terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Crise econômica entra na pauta das turnês de rock


O grupo de rock Metallica vem ganhando a vida nos últimos 30 anos rosnando e grunhindo sobre a morte, em hinos apocalípticos como "The Four Horsemen" e "Enter Sandman". 

Agora, os pioneiros do heavy metal estão perdendo o sono por uma razão diferente: a crise financeira da Europa. 

O manager de longa data do Metallica, Cliff Burnstein, está acelerando os planos das turnês da banda para não ser arrastado pelos problemas da dívida europeia. Com o pessimismo dos investidores se espalhando para países mais ricos como a França, Burnstein teme que o euro vá se dissolver, tornando mais difícil para os promotores de shows nos 17 países do bloco do euro pagarem o cachê do grupo. 

Em vez de tocar na Europa em 2013, como inicialmente previsto, o Metallica vai para lá no ano que vem, começando com shows nos festivais Rock Im Park e Rock Am Ring, na Alemanha, no início de junho — onde a banda "thrash" que mais fatura no mundo vai tocar integralmente seu disco de sucesso de 1991, o chamado "Black Album" — seguindo então para a Grã-Bretanha e a Áustria. 

"Olha, não sou economista, mas tenho diploma, e isso ajuda", disse Burnstein certa tarde, sentado na sala dos fundos de seu escritório no centro de Manhattan, usando jeans e uma camiseta vermelha da revista "The Economist" com as palavras "Think Responsibly" ("Pense com Responsabilidade"). "Você tem que se perguntar qual é o melhor momento para fazer o quê, quando e onde." 

A indústria mundial da música já está prejudicada pela queda nas vendas de discos, o preço exorbitante dos ingressos e a economia claudicante. Agora os temores financeiros estão fazendo até mesmo os maiores rebeldes do rock'n'roll fazerem apostas seguras para proteger suas contas bancárias.

O Red Hot Chilli Peppers, de Anthony Kiedis, está afinado com o câmbio 

O Red Hot Chili Peppers, outro grupo que Burnstein administra, junto com o sócio Peter Mensch, também antecipou seus planos para a Europa, depois de lançar sua primeira turnê em quatro anos no trimestre passado. A banda foi tocar na América Latina, apesar das queixas dos fãs americanos, que a queriam ver. Cerca de 75% da receita do grupo vem de turnês no exterior, disse Burnstein. 

Alguns roqueiros se dão mal — e aprendem com a queda. Duff McKagan, ex-baixista da Guns N' Roses, certa vez gastou, sem querer, US$ 40.000 em ternos caros na Itália, porque não percebeu o quanto suas compras — feitas em liras italianas — valiam em dólares. Agora, depois de fazer cursos de administração na Universidade de Seattle, o músico começou a escrever sobre finanças na "Playboy" (a coluna "Duffonomics") e, recentemente, lançou uma empresa de gestão de riqueza para roqueiros, a Meridian Rock Capital Management LP. 

Após a crise financeira mundial de 2008, bandas de rock e seus agentes estão dando mais atenção a preocupações obscuras como taxas de câmbio e tendências econômicas, ao assinarem contratos com promotores de shows em países estrangeiros. Oito meses antes do Metallica subir ao palco na Alemanha, Burnstein decide se a banda deve ser paga em dólares, euros, ou uma combinação dos dois. Se o câmbio oscila de forma a prejudicar os ganhos do Metallica, ele compra instrumentos financeiros derivativos para fixar uma cotação preferencial. Às vezes os preços dos ingressos são aumentados para compensar possíveis perdas cambiais, embora Burnstein evite essa estratégia. 

"Ninguém tem intenção de fazer uma transação cambial para ganhar dinheiro, mas ninguém quer sair perdendo também", disse o manager. 

O problema do euro é o que mais preocupa Burnstein. "Ao longo dos próximos anos, o dólar vai ficar mais forte e o euro mais fraco, e se esse for o caso, quero aproveitar para fazer mais shows na [Europa] agora, porque vão ser mais lucrativos para nós", disse. 

Às vezes, os cálculos de Burnstein estão em harmonia com os desejos de seus clientes. Em setembro, o Chili Peppers viajou pela América do Sul, um destino popular para artistas graças, em parte, à alta das moedas locais que torna mais fácil para os promotores locais pagar artistas americanos especialmente bem. Durante a estada no Brasil, o cantor Anthony Kiedis e o baixista Flea, aficcionados do surfe, aproveitaram para ir pegar ondas antes do Rock in Rio. 

