sábado, 6 de julho de 2013

O contador que não acredita na lei

Escrito por Jose Carlos de Jesus
Publicado em Mundo Contábil

Durante muitos anos, a contabilidade esteve ligada estritamente á questões fiscais e tributárias. Pois, havia o entendimento de que ela (contabilidade) era utilizada exclusivamente para atendimento ao FISCO. E nesta época o contador passou a ser rotulado de guarda- livros.


Especificamente há uns vinte anos, com a comercialização em larga escala de computadores e acesso a internet para as grandes organizações, além do desenvolvimento da tecnologia, ocorreu o barateamento desses produtos. Com isso, nasceu a possibilidade de utilizar estas ferramentas na maximização dos resultados das atividades empresariais. E no mundo contábil não foi diferente.

A utilização da tecnologia nas atividades contábeis provocou um fenômeno de fundamental relevância para a mutação desta ciência. Na verdade o contador passou a utilizar menos tempo em funções operacionais, que foram substituídos pela tecnologia, e dedicar mais tempo em interpretar os números gerados pelas demonstrações contábeis e utilizá-las como base para tomada de decisão. Assim nasceu o contador gestor.

No entanto, alguns contadores trazem consigo uma grave falha que não foi solucionada com essa inovação. Eles (os contadores) antes da transição entre "guarda-livros" e contadores gestores, utilizavam e muito, consultorias para resolver dúvidas do cotidiano no que diz respeito à legislação, seja ela qual for. Todavia, o uso das consultorias sobre legislação é essencial no sucesso de qualquer negócio. Contudo, é inadmissível que o contador gestor se limite somente às consultorias, não tendo opinião sobre a legislação contábil.

Percebe-se nesse profissional que não há, até então, "afinidade" com as normas, leis e tudo que regula as atividades contábeis. Isso acaba gerando uma distancia que faz com que a única segurança que se tem para resolver assuntos ligados à legislação contábil é a busca por consultorias contábeis. Neste cenário surge outro fenômeno, ou seja, quando este tipo de contador lê uma nova Lei contábil ele não acredita naquilo, mesmo que esteja escrito de forma explicita. Assim, ele (o contador) vai buscar tranqüilidade, confiança e o conforto das consultorias contábeis.

Cabe destacar que consultorias sobre legislação contábil aliado à opinião do contador formam uma parceria de grande utilidade. Pois, a discussão que se tem neste artigo é o afastamento do profissional contábil da sua própria legislação e a utilização única e exclusivamente do auxilio terceiros. Salienta-se, que esta espécie de profissional está com os dias contados. Tendo em vista que, excluído a possibilidade de consulta externa, este contador se torna um mero guarda-livros, porque não tem opinião para ser um gestor que leve vantagem competitiva para a empresa.

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Tags: Contabilidade, Contador, Contabilista, Legislação-Contábil, Ciências-Contábeis, Consultoria

sábado, 29 de junho de 2013

O Nordeste no Brasil e no mundo



Artigo escrito pelo Economista Cláudio Ferreira Lima
Publicado no Jornal O Povo

Cadernos do Desenvolvimento é publicação do Centro Internacional Celso Furtado. O de nº 11 traz, sob o título Relações comerciais do Nordeste com o Brasil e o mundo, artigo de Odair Lopes Garcia, Jair Amaral Filho e outros, que revela, pelo ângulo comercial, as desigualdades regionais no País.

O Nordeste tem 18,2% da área, 13,5% do PIB, 27,8% da população, porém apenas 48,6% do PIB per capita do Brasil. E, se fosse um país, seria, no mundo, o 20º em superfície, 26º em PIB, 24º em população, mas 145º em PIB per capita. A ONU, no 1º relatório sobre o Projeto do Milênio, o coloca, ao lado do Oeste da China, do Sul do México e dos estados do Norte da Índia, entre os quatro principais bolsões de pobreza no mundo.

Até os anos 1950, o comércio do Nordeste era mais com o exterior e entre os estados que o compõem. No entanto, depois das BRs, ligando as regiões, a serviço da indústria sudestina, o quadro mudou. E, a partir dos anos 1960, impulsionada pelos incentivos fiscais da Sudene, a produção diversificou-se, intensificando as trocas entre o Nordeste e o resto do Brasil.

No final dos anos 1980, acirrou-se a competição nos mercados globalizados, e indústrias intensivas em mão-de-obra procuraram o Nordeste, instalando-se nos estados que lhes ofereceram condições mais vantajosas.

Atualmente, observam-se transformações, que decorrem de investimentos em grãos e frutas, no turismo e em complexos industriais e portuários. Decorrem também dos programas de transferência de renda, de microcrédito e de valorização do salário mínimo. E nem por isso o Nordeste deixou de ser mercado cativo do Sudeste.

Pois bem: o intercâmbio entre os estados do Nordeste somam 37% das compras e 45,2% das vendas, mas a principal articulação da Região, que envolve 63% das compras e 54,8% das vendas, se dá com as outras regiões. A balança é historicamente negativa; hoje, em mais de R$ 30 bilhões, metade do valor somente com São Paulo.

O comércio internacional, ao longo dos anos, ora superavitário, ora deficitário, responde por 11,5% das compras e 18,5% das vendas totais do Nordeste e é dominado pela Bahia, que concentra 58,2% das exportações e 50,5% das importações.

Os últimos governos trocaram a política regional pelos programas sociais, e o Nordeste cresceu com redução das disparidades de renda, sim, o que é meritório, porém insuficiente, pois, além de boa parte da nova demanda ser atendida por outras regiões (vejam o gigantesco déficit comercial), o crescimento puxado pelo consumo tem fôlego curto e efeito multiplicador limitado.

Para enfrentar a reconfiguração industrial da globalização, evitando, assim, a perda de cadeias produtivas, que conduz à perigosa desindustrialização, o Brasil deve investir pesadamente na estrutura produtiva, na educação, na pesquisa e inovação no Nordeste, que, apesar de maior bolsão de pobreza do País e um dos maiores do mundo, possui enormes potencialidades econômicas não aproveitadas e localização geográfica estratégica, próxima dos grandes mercados mundiais.

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Tags: Nordeste, Economia-Regional, Ceará, Economia-Brasileira, Comércio-Regiões-Brasil, Desenvolvimento-Econômico