segunda-feira, 26 de março de 2012

Fuga de capitais enfraquece o yuan

Matéria publicado no The Wall Street Journal

Para saber quais as perspectivas para a China, siga o rastro do dinheiro. 

Operadores nos mercados de câmbio da China estão relatando duas semanas de vendas de yuans — sugerindo que o capital está saindo do país. Cálculos baseados em dados do banco central chinês sugerem que muito capital especulativo deixou o país em quatro dos últimos cinco meses, totalizando uma fuga de capital de mais de 200 bilhões de yuans (US$ 31,7 bilhões). 

As expectativas menores para a valorização do yuan formam grande parte do quadro. O banco central fixou a cotação do yuan em uma alta recorde frente ao dólar na sexta-feira e na segunda-feira. Apesar disso, a moeda chinesa registrou alta de apenas 0,2% contra o dólar no primeiro trimestre. Isso se compara com uma valorização de 5,1% em 2011. Com poucas esperanças de lucros fáceis por meio da taxa de câmbio, o capital especulativo está rumando para a porta da saída. 

Há implicações políticas importantes. Um êxodo de fundos do sistema financeiro chinês ameaça exaurir a liquidez dos bancos e torna mais provável que o banco central afrouxe sua política, provavelmente reduzindo a proporção de reservas bancárias compulsórias. Não é coincidência que a primeira queda nessa proporção – uma iniciativa que libera os depósitos bancários para empréstimos – ocorreu em novembro, depois de dois meses de fuga de capital. 

Ações destinadas a aumentar a flexibilidade do regime cambial da China podem ser adiadas. O yuan atualmente é negociado contra o dólar em uma faixa de 0,5% acima ou abaixo da cotação fixada diariamente. O banco central deseja ampliar essa faixa para permitir maior flexibilidade nos dois sentidos, reduzindo os estímulos aos investidores que fazem apostas de mão única na apreciação do yuan ao trazer capital especulativo para o país. 

Mas o banco central chinês ainda vive sob a grande sombra da crise financeira asiática, quando repentinas fugas de capital deixaram países vizinhos de joelhos. Ampliar a faixa num momento em que o capital especulativo já está saindo do país poderia provocar uma pressão ainda maior para a venda de yuans. Isso significa que a mudança na política cambial, há muito aguardada, provavelmente ficará em suspenso pelo menos por um pouco mais de tempo.


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Tags: China, Economia-Emergentes, Brics, política-cambial, guerra-cambial, capital-especulativo, fuga-capitais

quarta-feira, 21 de março de 2012

Doenças por fumo custam US$ 185 milhões aos brasileiros, diz pesquisa



Sílvio Guedes Crespo
Matéria publicada no Blog Radar Econômico

Os brasileiros gastaram US$ 185 milhões (R$ 340 milhões, na cotação atual) tratando de doenças relacionadas ao uso do tabaco, segundo o mais recente relatório da Fundação Mundial do Pulmão. Esse valor inclui as despesas dos setores público e privado com o problema. 

O número é relativamente baixo se comparado com outros países. Nos Estados Unidos, cuja população é apenas 64% maior que a brasileira, o chamado “custo direto do tabaco”, nas palavras da fundação, somou US$ 96 bilhões. 

O estudo inclui diversos outros dados sobre a indústria de tabaco, entre eles um cálculo curioso: para cada US$ 6 mil que as empresas de fumo lucram, uma pessoa morre em decorrência do tabagismo. 

O dado resulta de uma divisão do lucro estimado das seis maiores companhias de tabaco do mundo em 2010 (US$ 35 bilhões) pelo número de pessoas que morreram de doenças causadas pelo fumo (6 milhões). 

Não custa dizer que essa constatação vale apenas como curiosidade. Logicamente, não pode ser interpretada ao pé da letra, como se cada pessoa morresse após gastar US$ 6 mil em cigarros, ou seja, após consumir 2 mil maços de R$ 5 cada.

Íntegra 
Clique aqui para baixar o relatório da Fundação Mundial do Pulmão

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Uma boa conversa é a chave da saúde financeira de um casal


Matéria publicada no The Wall Street Journal

Quando os casais vêm pela primeira vez consultar Bruce Helmer, do Wealth Enhancement Group (Grupo para Aumentar a Riqueza), em Minneapolis, no Estado americano de Minnesota, ele costuma dar a eles um baralho de cartas. Cada carta tem uma palavra que representa um valor, como família, espiritualidade ou aventura, e Helmer pede a cada cônjuge que selecione entre as 50 cartas as 15 que julga mais importantes para si. Por fim, cada um deve reduzir sua seleção para 10 e depois para 5 cartas. Nesse ponto, os dois mostram suas cartas.

