domingo, 28 de junho de 2015

Energias renováveis devem saltar de 14% para 51% no Brasil até 2040

Matéria publicada em http://www.ecodesenvolvimento.org/

Até 2040, o Brasil deverá atrair US$ 300 bilhões em investimentos para geração de energia elétrica — a maior parte desses recursos (70%) irá para projetos solares e eólicos, prevê o estudo Energy Outlook (NEO), feito pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF).

O país vai adicionar 250 gigawatts (GW) de nova capacidade nos próximos anos, chegando a 383GW, um aumento de 189% em sua capacidade total. Cerca de 89% disso, prevê o estudo, serão compostos de energias renováveis, inclusive de pequenas e grandes hidrelétricas.

No entanto, a grande mudança vem participação das renováveis eólica, solar e biomassa, que deverá saltar do atuais 14% de capacidade instalada para nada menos do que 51% em 2040.

"A crise no setor energético nos últimos meses, agravada pela seca, destacaram a necessidade de o país diversificar sua matriz energética", destacou à Exame Lilian Alves, analista da Bloomberg New Energy Finance.

"E o grande potencial de diversificação está nas fontes renováveis, não necessariamente em termelétricas a óleo combustível", enfatiza lilian.

À medida que o país expande a capacidade e a geração a partir de fontes alternativas, ele aumenta sua segurança energética e a resiliência frente a fenômenos extremos.

Boom solar

De acordo com a especialista, a energia eólica receberá R$ 84 bilhões; outros US$ 26 bilhões vão para biomassa, enquanto projetos de grandes e pequenas hidrelétricas receberão US$ 23 bilhões.

Um terço dos US$ 300 bilhões esperados até 2040 (US$ 125 bilhões) será destinado a energia solar. Projetos de grande escala, com mais de 1 Megawatt (MW), receberão R$ 31 bilhões.

Já a geração distribuída deverá atrair US$ 93 bilhões, tornando-se a grande estrela dessa nova revolução energética.

"Independência energética"

Instalar sistemas fotovoltaicos no telhado de casa e em edifícios residenciais e comerciais deve virar um ótimo negócio, seguindo tendência mundial.

"Com a previsão de queda acentuada de custo nas próximas duas décadas, a população vai começar a olhar para a energia solar em busca de independência energética", avalia Lilian.

Algumas mudanças pavimentam essa transformação. Medidas adotadas pela Aneel na resolução 482, há dois anos, são um grande passo nesse sentido.

Além de regulamentar a produção de energia solar no país, as regras vislumbraram um sistema de compensação de créditos a favor do consumidor, o que ajuda a viabilizar economicamente os sistemas de energia solar.


Tags: energias-renováveis, inovação, energia-eólica, energia-hidrelétrica

domingo, 24 de maio de 2015

NOVO SERVIÇO DA AMAZON ALUGA CABRAS PARA COMER O RELVADO

Matéria publicada em http://www.sapo.pt/ 

A Amazon tornou-se num gigante global devido à forma rápida e barata como permitia – e permite – encomendar livros, mas há muito que é um verdadeiro retalhista global e diversificado, onde se podem comprar mercearias, roupa, brinquedos, ver filmes ou adquirir todo um leque de produtos necessários e desnecessários.

O novo serviço da empresa, porém, está a surpreender o mercado. A Amazon vai alugar grupos de cabras, que irão até às casas das pessoas para comer a relva, aparando o local.

A empresa norte-americana diz que esta é uma alternativa sustentável ao cortador de relva. E não andará muito longe da verdade, ainda que o serviço esteja apenas disponível em áreas específicas do território norte-americano. Sobretudo rurais, diríamos.

Por outro lado, avança o Inhabitat, os dejectos deixados por estes animais acabam por enriquecer o terreno e melhorar a qualidade do relvado. Segundo o site, a Amazon não é a primeira empresa a reconhecer a utilidade das cabras para aparar os relvados: Google e Yahoo utilizam os animais para manter os relvados das suas sedes em bom estado, ao invés de máquinas.

