quinta-feira, 14 de julho de 2011

Um plano Marshall para a educação no Brasil

Matéria publicada em http://www.revistafator.com.br/

Crítico do Plano Nacional de Educação (PNE), o especialista em educação, João Batista Oliveira – que preside o Instituto Alfa e Beto –, conclamou o País a revolucionar a área. Disse que as nações desenvolvidas e com os melhores resultados em educação não operam mudanças por lei – caso do Brasil e do PNE. E tampouco criam camisas de força de metas vazias. Para o Brasil, ele propôs um verdadeiro Plano Marshall para a Educação. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiaria municípios, por exemplo, que avaliariam, com seus especialistas, o melhor formato para a mudança do ensino local. As escolas se valeriam de experiências mais focadas e adequadas às suas realidades. Outro desafio lançado foi a mudança no formato de operação das creches: “Por que um deputado inovador não se preocupa com o tema?” João Batista diz ser inadmissível que as creches tenham seu funcionamento reduzido, quando se sabe que os pais necessitam que os estabelecimentos funcionem diuturnamente.

O debate ocorreu agora a tarde na reunião da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, para a qual o especialista foi convidado, junto com Claudia Costin, secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, e o especialista Claudio Moura Castro.

Outra falácia, para João Batista, é a premissa que gastar mais é melhorar o ensino. O professor citou o Maranhão como exemplo. De 2006 para cá, o Estado aumentou 13 vezes os recursos para a área, mas permanece o péssimo resultado no IDEB. “Diante da compulsão de mudar uma lei, por que não podemos optar por adotar mudanças que serão realmente eficazes ao sistema?”, pergunta.

Sem políticas robustas de intervenção nas práticas cotidianas do ensino público, diz, o estabelecimento de metas é inócuo e não mudará a realidade de um país marcado por altos níveis de analfabetismo escolar, no qual mais da metade dos jovens no 1º ano do Ensino Médio não sabe o mínimo requerido em linguagem e três de cada quatro desconhecem o patamar básico em matemática. (segundo o exame internacional PISA). Para João Batista, a experiência acumulada nos países que conseguiram superar problemas e avançar na educação indica que o essencial é mudar o sistema de gestão das escolas públicas, vetando influências políticas e incluindo o acompanhamento permanente da aprendizagem dos alunos, com metas claras para cada etapa. Também, que é necessário garantir ensino básico igual para todos e Ensino Médio e de jovens e adultos diversificado, contemplando várias modalidades. Outra mudança necessária seria definir com clareza os conteúdos dos vários níveis de ensino e garantir que os materiais pedagógicos e sistemas de avaliação sejam coerentes com isso.

“Temos que repensar a educação para as crianças no Brasil”, propôs. “Exigir que o sistema de ensino alfabetize, de fato, todas as crianças no 1º ano e oferecer para isso metodologia e materiais pedagógicos de eficiência testada e comprovada”. Outra ponta do processo seria rever o sistema de formação dos professores, de forma a garantir que eles dominem os currículos e práticas pedagógicas mais eficientes e fazê-los passar por um período probatório de residência supervisionada e por processo de certificação. Isso inclui criar estímulos e facilitar o acesso de professores de nível superior e com pós graduação ao magistério, além de dar autonomia e criar mecanismos de cobrança e estímulo ao bom desempenho de professores e diretores de escola.

Para o especialista, o PNE deveria ser revisto. Funcionam mais mudanças triviais e mais próximas da realidade do que planos de gabinete impostos por lei. E cuja prática comprova que mais não é sinônimo de melhor: mais verbas para a educação não vão resolver o problema. Estamos convencidos de que o que constitui uma reforma verdadeira não são metas, mas a constituição de valores elevados para mudar a situação deseja”.

João Batista Oliveira foi consultor do Banco Mundial e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a área de Educação, com projetos desenvolvidos em mais de 60 países.

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Tags: educação-brasileira, inovação, desafios-educação, projetos-educação, plano-nacional-educação

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Falta cultura de inovação à indústria instalada no Brasil, diz presidente da Capes

Gilberto Costa
Enviado Especial
Matéria publicada em http://agenciabrasil.ebc.com.br/

Goiânia – O investimento do setor empresarial brasileiro em inovação tecnológica “é mínimo” e “ridiculamente baixo”. A opinião é do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o bioquímico Jorge Almeida Guimarães. Ele está participando da 63ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na capital goiana.

Segundo ele, a principal fonte de inovação na economia moderna são as patentes obtidas pelas indústrias. No Brasil, no entanto, as empresas “não fazem patentes”, porque “a nossa indústria não é nossa ou, então, porque tem a estrutura muito familiar”, assinala Guimarães. “Quando morre o patriarca, os herdeiros querem o dinheiro para viver a vida. Por isso, o investimento é muito pequeno.”