Outras vezes as coisas se complicam. O baixista Flea quer tocar na África, mas o dinâmico Burnstein recusou, dizendo que em termos de infraestrutura e potencial de lucros, o continente — excluindo a África do Sul — ainda não chegou lá. 

Com as nuvens ficando mais negras sobre a Europa, managers como Burnstein estão direcionando seu foco de longo prazo para lugares com moedas mais fortes, como América do Sul, Sudeste Asiático e Austrália. 

"Somos um produto americano de exportação, da mesma forma que a Coca-Cola", disse ele. "Procuramos os melhores mercados para entrar." 

"A Indonésia está na minha lista", disse ele, sorrindo.


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Tags: crise-econômica-rock, música-shows-internacionais, finanças-pessoais, gerenciamento-fortunas, Europa-Eua-América-Latina-Brasil

Brasil deve crescer a taxas chinesas em 2012, projeta ABC Brasil

Por Francine De Lorenzo

SÃO PAULO – O desempenho nulo do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior não deve ser visto como uma tendência, segundo o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza. “Esse resultado é um ponto fora da curva, reflexo das medidas macroprudenciais adotadas no passado. Daqui para frente a tendência é de recuperação, com a economia crescendo a uma taxa anualizada em torno de 8% a partir do segundo semestre”, prevê o economista, que só descarta tal cenário caso haja um agravamento muito forte da crise no exterior. 

O ritmo de crescimento chinês, na avaliação de Souza, será derivado das medidas de incentivo ao consumo e dos cortes de juros promovidos desde agosto deste ano. Pelos seus cálculos, apenas essas medidas já são suficientes para promover uma expansão de 3,5% no PIB no próximo ano. “Deveremos começar 2012 com um crescimento mais fraco e ir acelerando no decorrer do ano. Por isso é preciso ter cuidado ao se adotar novas medidas para impulsionar a economia, lembrando que já estão previstos mais cortes nos juros”, afirma o economista, destacando que incentivos como redução de impostos sobre alguns produtos podem comprometer o ajuste fiscal prometido pelo governo. 

A expansão econômica no próximo ano, diz Souza, deverá ser puxada não só pelo consumo das famílias, mas também pelos investimentos. “Várias obras precisam ser feitas para a Olimpíada e a Copa. Se não ocorrer uma ruptura na Europa, a tendência é o Brasil entrar num ciclo virtuoso de expectativas, que gera investimentos e consumo”, comenta. 

Caso as projeções do ABC Brasil se concretizarem, a herança estatística para o PIB de 2013 deverá ser de 2,7%. “Ou seja, não precisaríamos fazer nada para termos quase o mesmo crescimento esperado para este ano”, observa o economista do ABC Brasil, que prevê expansão de 2,9% na economia brasileira em 2011, com o PIB do quarto trimestre aumentando 0,4% sobre o trimestre anterior. 

Souza ainda considera pouco provável expansão acima de 3% no PIB neste ano, já que para isso a economia brasileira teria que crescer mais que 0,8% no último trimestre deste ano. “Se não fosse pela revisão dos dados do primeiro e do segundo trimestres, seria possível crescer 3,1% em 2011 com expansão de 0,4% no quarto trimestre”, diz. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou para baixo o PIB dos dois primeiros trimestres de 2011, com a alta passando de 0,8% para 0,7% no segundo trimestre e de 1,2% para 0,8% no primeiro trimestre. 

O resultado do terceiro trimestre foi sustentado pelo setor agropecuário, olhando pelo lado da oferta, e pelas exportações, considerando a óptica da demanda. Os demais componentes do PIB apresentaram resultado negativo entre o segundo e o terceiro trimestres. 

Segundo Souza, o desempenho das exportações reflete a desvalorização do real no período, mas também se deve ao fato de o Brasil ser um grande vendedor de commodities agrícolas. “Num quadro de desaquecimento econômico mundial, isso é algo favorável, porque sempre há demanda por alimento”, diz o economista, acrescentando, porém, que as exportações não devem se manter como motor do PIB nos próximos meses. “A tendência é as exportações crescerem menos que as importações”, afirma. “O nível de atividade no Brasil deve ficar acima do registrado lá fora, devido às medidas tomadas para aquecer a economia.”


