domingo, 12 de junho de 2011

O mercado da música e a internet. É o fim do CD?

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

O mercado da música foi sacudido por grandes mudanças a partir do surgimento e massificação da internet. O aumento da velocidade nos meios de comunicação possibilitou que informações, inclusive a música, passassem a ser divulgadas em larga escala, quebrando as barreiras geográficas, num curto espaço de tempo.

As mídias sociais utilizadas por milhões de pessoas diariamente exemplificam a grande capacidade de circulação de informações numa escala global. Informações sobre fatos públicos ou particulares ocorridos nos mais longínquos locais podem ser divulgados nas referidas mídias sociais e chegar aos cincos continentes num espaço de tempo até pouco tempo inimaginável.

O surgimento da internet como meio de acesso a conteúdos audiovisuais gerou uma crise no mercado musical que atua na produção e distribuição de música em meio físico (CDs, DVDs, Blu-Ray, etc).

O relatório “Mercado Brasileiro de Música 2009”, publicado em setembro de 2009 pela Associação Brasileira de Produtores de Discos – ABPD, mostra números que clarificam a dimensão do efeito internet na comercialização de CDs e DVDs. Veja os números.

Ano                   Vendas Totais CDs+DVDs (R$)               Unidades Totais (CD+DVD) 
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2002                  726 milhões                                                 75 milhões
2003                  601 milhões                                                 56 milhões
2004                  706 milhões                                                 66 milhões
2005                  615,2 milhões                                              52,9 milhões
2006                  454,2 milhões                                              37,7 milhões
2007                  312,5 milhões                                              31,3 milhões
2008                  312,2 milhões                                              27,6 milhões
2009                  315,6 milhões                                              25,7 milhões
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Fonte: ABPD (valores reportados pelas maiores companhias fonográficas operantes no Brasil à ABPD.)

É possível facilmente identificar a queda no faturamento das companhias fonográficas. As vendas totais de CDs e DVDs que em 2009 somaram R$ 315 milhões que representam apenas metade do faturamento obtido em 2002 que foi de R$ 726 milhões.


Vídeo da "Banda mais bonita da cidade", no Youtube, com 5 milhões de acesso em 3 semanas

As gravadoras buscam acompanhar o ritmo de mudança ingressando no mercado digital da música. No entanto, a participação do mercado digital em seu faturamento total ainda está na casa de 11% (informações de 2009) atingindo um faturamento de R$ 42,7 milhões. Desse total, 58,7% foram representados por receitas advindas da Internet (R$ 25.121 milhões) e 41,3%, vendas de música digital via telefonia móvel (R$ 17.657 milhões).

Porém, a distribuição, troca e comercialização da música em meios digitais constituíram-se como fato irreversível. A facilidade de divulgação por parte do meio artístico independente e a facilidade de acesso pelo lado do grande público, levam a consolidação da internet como principal meio de interação entre artista e público, não excluindo as apresentações ao vivo que podem ser consideradas como outro tipo de entretenimento e lazer.

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sábado, 11 de junho de 2011

Indústria reduz investimento, mas quer manter inovação

Investimentos das empresas devem cair 4,7% em relação 2010, porém recursos destinados à inovação devem dar um salto de 16,6%'32

Marcelo Rehder, de O Estado de S. Paulo

Pressionada pela desaceleração da atividade econômica e pelo avanço dos produtos importados, a indústria brasileira de transformação deverá reduzir seus investimentos este ano, menos em inovação. Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) indica que os investimentos das empresas do setor deverão somar R$ 167,15 bilhões, o que representará redução de 4,7% em relação aos R$ 175,4 bilhões de 2010.
Os recursos para a inovação de processos e produtos, no entanto, deverão crescer 16,6%, de R$ 17,4 bilhões, no ano passado, para R$ 20,3 bilhões, agora.

As projeções têm como base uma pesquisa feita com 1.220 empresas com fábricas em todo o País. Desse total, 33% disseram que não pretendem fazer nenhum investimento em 2011. O número é consideravelmente maior que o do ano passado, quando só 23,6% declararam que não fariam investimentos.

O investimento em máquinas e equipamentos ainda é a principal parcela dos investimentos empresariais. Deverá representar 73% do total previsto para 2011, apesar da redução de 7,3% no valor, de R$ 133,1 bilhões para R$ 122,4 bilhões. Também deverá haver queda de 8,2% dos investimentos em gestão e de 1,5% em pesquisa e desenvolvimento.

"As empresas adotaram estratégias mais defensivas em 2011, voltando-se mais para a eficiência produtiva em detrimento da expansão", diz o diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, coordenador do trabalho.

Os empresários reclamam do aumento dos juros, da excessiva valorização do câmbio e da elevada carga tributária, entre outros fatores que encarecem o custo de produção no País e favorecem as importações.

Se em 2003 os produtos importados eram responsáveis po 12,5% do consumo interno brasileiro, em 2010 essa parcela quase dobrou, para 21,8%, frisa Roriz.

Diferenciação

No setor de couros e calçados, a diferenciação parece ser a única opção, pois concorrer com os importados via preço é cada vez mais ineficaz para o produto brasileiro.

"Só não abandonamos os investimentos em inovação", diz o empresário Wayner Machado da Silva, sócio diretor da Free Way Calçados e dono do Curtume Tropical, de Franca (SP). "Essa é a área que hoje garante a empresa em funcionamento."

A busca de produtos mais baratos deu lugar ao desenvolvimento de novos produtos. Apesar da sobretaxa de US$ 12,85 o par, os calçados chineses continuam a entrar no Brasil, por meio de operações ilegais de triangulação com países como o Vietnã.