As patentes asseguram faturamento às empresas além da comercialização direta dos produtos. O dinheiro também remunera inventores e laboratórios de desenvolvimento. Por essa razão, nas principais economias do mundo o investimento da iniciativa privada em pesquisa e desenvolvimento costuma ser muito maior que o do Estado.

Conforme dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), as empresas nos Estados Unidos investem um valor correspondente a 1,86% do Produto Interno Bruto (PIB) contra 0,75% do governo. Na Coreia, 2,46% são provenientes da iniciativa privada e 0,86%, do Estado. No Japão, a distância é maior: 2,68% vêm das empresas e 0,54%, do governo.

Os investimentos do governo do Japão são proporcionalmente iguais ao do governo brasileiro, mas a iniciativa privada aqui só investe 0,57% (incluído aí os gastos da Petrobras e de outras estatais).

Segundo Guimarães, a situação tem feito com que as universidades se tornem importantes fontes de inovação e de criação de empresas encubadoras de tecnologia. O caminho tende a ser reforçado com o programa Brasil sem Fronteiras que o governo prepara-se para lançar. A Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) terão como missão custear em quatro anos 75 mil bolsas no exterior nas áreas de tecnologia, especialmente em engenharia.

A conta do governo é que faltam engenheiros para desenvolver inovação tecnológica. Apesar do aumento do número de pessoas concluindo o curso superior – de 324 mil (2000) para 800 mil (2009) – o percentual de engenheiros formados caiu de 7% para 5,9%, entre os mesmos anos.

A falta de engenheiros é apontada como um gargalo para o crescimento do país. Empresas instaladas e potenciais investidores avaliam, inclusive, a possibilidade de ter que contratar mão de obra estrangeira para trabalhar na exploração de petróleo, projetos de infraestrutura e da construção civil e em tecnologia de informação e comunicação – como a indústria de tablet que receberá benefícios fiscais para investir no Brasil.

De acordo com Guimarães garantem, a prioridade para as engenharias não retirará recursos para bolsas e pesquisas para as ciências sociais aplicadas e outras áreas das ciências humanas, que terão os programas atuais mantidos.

O presidente da Capes reclama ainda da legislação brasileira (Lei no. 9.279/1996, Artigo 18) que limita o patenteamento com biotecnologia, como os fármacos em relação aos quais o Brasil tem dependência de cerca de 90% do que consome.

“A principal área de inovação no mundo é biotecnológica. Nós estamos impedidos de ter patentes na área biotecnológica. Não pode patentear nada que é de origem da natureza, entre eles os micro-organismos. Ora, micro-organismo é a grande fonte para desenvolvimento de antibióticos. Ao proibir a patente de produtos como esses, estamos favorecendo a biopirataria e permitindo que outros países façam.”

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Tags: inovacao, industria, industria-brasileira, inovacao-industria, desindustrializacao, pesquisa

China começa projeto para explorar Lua, Vênus e Marte

Por Guilherme Abati, Geek
Matéria publicada em http://www.zwelangola.com/

Como os EUA diminuem suas iniciativas espaciais, muitos começam a crer que os chineses, devido ao seu assombroso crescimento econômico e tecnológico, podem alcançar a posição de líderes da exploração espacial, batendo os norte-americanos, que desde o fim da corrida armamentista é o país dominante do espaço sideral.

Nesta terça-feira, o site TG Daily divulgou a notícia que a China estaria intensificando suas aspirações de explorar a Lua e os planetas Vênus e Marte. O país, de acordo com a Associeted Press, pretende enviar um veículo rover à Lua até 2013 e um astronauta até 2020.

“A liderança que uma nação mantém no espaço é altamente simbólica, pois demonstra ao planeta o poderio tecnológico, militar e a influência internacional exercidas por um país sobre restante do globo. Um declínio na liderança espacial será visto como símbolo de um declínio do poder e da influência dos EUA", disse Scott Pace, um administrador da Nasa (agência espacial dos EUA) durante administração Bush e defensor do envio de astronautas americanos de volta à Lua.

Alguns funcionários norte-americanos estão preocupados com a possibilidade de a China militarizar o espaço, já que as iniciativas são executadas pelo exército nacional. Refutando a ideia de militarização por parte da China, Li Longchen, ex-editor da Space Probe Magazine disse: "A tecnologia espacial pode ser aplicada tanto para uso civil como para uso militar, a China não tem por objetivo enfatizar os fins militares."

Os chineses esperam lançar uma estação espacial em 2020, ano em que a Estação Espacial Internacional está marcada para fechar. Caso o plano chinês realmente ocorra, a China será, em 2020, a única nação com seres humanos no espaço.

A China enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003, 40 anos depois dos Estados Unidos e Rússia. O plano chinês é começar com a Lua para depois explorar Marte e Vênus.

Fonte: Geek