domingo, 2 de outubro de 2011

Novo grupo de normas contábeis, liderado pelo Brasil, dá voz à America Latina no IASB

Matéria publicada em http://www.revistafator.com.br/

O Grupo, denominado Glenif, é presidido por Juarez Domingues Carneiro, do Conselho Federal de Contabilidade

O Brasil, representado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), foi eleito líder do novo grupo de emissores de normas contábeis dos países da América Latina (Glenif, na sigla em Espanhol ou Glass, em Inglês). O organismo, criado em junho último, é dirigido por Juarez Domingues Carneiro, também presidente do CFC, e tem por objetivo trabalhar em parceria com o IASB (International Accounting Standards Board - Comitê Internacional das Normas Internacionais de Contabilidade), em aspectos técnicos, respeitando a soberania nacional de cada país membro. Além disso, é missão do Glenif promover a adoção da convergência das normas internacionais de Contabilidade e colaborar com governos, reguladores e outras organizações regionais, nacionais e internacionais que contribuam para a melhor qualidade financeira dos Estados.

Na prática, o Glenif (Grupo Latino-Americano de Emisores de Normas de Información Financiera) é formado por 12 países da América Latina. De acordo com Juarez Domingues Carneiro, o IASB, o principal órgão mundial no que diz respeito à padronização e fixação das normas contábeis, “ouve e fala" com o mundo por meio de blocos, procurando consenso entre Europa, América, Ásia e Oceania, os blocos já existentes formalmente.

“Agora, com a criação do Glenif, o Grupo representante dos países latinoamericano passa a ter voz e voto no IASB. Antes da formação do bloco, todo o processo de elaboração das novas normas internacionais era feito sem a participação efetiva do Brasil, dos países da América do Sul e do Caribe. No IASB, a posição consolidada em bloco tem muito mais força do que a opinião manifestada isoladamente por um país. E era justamente o que vinha acontecendo com os países integrantes da América Latina até o surgimento do Glenif”, explica Carneiro.

O Brasil vem implementando as normas internacionais no setor empresarial, incluindo as pequenas e médias empresas, no setor público, de auditoria e terceiro setor. Na visão de Juarez Carneiro, a criação do Glenif mostra o reconhecimento do estágio em que o País se encontra em termos de normatização. “Atuaremos em total parceria com o IASB. Temos, no Brasil, vários aspectos de liderança que estão sendo percebidos internacionalmente. O Glenif beneficiará todos os contabilistas, empresários contábeis e estudantes, além da sociedade de forma geral, visto que trabalharemos em prol da qualidade financeira dos países envolvidos”.

Em agosto, houve uma reunião de planejamento das ações do Grupo, na Venezuela, em que foram traçados os planos e metas do Glenif para os próximos dois anos. Vale destacar que na reunião foi aprovada a formação do primeiro Grupo Técnico de Trabalho cujo tema é a Agenda Futura do IASB, tendo como coordenador o professor Ricardo Lopes Cardoso. Integram o grupo profissionais indicados pelas organizações dos países que compõem o Glenif. Na próxima reunião do Glenif, agendada para o dia 26 de outubro, em São Paulo, será discutida e apresentada ao Diretório a proposta do GTT Agenda IASB (acesse o link http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=328 e acompanhe o trabalho desenvolvido pelo GTT).

Está em processo de formação o segundo GTT – Consolidación en Empresas de Inversinón. Os países que integram o Glenif já estão indicando os seus representantes para o GTT, que será coordenado por representante da Argentina.

A diretoria do Glenif é constituída por: presidência, Juarez Domingues Carneiro, presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)-Brasil; vice-presidência, Jorge Gil, da Federación Argentina de Consejos Profesionales de Ciências Económicas (Facpce)-Argentina ; diretoria: Rafael Rodrigues Ramos, da Federación de Colégios de Contadores Públicos de Venezuela (FCCPV)- Venezuela; Felipe Pérez Cervantes, do Consejo Mexicano de Normas de Información Financiera (Cinif)- México;Wiston Fernandez, do Colegio de Contadores, Economistas y Administradores del Uruguay (CCEAU)- Uruguai; Mario Muñoz Vidal, do Colegio de Contadores de Chile- Chile.

Perfil de Juarez Domingues Carneiro- Juarez Domingues Carneiro é natural de Florianópolis Santa Catarina - Brasil, é formado em Ciências Contábeis (UFSC); Direito (UFSC) e Administração (ESAG); Especialista em Organização Sistemas e Métodos (UFSC); Especialista em Qualidade (Penn State University - State College - Pensylvania - USA); Mestre em Engenharia da Produção - Inovação Tecnológica – (UFSC); Doutorando em Engenharia e Gestão Conhecimento (UFSC); Doutorando em Contabilidade (Universidade de Aveiro - Portugal); Ex-Presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina (CRCRSC); Ex-Conselheiro do Conselho Regional de Administração (CRASC); Professor de Cursos de Graduação e Pós- graduação; Diretor Martinelli Auditores; Vice-Presidente da Fundação CPC; Presidente do Conselho Federal de Contabilidade - CFC; Presidente do Grupo Latinoamericano de Emisores de Normas de Información Financiera – GLENIF, Consultor em Planejamento Estratégico, Gestão Estratégica da Qualidade, Responsabilidade Social e Balanço Social. Coordenador e Autor dos Livros “Proposta Nacional de Conteúdo para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis” e “Gestão Pública Responsável”.


