segunda-feira, 27 de junho de 2011

Peso da indústria no PIB cai 50% em três décadas

Matéria publicada em http://www.dci.com.br/

São Paulo - O PIB industrial tem passado por picos e vales de desempenho na história desde a década de 60, quando o Brasil vivenciou uma explosão de novas empresas. A participação, porém, do setor produtivo na composição do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil nunca esteve tão baixa nos últimos 40 anos, segundo dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Nos anos 50, chegou a 18%, mas atualmente está em 15%. O auge ocorreu na década de 80, quando chegou a 30%.

"Esse desempenho reflete a política econômica pró-indústria que o País adotou até o começo da década de 1980", explica o economista e pesquisador sênior do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Régis Bonelli,

A queda da participação da indústria, entretanto, é conferida no momento em que a demanda interna aumenta. Dados de uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) indicam que 67% do crescimento do consumo no primeiro trimestre deste ano foram atendidos por produtos importados. Na análise do assessor de assuntos estratégicos da entidade, André Rebelo, esse fator demonstra que a indústria continua a crescer neste momento, embora em um ritmo menos expressivo do que poderia se o governo adotasse medidas mais efetivas para criar um ambiente propício ao crescimento do setor industrial.

Demissões

Com esse recuo, as demissões são inevitáveis. Porém, ainda não significa que haja uma desindustrialização efetiva porque este termo pode ser utilizado quando há uma substituição muito grande da produção e cai muito o emprego na indústria, segundo Rebelo. "Uma das medidas clássicas desse processo é a participação do emprego na indústria em relação ao emprego total. E isso não está sendo muito visível no Brasil", acrescenta.

De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria brasileira empregou menos em abril, com leve recuo de 0,1% do número do pessoal ocupado assalariado. Na comparação com abril de 2010, o emprego na indústria cresceu 1,7%. São Paulo teve desempenho negativo e foi a principal pressão de queda no total nacional, recuo de 0,2%.

Um exemplo de demissões está na cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo. Por lá, o setor de fundição, ferramentaria e moldagem para a cadeia automotiva está em crise em razão das importações de itens de estamparia. Segundo Pedro Cruz, membro do conselho de administração da Femaq e também secretário de Desenvolvimento da cidade, as empresas que atuam na área agrícola e de commodities, como a Cosan, vivem um momento de expansão. Já a indústria de transformação segue em crise.

O setor calçadista sente o reflexo da queda do número de empregos, com 3,417 mil demissões no mês de maio. A Abicalçados culpa a competição pela perda de empregos no País, apesar das sobretaxas. A acusação é de que a indústria asiática dribla a norma por meio de triangulação que envolve até mesmo a troca de etiqueta da origem do produto.

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