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Tags: Brasil-China, pib-taxas, crescimento-economia, brics, economistas, crescimento-econômico

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Argentina flerta com o Irã e preocupa os EUA

Por Louis Charbonneau

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A Argentina está discretamente se aproximando do Irã, o que preocupa os EUA e seus aliados, envolvidos num esforço para isolar o governo iraniano por causa do seu programa nuclear, disseram à Reuters diplomatas na ONU.

As relações da Argentina com o Irã estavam praticamente congeladas desde 2007, quando o país conseguiu que a Interpol (a polícia internacional) emitisse mandados de prisão de cinco iranianos e um libanês acusados de participação num atentado que matou 85 pessoas, em 1994, num centro judaico de Buenos Aires.

O Irã negou envolvimento no incidente, mas em julho se ofereceu para conversar com o governo argentino e "lançar luz" sobre o caso.

Dois anos antes do atentado a bomba na entidade judaica Amia, um grupo chamado Organização da Jihad Islâmica, supostamente ligado ao Irã e ao grupo xiita libanês Hezbollah, assumiu a autoria de um ataque que deixou 29 mortos na embaixada de Israel em Buenos Aires.

Durante mais de uma década, a Argentina pareceu ter pouco empenho na investigação. Isso mudou em 2003, quando Néstor Kirchner tomou posse como presidente e prometeu reabrir os processos, qualificando a negligência dos anos anteriores como uma "desgraça nacional".

Anos depois, o ex-presidente iraniano Ali Rafsanjani estaria na lista de pessoas indiciadas por promotores argentinos e procuradas pela Interpol.

Mas agora há sinais de uma reaproximação. As exportações argentinas para o Irã, que haviam despencado durante o afastamento, cresceram 70 por cento no ano passado, chegando a 1,5 bilhão de dólares. O Irã é o maior comprador do trigo argentino, cultivo essencial para a economia do país sul-americano, que luta para aumentar seu superávit comercial.

"Enquanto o resto de nós trabalha para pressionar o Irã a acabar com seu programa de armas nucleares e parar de apoiar o terrorismo, o governo da Argentina tem considerado avançar na direção contrária", disse um diplomata europeu, pedindo anonimato.

Em público, a posição argentina parece ter mudado pouco. Em maio, o procurador Alberto Nisman, chefe de uma unidade especial dedicada exclusivamente à investigação do atentado de 1994, conseguiu a renovação dos mandados de prisão da Interpol.

No mês passado, a Argentina votou com a maioria dos países participantes do comitê de direitos humanos da Assembleia Geral da ONU numa resolução que condenava a situação dos direitos humanos no Irã.

Por outro lado, a presidente Cristina Kirchner disse em setembro na Assembleia Geral que seu país está disposto a dialogar com o Irã, desde que a República Islâmica cumpra sua promessa de colaborar nas investigações do atentado. "Essa é uma oferta de diálogo que a Argentina não pode e não deve rejeitar", disse a presidente em seu discurso.

Diplomatas ocidentais disseram que o embaixador argentino na ONU, Jorge Arguello, causou perplexidade entre seus colegas ao permanecer sentado durante o discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na Assembleia Geral.

Ahmadinejad é conhecido por fazer ataques a Israel, Europa e Estados Unidos nos seus discursos. Em anos anteriores, o representante argentino boicotou o discurso, a exemplo de diplomatas de outros países ocidentais.

O Irã tem todas as razões para querer se reaproximar da Argentina. Enfrentando sanções e um crescente isolamento devido ao seu programa nuclear, o país tem poucos aliados e precisa de amigos. A Argentina é um dos 35 países que compõem a direção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), onde o programa nuclear iraniano é exaustivamente discutido.

Diplomatas dizem que a motivação argentina é menos clara. Alguns diplomatas dizem que, além de ampliar o comércio, os argentinos querem adotar uma política externa mais afinada com a do Brasil, que enfatiza as relações com nações não-alinhadas.

"Em geral, vemos um terceiro mundismo na política externa da Argentina - afirmando a independência em relação às grandes potências, e buscando novas relações com países como o Irã", disse uma autoridade israelense à Reuters, em Jerusalém.

Vários diplomatas europeus observaram que Cristina é aliada de líderes esquerdistas sul-americanos como o venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales, que mantêm estreitas relações com o Irã.

A chancelaria argentina não respondeu aos pedidos da Reuters para comentar o assunto.


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