Claudia Jardim - BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/
O governo da Venezuela anunciou nesta quarta-feira que retirará suas reservas internacionais depositadas em bancos europeus para "proteger os ativos do país".
Para a medida, a Venezuela usa como argumento a instabilidade do sistema financeiro internacional.
Dos US$ 29 bilhões que a Venezuela possui em reservas internacionais, cerca de US$ 6 bilhões estão em instituições europeias.
O governo estuda transferir parte destes ativos ao Brasil, Rússia e China. O restante das reservas está concentrado em cerca de 365 toneladas de ouro que serão transferidas gradualmente de volta aos cofres do Banco Central venezuelano.
"O que queremos (com a medida) é proteger nossos ativos", afirmou a jornalistas o presidente do Banco Central da Venezuela, Nelson José Merentes Díaz, em Caracas, ao lado do ministro de Finanças, Jorge Giordani.
Pelo telefone, o presidente do país, Hugo Chávez – que continua tratamento contra um câncer – interveio na entrevista para defender a medida, que, a seu ver, corrige medidas impostas pelo FMI, as quais seu governo teria demorado para identificar.
"Nos anos 1980, o ouro venezuelano foi levado a outros países por exigência do Fundo Monetário Internacional. É uma medida saudável para o país trazer esse ouro", disse o presidente.
A medida acompanha uma decisão de Chávez de nacionalizar o ouro do país, de olho no incremento das reservas internacionais.
"Vamos nacionalizar o ouro e vamos convertê-lo, entre outras coisas, em reservas internacionais", afirmou o presidente, pouco antes do anúncio referente à transferência das reservas.
O deputado opositor Julio Montoya, que antecipou a medida nessa terça-feira, afirma que a transferência dos ativos a Brasil, China e Rússia podem geram desconfiança entre os investidores.
"Pedimos que expliquem o porquê de todas essas medidas, que preferimos arriscar a estabilidade de nossas reservas internacionais e a confiança internacional para fazer uma operação desta dimensão", afirmou o deputado a uma rádio local.
O Parlamento convocou uma sessão extraordinária para discutir a medida, que tem sido criticada pela oposição.
Bric
Analistas consideram que a medida também responde à visão geopolítica do governo Chávez.
A aposta em transferir parte das reservas internacionais a pelo menos três países que integram o grupo dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) busca garantir maior estabilidade também no campo político.
Brasil, Rússia e China se converteram nos principais credores da Venezuela, em um montante que pode alcançar US$ 34 bilhões.
"Brasil e China são nações emergentes que não têm problemas econômicos e demonstram segurança e tranquilidade", afirmou o deputado governista Rodrigo Cabezas à TV estatal.
A seu ver, a transferência dos recursos venezuelanos a esses países "(pode) evitar que (a economia) seja afetada pelas crises capitalistas".
Leia também:
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Tags: reservas-venezuela, hugo-chaves, bric, brasil-russia-india-china, crise-global, crise-zona-euro, crise-americana
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Para a medida, a Venezuela usa como argumento a instabilidade do sistema financeiro internacional.
Dos US$ 29 bilhões que a Venezuela possui em reservas internacionais, cerca de US$ 6 bilhões estão em instituições europeias.
O governo estuda transferir parte destes ativos ao Brasil, Rússia e China. O restante das reservas está concentrado em cerca de 365 toneladas de ouro que serão transferidas gradualmente de volta aos cofres do Banco Central venezuelano.
"O que queremos (com a medida) é proteger nossos ativos", afirmou a jornalistas o presidente do Banco Central da Venezuela, Nelson José Merentes Díaz, em Caracas, ao lado do ministro de Finanças, Jorge Giordani.
Pelo telefone, o presidente do país, Hugo Chávez – que continua tratamento contra um câncer – interveio na entrevista para defender a medida, que, a seu ver, corrige medidas impostas pelo FMI, as quais seu governo teria demorado para identificar.
"Nos anos 1980, o ouro venezuelano foi levado a outros países por exigência do Fundo Monetário Internacional. É uma medida saudável para o país trazer esse ouro", disse o presidente.
A medida acompanha uma decisão de Chávez de nacionalizar o ouro do país, de olho no incremento das reservas internacionais.
"Vamos nacionalizar o ouro e vamos convertê-lo, entre outras coisas, em reservas internacionais", afirmou o presidente, pouco antes do anúncio referente à transferência das reservas.
O deputado opositor Julio Montoya, que antecipou a medida nessa terça-feira, afirma que a transferência dos ativos a Brasil, China e Rússia podem geram desconfiança entre os investidores.
"Pedimos que expliquem o porquê de todas essas medidas, que preferimos arriscar a estabilidade de nossas reservas internacionais e a confiança internacional para fazer uma operação desta dimensão", afirmou o deputado a uma rádio local.
O Parlamento convocou uma sessão extraordinária para discutir a medida, que tem sido criticada pela oposição.
Bric
Analistas consideram que a medida também responde à visão geopolítica do governo Chávez.
A aposta em transferir parte das reservas internacionais a pelo menos três países que integram o grupo dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) busca garantir maior estabilidade também no campo político.
Brasil, Rússia e China se converteram nos principais credores da Venezuela, em um montante que pode alcançar US$ 34 bilhões.
"Brasil e China são nações emergentes que não têm problemas econômicos e demonstram segurança e tranquilidade", afirmou o deputado governista Rodrigo Cabezas à TV estatal.
A seu ver, a transferência dos recursos venezuelanos a esses países "(pode) evitar que (a economia) seja afetada pelas crises capitalistas".
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