sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Banco do Brasil vê expansão menor da carteira de crédito em 2011

Por Rodrigo Viga Gaier
http://br.reuters.com/

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, afirmou nesta sexta-feira que a instituição está revisando as metas para expansão da carteira de crédito em 2011.

Questionado se a revisão é para baixo, Bendine respondeu que "com certeza."

"A projeção é que a gente deva crescer numa range (faixa) entre 15 e 17 por cento a carteira de crédito como um todo", disse Bendine durante evento no Rio.

A estimativa anterior do BB era de avanço de 17 a 20 por cento dos empréstimos em 2011.

De acordo com Bendine, as medidas macroprudenciais anunciadas pelo governo no final do ano passado para conter a oferta de crédito e segurar a inflação estão sendo sentidas pelo BB em sua carteira de financiamentos a pessoas físicas.

"Há um deslocamento da carteira de consumo mais para a carteira de investimentos e pessoa jurídica", disse.

INADIMPLÊNCIA

A relativa acomodação do avanço do crédito tem dado "um pouco mais de segurança" para a carteira de crédito do BB como um todo, "haja visto que nossos índices de inadimplência se mantêm constantes, sem deslocamentos para cima", segundo Bendine.

Entre os grandes bancos privados, Itaú Unibanco e Santander Brasil viram inadimplência em alta no segundo trimestre e aumentaram suas provisões para calotes. Já o Bradesco conseguiu manter estáveis seus índices de inadimplência.

"É natural que a inadimplência sempre preocupe, mas temos feito esforços e a nossa própria gestão não tem dado demonstrações de que estejamos passando por um problema mais sério no BB especificamente", afirmou Bendine.

"Tradicionalmente a gente tem a menor (inadimplência) média do setor financeiro nacional. O que eu posso antecipar, sem fornecer dados, é que nós estamos com a inadimplência sem nenhum tipo de preocupação e está controlada", completou.

O BB apresentará seu balanço de abril a junho na próxima terça-feira, dia 9, pela manhã.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eike Batista perde quase US$2 bi em um dia de queda nas Bolsas

Por Brian Ellsworth e Jeb Blount
Agência Reuters
http://br.reuters.com/

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Eike Batista pode ter deixado de ser o oitavo homem mais rico do mundo depois de sofrer um prejuízo em torno de 2 bilhões de dólares nesta quinta-feira, quando suas empresas lideraram o forte movimento de baixa da Bovespa.

O grupo EBX -- que atua principalmente nas áreas de mineração, petróleo e gás e infraestrutura com uma capitalização de mercado de 31 bilhões de dólares, mas praticamente sem faturamento -- registrou uma perda de cerca de 9 por cento no seu valor.

Eike detém mais de dois terços das ações do grupo. Agora, a participação dele vale cerca de 19,2 bilhões de dólares.

Num dia de forte queda na Bolsa paulista, o maior declínio foi da mineradora MMX, cujas ações se desvalorizaram em 16 por cento, o que significou uma fuga de 725 milhões de reais do seu valor de mercado. Eike tem 32,2 por cento da companhia.

A OGX Petróleo e Gás teve queda de 8,33 por cento, o que significa uma redução e 3,23 bilhões de reais no seu valor de mercado -- ou quase metade dos 6,7 bilhões de reais que Eike obteve na oferta pública inicial de ações da companhia, em 2008. Ele possui uma participação de 61,2 por cento da empresa.

A empresa de logística LLX, que desenvolve dois grandes projetos portuários no Estado do Rio, teve queda de 13,2 por cento, perdendo 367 milhões de reais do seu valor de mercado.

O estaleiro OSX registrou queda de 10,9 por cento (426 milhões de reais), e a elétrica MPX caiu 8 por cento (403 milhões de reais).

Todas essas ações tiveram queda superior à do índice Ibovespa, que fechou em baixa de 5,7 por cento.

As cinco empresas de capital aberto do conglomerado EBX estavam particularmente vulneráveis porque haviam atraído um grande número de investidores estrangeiros, os quais na quinta-feira fugiram em debandada dos mercados emergentes, segundo Lucas Brendler, analista da Geração Futuro.

"Empresas que estão em uma fase de pré-desenvolvimento são as que acabam sendo mais afetadas nessas situações", disse Brendler. Ele acrescentou que essas empresas também têm condições de recuperarem com mais rapidez do que as companhias maiores.

Críticos frequentemente questionam o valor elevado das ações das empresas de Eike. A OGX, que ainda nem começou a produzir petróleo, às vezes tem um valor de mercado equivalente ao da espanhola Repsol, uma empresa consolidada e com atuação global. A OGX diz que pretende extrair 1,4 milhão de barris diários de petróleo e gás equivalente no Brasil a partir de 2019.

Entre os investidores que perderam dinheiro junto com Eike na quinta-feira no mundo estão a siderúrgica chinesa Wisco, o grupo sul-coreano de commodities SK, a nova-iorquina BlackRock, maior gestora mundial de valores, e o Fundo de Pensões dos Professores de Ontário, no Canadá.