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sábado, 1 de outubro de 2011

Futuro do real depende da sra. Watanabe

Esse é o apelido dado aos investidores individuais japoneses, que fazem aplicações pelo computador de casa, mas movimentam até US$ 20 bilhões por dia

Fábio Alves, de O Estado de S. Paulo
http://economia.estadao.com.br/

Nem o megainvestidor húngaro George Soros nem Mohamed El-Erian da Pimco. O que preocupa atualmente os estrategistas de câmbio no Brasil é o que vai fazer a "Mrs. Watanabe", ou a "Sra. Watanabe". Esse é o apelido dado pelo mercado financeiro aos investidores individuais japoneses, grande parte aposentados ou com mais de 50 anos que frequentemente fazem aplicações pelo computador de casa, mas movimentam até US$ 20 bilhões por dia, ou cerca de 30% do giro diário total do iene.

O temor é que a sra. Watanabe, que parece nervosa com a turbulência global, passe a repatriar em maior volume seu dinheiro para a segurança do iene, exacerbando a desvalorização do real e de outras moedas de países emergentes. Como reflexo também desses saques, o iene já acumula alta de 12% ante o real neste mês.

Nos últimos anos, ativos denominados em reais, que oferecem juros muito maiores que os papéis em iene, passaram a ser um dos destinos favoritos dos investidores individuais, ou de varejo, japoneses. Enquanto um título público japonês com prazo de cinco anos paga juros de 0,35%, um papel do governo brasileiro, como a NTN-F que vence em 2017, paga 12,2% ao ano.

Esses investidores japoneses geralmente escolhem como instrumentos para aplicar dinheiro em moedas estrangeiras os fundos mútuos chamados de Toshin e também os contratos cambiais na bolsa de futuros Tokyo Financial Exchange (TFX). Os fundos Toshin detêm patrimônio total de US$ 1,1 trilhão, e metade dessa quantia está aplicada em ativos em moedas estrangeiras. São nos fundos Toshin que o real emergiu nos últimos anos como a moeda favorita para as aplicações no exterior pelos investidores individuais do Japão.

"O real é, de longe, a moeda mais popular dos fundos Toshin", afirmou à Agência Estado o estrategista de câmbio do banco JPMorgan em Tóquio, Tohru Sasaki. Ele estima que os fundos Toshin dedicados à moeda brasileira somam 5 trilhões de ienes (US$ 63,5 bilhões). "Se o real continuar caindo ante o iene, acredito que mais investidores de varejo japoneses vão vender seus fundos Toshin dedicados a reais."

Além disso, o nível da bolsa japonesa, refletido no índice Nikkei, será um termômetro importante para o apetite de risco do investidor. Se o Nikkei ceder mais, menor será o apetite para ativos de risco, incluindo o real, disse Sasaki. No acumulado do ano, o índice Nikkei cai 14,93%.

O estrategista de câmbio da corretora japonesa Nomura Securities, Yujiro Goto, disse que, se os investidores de varejo japoneses começarem a vender ativos em moedas estrangeiras em maiores quantias via fundos Toshin nas condições atuais de mercado de baixa liquidez, o impacto sobre as moedas de países emergentes, especialmente o real, será significativo.

Como os investidores nos contratos futuros negociados na TFX podem sair das posições imediatamente, ao capitularem ao nervosismo crescente em relação aos problemas da economia mundial, eles acabam servindo como termômetro de aversão ao risco para todos os investidores de varejo no Japão, pois são os mesmos dos fundos Toshin e outros instrumentos financeiros que refletem mais lentamente a mudança de humor dos investidores, diz o estrategista de câmbio do banco ING em Londres, Tom Levinson.

Dados da TFX até a semana passada, segundo Levinson, mostram que, pelo menos nos contratos futuros da bolsa de Tóquio, a senhora Watanabe já abandonou uma moeda: a África do Sul, o rand.

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Presidente do Carf diz que gasto público no Brasil é “ruim”

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/

Curitiba – O presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do Ministério da Fazenda, Otacílio Cartaxo, disse hoje (30), em Curitiba, que a arrecadação tributária no país é eficiente graças aos controles e sistemas criados pela Receita Federal. No entanto, na opinião dele, o gasto público não segue a mesma linha. “A qualidade do gasto no Brasil é muito ruim, é medíocre, porque grande parte dos recursos é mal alocada, desperdiçada e outra parte é desviada”.

Cartaxo fez conferência no último dia do Congresso Nacional de Executivos de Finanças (Conef) e falou sobre o tema Inclusão Fiscal e Cidadania: Reflexo sobre a Vida das Pessoas. Para Cartaxo, essa situação não é recente. “Quando eu era delegado da Receita Federal, no Rio Grande do Norte, em 1986, me pediram para coibir o mau gasto público. Naquela época, apenas um terço do dinheiro era bem aplicado, um terço era desperdiçado e outro era desviado”.

O presidente do Carf disse ainda que não adianta o esforço de melhorar os instrumentos de arrecadação se, na ponta, os recursos não forem direcionados ao destino certo. “Pode-se elevar a carga tributária à exaustão, mas se o gasto não for bem alocado, controlado e gerenciado com competência, não há como estancarmos essa roda da arrecadação e dos gastos crescentes”.

Organizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Paraná (Ibef-PR), o congresso reuniu em Curitiba , nos últimos três dias, empresários, economistas e autoridades públicas do setor econômico. A abertura oficial do evento foi feita pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini.

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