terça-feira, 31 de maio de 2011

Financiamento do investimento no Brasil

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

A disponibilidade de recursos e a existência de mecanismos viáveis de financiamento do setor privado apresentam-se como questões de grande importância e que podem ser determinantes para a manutenção e sustentabilidade do crescimento da economia brasileira. As condições de financiamento ao setor privado são responsáveis por ditar o ritmo da taxa de investimento privado que, por sua vez, implica em maior ou menor nível de competitividade da economia brasileira em relação ao mercado global.

As principais fontes de financiamento do setor privado são as operações de captação de recursos no mercado de capitais (oferta de ações, debêntures, títulos, etc) e os financiamentos de curto e longo prazo obtidos junto ao Sistema Financeiro de um país. No caso do Brasil, observa-se que as operações de longo prazo possuem custo menor e representam importante fonte de recursos para o financiamento do investimento privado no Brasil. Contudo, cabe destacar que a maior parte dos recursos utilizados em operações de financiamento de longo prazo é oriunda de Bancos Públicos (BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia).

As altas taxas de juros praticadas no Brasil, a liquidez do mercado, o baixo volume de poupança de longo prazo e a preocupação com inflação são alguns dos motivos atribuídos a uma participação mínima dos bancos privados no financiamento do investimento no país.

Soluções visando à ampliação da participação dos bancos privados no financiamento do investimento vêm sendo debatidas e, apesar da inexistência de medidas concretas, existe a expectativa de acordos entre Bancos e Governo para a criação de ferramentas que possibilitem a ampliação da participação das instituições financeiras nas operações financiamento de longo prazo facilitando assim a redução da participação do governo através de taxas de juros subsidiadas do Sistema BNDES e outros programas governamentais.

Preços dos alimentos vão dobrar até 2030, prevê ONG britânica

Da BBC Brasil

Brasília - Os preços de alimentos básicos devem mais do que dobrar em 20 anos, a não ser que líderes mundiais promovam reformas, alertou hoje (30) a organização não governamental (ONG) britânica Oxfam.

Até 2030, o custo médio de colheitas consideradas chave para a alimentação da população global vai aumentar entre 120% e 180%, prevê a organização em seu relatório Growing a Better Future (Plantando um Futuro Melhor).

Metade desse aumento de custos deverá ser creditada a mudanças climáticas. Sendo assim, para a Oxfam, é preciso que os líderes globais trabalhem tanto para regular os mercados de commodities como para a criação de um fundo climático global.

“O sistema [de negociação] de alimentos deve ser revisto se quisermos superar os crescentes desafios relacionados a mudanças climáticas, aumentos no preço da comida e falta de terras, água e energia”, disse Barbara Stocking, executiva chefe da Oxfam.

No relatório, a Oxfam ressalta quatro áreas de alta insegurança alimentar – locais onde já existem dificuldades para alimentar os habitantes.

O primeiro deles é a Guatemala, onde 850 mil pessoas são afetadas pela falta de investimentos estatais em pequenos agricultores e pela alta dependência de alimentos importados, diz a ONG.

O segundo é a Índia, onde a população gasta em comida duas vezes mais que cidadãos britânicos (proporcionalmente ao que recebem de salário). Um litro de leite pode custar cerca de R$ 26 na Índia.

Em terceiro, a Oxfam cita o Azerbaijão, onde a produção de trigo caiu 33% no ano passado em decorrência de más condições climáticas, forçando o país a importar grãos da Rússia e do Cazaquistão. Os preços dos alimentos no país subiram 20% em dezembro de 2010 em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Em quarto está o Leste da África, onde 8 milhões de pessoas enfrentam atualmente falta crônica de alimentos por causa da seca. Mulheres e crianças estão entre os mais afetados.

O Banco Mundial também advertiu que o aumento nos preços dos alimentos está levando milhões de pessoas para a pobreza extrema.

Em abril, a instituição informou que os custos dos alimentos haviam aumentado 36% em um ano, em parte devido aos distúrbios no Oriente Médio e no Norte da África.

Para a Oxfam, é preciso que haja mais “transparência” nos mercados de commodities e regulamentação de mercados futuros; um aumento de estoques de alimentos; o fim das políticas que promovam biocombustíveis [por supostamente ocupar terras que poderiam servir para a agricultura]; e investimentos em cultivos familiares, em especial os comandados por mulheres.

Segundo Barbara Stocking, “uma em cada sete pessoas no planeta passa fome apesar de o mundo ser capaz de alimentar a todos”.