Os resultados muitas vezes surpreendem os casais, pois um dos cônjuges talvez nunca tenha imaginado que o outro tem o sonho de escalar o Monte Evereste ou fundar uma ONG. E também indicam uma das maiores dificuldades do planejamento financeiro: conseguir que marido e mulher conversem e expressem o que é mais importante para cada um. 

O trabalho do assessor financeiro é fazer com que a conversa passe de objetivos vagos, como "economizar o suficiente para a aposentadoria", a metas bem reais e concretas, como definir qual o legado que o casal quer deixar na vida. Não é uma tarefa fácil, e exige muito planejamento — e às vezes criatividade — por parte do assessor. 

Kimberly K. Maez, consultora particular para gestão de fortunas na Ameriprise Financial Inc., em Colorado Springs, no Estado do Colorado, dá uma tarefa aos clientes: criar o que ela chama de "livro dos sonhos", usando uma série de perguntas para ajudá-los a desenvolver uma visão para as suas vidas. As perguntas incluem: Como você quer que a sua vida seja daqui a cinco anos? O que é importante para você em relação à família? O que você quer que o seu dinheiro faça para você, para a sua família ou para o legado que você vai deixar? 

Cada cônjuge responde a essas perguntas individualmente e depois conversa sobre o que escreveu. "Eu digo aos clientes que é realmente importante que eles saiam da roda-viva do cotidiano e conversem um com o outro", diz Maez. "Se essas conversas não acontecem ao longo do relacionamento, quando os filhos vão para a universidade a relação tem uma tendência maior a se desintegrar." 

Um casal com quem Maez trabalhou chegou à conclusão de que suas vidas estavam indo em direções diferentes: ele queria viajar para a China e ela queria trabalhar para uma organização de caridade, prestando assistência médica gratuita a pessoas de baixa renda. Antes de discutir de que forma eles poderiam financiar esses objetivos, Maez primeiro pediu ao casal que pensasse se cada um poderia dar apoio ao outro nesses caminhos separados. 

Não foi fácil. No início, ela notou que a mulher ficava de braços cruzados e o homem parava de se envolver na conversa. Mas Maez continuou a fazer perguntas e deixou o casal passar por momentos incômodos de silêncio. Ela então lhes disse para voltar para casa e pensar sobre seus objetivos, individualmente. "Eles perceberam que estão juntos há 25 anos e nunca conversaram sobre a visão de cada um para essa fase da vida", diz Maez. 

Um mês depois, o casal voltou e teve uma conversa aberta, onde cada um teve permissão de dizer o que queria, sem que o outro ficasse na defensiva. 

A mulher, de 60 anos, agora trabalha para uma organização sem fins lucrativos. O marido, de 62 anos, faz periodicamente viagens de duas semanas para o exterior. "Foram as conversas que surgiram a partir do livro dos sonhos que lhes permitiram compreender que cada um tinha que fazer o que queria", diz Maez. Isso, por sua vez, lhes permitiu chegar a um planejamento financeiro mais realista, diz ela. 

Stacy e Barry Johnson, que trabalham juntos em uma consultoria financeira em Casper, no Estado de Wyoming, dizem que o fato de serem um casal os ajuda a entender melhor o funcionamento interno de um relacionamento, quando o assunto é o planejamento das finanças. 

As mulheres muitas vezes se sentem inclinadas a trabalhar com Stacy, e os homens com Barry. "Como casal, temos dois pares de olhos e ouvidos distintos e perspectivas diferentes, o que ajuda os casais a quebrar essas barreiras", diz Stacy, consultora de gestão de investimentos na firma Raymond James Financial Services Inc. 

Os assessores financeiros se lembram de um casal cujo marido tinha guardado muito dinheiro e havia separado as economias em diferentes categorias: viagens e diversão, despesas mensais e despesas para a educação futura dos netos. 

O problema era que a esposa não havia sido envolvida no processo de planejamento financeiro. "Ele sempre pensou em economizar para suas próprias categorias de atividade e não tinha levado as necessidades da mulher em consideração", diz Johnson. "Pedimos que ela expressasse seus desejos." 

Foi a primeira vez que alguém lhe perguntou sobre seus próprios planos de aposentadoria e serviu para lembrá-los que o casamento é uma parceria, na qual ambos os cônjuges merecem ser ouvidos.

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