil no mesmo período de 2010. Em maio e junho, no entanto, o saldo foi negativo em 600 vagas. 

"Deveríamos já ter começado as contratações de fim de ano, mas não foi possível", disse Aguinaldo Diniz, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). "O mercado interno desacelerou um pouco, acompanhando a redução do crédito, mas outro problema é a concorrência dos importados." 

No setor calçadista, foram perdidas 1,5 mil vagas entre maio e julho - comparado à geração de 9,5 mil vagas no mesmo período em 2010. Os empresários reclamam do descompasso entre o desempenho do varejo e a produção da indústria local. 

A produção de calçados caiu 10,7% em junho em relação a junho de 2010, enquanto as vendas no varejo subiram 12%. "O mercado interno segue forte, mas as exportações caíram e as importações cresceram muito", disse Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados). 

No setor de máquinas, o nível de emprego é parecido com o de 2008. Carlos Pastoriza, diretor-secretário da Associação Brasileir da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), diz que estão sendo perdidas vagas nas empresas terceirizadas que fabricam peças. 

Segundo Rafael Bacciotti, analista da Tendência Consultoria, a geração de empregos pela indústria está acompanhando a sua capacidade de produção, que "vem andando de lado há um bom tempo". Ele afirma que os brasileiros continuaram consumindo neste início de ano, mas a indústria perdeu espaço para as importações.

sábado, 3 de setembro de 2011

Brasil é o país mais empreendedor do G20

Matéria publicada originalmente pela Revista Fator
http://www.revistafator.com.br/

O Brasil é o país mais empreendedor do G20 – grupo das 20 nações mais ricas do mundo, onde 17,5% da população está a frente de um negócio. O índice coloca os brasileiros a frente dos chineses, que ocupa a 2ª colocação, com 14%. Os dados foram divulgados ontem, dia 1º, pelo gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional, Ênio Pinto, durante o Seminário Gestão da Micro e Pequena Empresa – Desafios, Cenários e Perspectivas, realizado na sede do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES). 

Este resultado é alcançado basicamente pelo alto número de empreendimentos de micro e pequeno porte no país, que representam 99,1% dos negócios formais. No Estado, são mais de 118 mil negócios formais que se enquadram nesta categoria, o que significa 99% dos empreendimentos legais. 

“As MPEs possuem ampla participação na economia brasileira, representando 25% do PIB nacional. Elas também cumprem um papel importante econômico social, já que absorve quase 60% da força de trabalho do setor formal urbano. Além disso, o Espírito Santo possui cerca de 35.300 empreendedores individuais”, analisa o presidente do CRA-ES, Marcos Félix Loureiro. 

Gargalos-Apesar de estar em plena expansão e desenvolvimento, o Brasil ainda lida com alguns gargalos, como a carência de investimentos em inovação e tecnologia, principalmente os destinados a empreendimentos de pequeno porte. 

No Espírito Santo a situação é semelhante. Além disso, ainda falta capacitação para os gestores, o que contribui para aumentar a mortalidade das empresas no Estado. Atualmente, 68% dos empreendimentos fecham as portas por causa de falhas gerenciais. “A maioria dos novos empreendedores não fazem pesquisa e não possuem pensamento de crescimento e inovação. É necessário investir em gestão, qualificação e estratégias para avançarmos”, ressalta o gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional, Ênio Pinto. 

Para Enio, as pessoas criam as empresas para suprirem necessidades financeiras, enquanto não possuem outra fonte de renda. “Elas não investem no negócio como empreendimento e, assim que arrumam um emprego, fecham a empresa por não terem visão de crescimento e gestão”, disse. 

“Durante muito tempo, o desenvolvimento do Estado foi pensado a partir das grandes indústrias. Hoje, entendemos que os pequenos empreendimentos são muito bem-vindos e crescem cada vez mais. Dessa forma, queremos pensar estratégias para a recuperação e a redução da mortalidade das empresas”, afirmou o vice-governador, Givaldo Vieira. 

O Espírito Santo-Os capixabas se destacam nacionalmente quando o assunto é empreendedorismo. As empresas do Estado possuem a maior taxa de sobrevivência até dois anos (85,8%) e o CRA do Espírito Santo foi o que mais registrou Pessoas Jurídicas nos primeiros seis meses de 2011, em comparação aos CRA’s de outros Estados. Foram 179 novos registros, crescimento de 12,83% em relação ao final de 2010. 

No Espírito Santo, existe uma empresa de micro ou pequeno porte para cada grupo de 30 habitantes. Esta é a conclusão tirada a partir do cruzamento de dados do MpeData, com dados habitacionais do Censo 2010 do IBGE.

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Tags: empreendedorismo, micro-pequenas-empresas, brasil, g-20, empreendedor, inovação, tecnologia, gestão, tomada-decisões, sebrae