De acordo com o Inhabitat, a Amazon é o único sítio onde podemos reservar uma equipa de cabras especialistas em cortar relvados. “É isso que elas fazem melhor, na verdade: comer tudo o que encontram no seu caminho”.

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Tags: amazon, inovação, cabras, mundo-verde, idéias

domingo, 19 de abril de 2015

Desperdício do alimento mundial é de um terço

Publicado em http://www.ecodesenvolvimento.org

Por Marcus Eduardo de Oliveira*

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) comprovam que o nível do desperdício de alimento mundial é de um terço.

O rastro de desperdício de alimentos em escala global é da ordem de 1,3 bilhão de toneladas (excluindo peixes e frutos do mar), ocasionando, além de significativas perdas econômicas (750 bilhões de dólares por ano), também forte impacto ambiental, pois essa enorme perda, excetuando China e EUA, se fosse um país, seria a terceira maior emissora de gases causadores de efeito estufa (são 3,3 bilhões de toneladas de gases nocivos).

Cabe apontar que os gases de efeito estufa (GEE) modificam o balanço atmosférico entre carbono e oxigênio, dos quais depende o equilíbrio ecológico e a reprodução da própria vida.

Junto com a produção de alimentos desperdiçados, perde-se também água, energia e produtos químicos usados na produção alimentícia. Somente o volume de água “perdido” nesse desperdício equivale ao fluxo anual do rio Volga, na Rússia, aponta o relatório da FAO.

Esse desperdício de alimentos consome cerca de 250 quilômetros cúbicos de água e ocupa cerca de 1,4 bilhão de hectares, grande parte de habitat natural transformado para tornar-se arável.

A conta monetária ao ano desse desperdício brasileiro gira ao redor de R$ 80 bilhões em alimentos, energia, água e demais recursos que simplesmente viram lixo

O relatório intitulou essa perda de “pegada do desperdício alimentar”, em alusão à pegada ecológica, ou seja, é a medida que traduz em hectares globais (ha) a quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar o consumo de uma população. Num mundo em que quase 1 bilhão de pessoas sofre de profunda e crônica carência alimentar, o desperdício de alimentos chega a impressionante cifra de 1/3 de toda a produção mundial.
A redução de desperdício de alimentos não só evitaria a pressão sobre recursos naturais escassos, mas também diminuiria a necessidade de aumentar a produção de alimentos em 60%, a fim de atender a demanda da população em 2050, aponta o relatório da FAO.


A situação brasileira

Em matéria de desperdício, lamentavelmente o Brasil tem alcançado as primeiras posições no ranking dos países que não sabem fazer bom uso dos recursos naturais e, em especial, da produção agrícola. De toda a água produzida no país, por exemplo, 46% se perdem pelos ralos; o que equivale a quase 6 bilhões de m3 por ano. Em relação à energia elétrica desperdiçamos 43 terawatt-hora (TWh), dos 430 (TWh) consumidos.


Essa perda (exatamente de 10%) é superior ao que é consumido pela população do estado do Rio de Janeiro, de acordo com estudos elaborados pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco).

Já no que concerne aos alimentos, estimativas apontam um desperdício a cada ano de 26,3 milhões de toneladas de comida jogados fora: volume suficiente para distribuir 131,5kg para cada brasileiro ou 3,76kg para cada habitante do planeta. Toda essa comida alimentaria facilmente 13 milhões de brasileiros que ainda passam fome, nas contas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Nossa perda agrícola é de 44% de tudo o que é plantado: 20% durante a colheita, 8% entre o transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. Somando-se as perdas decorrentes dos hábitos alimentares e culinários, tem-se mais 20% de alimentos que são estragados (incluindo o elevado consumo de carnes branca e vermelha que é de 94 quilos em média per capita/ano), o que faz subir então para 64% o nível de desperdício de alimentos.

A conta monetária ao ano desse desperdício brasileiro gira ao redor de R$ 80 bilhões em alimentos, energia, água e demais recursos que simplesmente viram lixo.

(*) Professor de economia. Especialista em Política Internacional e Mestre em Integração da América Latina (USP). 

prof.marcuseduardo@bol.com.br

Tags.: produção-alimentos-desperdício, consumo-consciente, economia, natureza, ecologia