A EBX não se manifestou de imediato sobre a queda no valor das suas ações.

Na lista de 2011 dos maiores bilionários do mundo, feita pela revista Forbes, Eike Batista -- cujas empresas sempre têm nomes terminados em X -- ocupava o oitavo lugar, com uma fortuna de 30 bilhões de dólares.

Leia também:
Afinal, o que é Trade-Off?
Vai ao Brasil? Cuidado!
E a consultoria para os milionários brasileiros?
Pague Menos: liderança ameaçada
Conef lança programa de educação financeira
Geração T
Afinal, como realizar seus sonhos?
E o consumo do crédito pelos brasileiros?

Tags: Eike-Batista, bolsa-de-valores, bovespa, mercado-financeiro, mercado-ações, crise-global, divida-americana, bolsa-de-valores, ogx-llx-mmx, petroleo-gas, pre-sal, Brasil

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Conef lança programa de educação financeira

SABRINA VALLE - Agencia Estado
http://economia.estadao.com.br/

RIO - Parte dos brasileiros acha que seguro de vida é um tipo de investimento e que pagará juros menores se pagar o valor mínimo do cartão, enquanto outra parte diz que não poupa por desconfiança das instituições financeiras ou por medo de que o governo confisque seu dinheiro. Os dados, que podem causar espanto em um leitor mais atento e mais familiarizado com produtos e serviços financeiros, estão em uma pesquisa do Instituto Data Popular cujo objetivo foi o de medir o grau de educação financeira do brasileiro e, com isso, ser usada para a elaboração de políticas públicas na área.

"A pesquisa mostrou um grau de desinformação bastante elevado em relação às características dos serviços financeiros oferecidos no mercado e a imputação desses serviços para a vida financeira dos indivíduos", segundo a presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana. O levantamento, realizado em 2008, mas divulgado apenas agora, serviu de base para o lançamento, hoje, das novas propostas da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef, realizado na sede da CVM, no Rio de Janeiro.

A iniciativa reúne vários programas de educação financeira no País, incluindo alguns já em andamento, como o projeto-piloto de educação financeira nas escolas. Também estão na agenda programas para adultos e aposentados. Entre os objetivos está o de fomentar o consumo consciente de produtos e serviços financeiros e permitir a formação de poupança interna, viabilizando o investimento de empresas e o crescimento da economia. As políticas públicas e a forma de mensuração de resultados ainda estão em fase de formulação.

Fazem parte da iniciativa várias organizações do mercado e membros do Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiros de Capitais, de Seguros, de Previdência e de Capitalização (Coremec), ou seja, a CVM, a BM&FBovespa, o Ministério da Previdência Social e o Banco Central. Segundo os representantes dos órgãos envolvidos no projeto, apesar de apresentar semelhanças com outros países, como os Estados Unidos, o Reino Unido e Japão, a pesquisa acende um sinal amarelo sobre a educação financeira da população. Não sem motivo.

Entre as mais de dez opções sobre as possíveis vantagens do pagamento do valor mínimo da fatura do cartão de crédito, a segunda mais citada, com 16% das respostas, foi a de pagar (supostamente) menos juros, taxas e tarifas. "Não compreender que pagar o mínimo significa uma rolagem com juros elevados é um alerta importante", diz Maria Helena, atual presidente do sistema rotativo de liderança do Coremec.

Dentre as razões apontadas para não investir, 12% dos entrevistados apontaram a desconfiança em instituições financeiras e 5%, o medo de que o governo vá tomar o dinheiro. Já 16% disseram não saber como nem onde investir. Na pesquisa qualitativa, o seguro de vida aparece como sinônimo de investimento. E por mais absurdo que possa parecer, muitos dos entrevistados chegaram a considerar a compra de roupas como um investimento.

O levantamento também mostra que das 1.809 pessoas ouvidas, a maior parte (52%) se autodenomina poupadora. Mas 44% pediram dinheiro emprestado nos meses anteriores à pesquisa e 30% pagam apenas a fatura mínima do cartão. Entre os entrevistados com até três anos de estudo que compram a prazo, 43% preferem parcelas de valores menores, mesmo que prestações menores embutam juros altos. Conhecida popularmente como a prestação que "cabe no bolso", independentemente do número de parcelas ser maior.

O diretor de Administração do Banco Central (BC), Altamir Lopes, diz que o retrato é especialmente relevante diante das mudanças da economia nos últimos anos, quando 36 milhões de pessoas, boa parte ávida por consumir, ascendeu à classe C entre 2003 e 2011. Ele também destaca que, entre 2002 e 2011, o número dos que têm uma conta bancária subiu de 55,7 milhões para 90,7 milhões e o de pessoas que têm algum produto bancário,tipo investimento financeiro, por exemplo, passou de 87,6 milhões para 161,9 milhões.