segunda-feira, 9 de abril de 2012

BB e Caixa têm “gordura” para queimar com juros e crédito, diz professor da UnB

Stênio Ribeiro
Matéria publicada pela Agência Brasil

Brasília – A redução dos juros nas operações de crédito para pessoa física e empresas de pequeno porte, a partir de hoje (9), na Caixa Econômica Federal, e na próxima quinta-feira (12), no Banco do Brasil (BB), é uma estratégia que busca compensar a perda de rentabilidade com ganhos na escala de mercado, viabilizados pelo aumento da clientela e consequente aumento do volume de operações, segundo o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli. 

Ele disse que tem observado “discreto” aumento da participação dos bancos oficiais na oferta de crédito, em relação aos bancos privados nacionais e estrangeiros, e lhe “parece que os bancos públicos têm gordura para queimar” na concorrência direta com os “bancões”, como são tratados no Sistema Financeiro Nacional (SFN), pela ordem de ativos, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC. 

No entender de Piscitelli, “pode dar certo” o estratagema montado pelo governo para induzir os banqueiros a reduzir as margens de ganho definidas nos altos spreads (diferença entre os juros que o banco paga ao aplicador e os juros que cobra nos empréstimos). Embora desconheça qualquer sinalização dos bancos privados no sentido de acompanhar o BB e a Caixa, Piscitelli acredita que “de alguma forma [a redução dos juros e ampliação do crédito] terão reflexo na ponta”. 

A posição dos banqueiros será discutida amanhã (10) em reunião dos dirigentes da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), no início da tarde, com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Até lá o assunto continuará envolto em mistério, mas o professor arrisca que os bancos vão prometer baixar o spread, desde que o governo diminua também os níveis de exigibilidade bancária (dinheiro dos depósitos à vista e a prazo que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central ). 

Piscitelli vê, porém, com “reserva e cautela”, a ampliação da oferta de crédito, e diz que não se pode ignorar a possibilidade de efeitos inflacionários com mais dinheiro no mercado para consumo. Segundo ele, “existe preocupação com uma certa liberalidade do crédito, que não pode ser promovido de forma indiscriminada”. 

Ele manifesta estranheza, por exemplo, em relação aos recursos tomados pelo Tesouro Nacional, via colocação de títulos públicos no mercado, a juros médios de 12%, e os repassa ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que empresta o mesmo dinheiro às grandes empresas com a taxa de juros de longo prazo (TJLP), de 6% ao ano. “Não dá para explicar o repasse a juros subsidiados”, ressaltou.

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domingo, 8 de abril de 2012

Cresce número de profissionais que planejam finanças pessoais no Brasil

Wellton Máximo

Brasília – A expansão de renda dos brasileiros, em muitos casos, traz um efeito colateral. O impulso que estimula as famílias a consumir também pode resultar na perda do controle das finanças pessoais e no envolvimento em dívidas cada vez maiores. Ao mesmo tempo, a população perde oportunidades de ampliar a riqueza, ao deixar de investir em aplicações rentáveis por puro desconhecimento. 

Para ajudar as famílias a administrar a renda, uma nova categoria de profissionais se expande no Brasil. O planejador financeiro pessoal orienta as famílias a gerenciar o orçamento e a investir o dinheiro. As estatísticas do próprio setor mostram que a demanda por esse serviço não para de crescer. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), 714 profissionais brasileiros obtiveram a certificação para atuar como planejadores financeiros pessoais em 2011, contra 485 em 2010. De um ano para outro, houve um salto de 47%. A entidade é a única no país autorizada a conceder certificados conforme os padrões do Financial Planning Standards Board (FPSB), entidade criada nos Estados Unidos para estabelecer normas de qualidade para o setor. 

Para o economista Fabiano Calil, diretor do IBCPF, o crescimento do número de planejadores financeiros pessoais está associado ao descompasso entre o aumento da renda dos brasileiros e a falta de informações sobre como administrar o orçamento doméstico. “O planejador financeiro diminui a lacuna entre o baixo nível de educação financeira e a grande oferta de serviços oferecidos pelo mercado financeiro”, diz. 

Calil esclarece que apenas profissionais autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estão autorizados a dar dicas de aplicações. Mesmo assim, os planejadores financeiros podem explicar as modalidades de investimento e ressaltar a importância de poupar. “O planejador financeiro não necessariamente pode recomendar produtos, mas sempre destaca a necessidade de fazer poupança ou aderir a um plano de previdência complementar”, declara. 

O planejador financeiro também fornece orientações sobre o tipo de crédito que a população deve contrair, evitando o cheque especial e o financiamento rotativo dos cartões de crédito, modalidades com juros mais altos. “O planejador ajuda a ver a necessidade de crédito de cada família e a contrair os empréstimos ou financiamentos mais baratos, evitando que a captação [de recursos] vire dívida”, explica. 

Segundo o IBCPF, o crescimento do setor no Brasil está acima da média mundial e até de outros países emergentes. Enquanto o número de profissionais financeiros certificados aumentou pouco mais de 40% no país, a expansão foi 22% na Índia, 20% na China e 14% na Indonésia. 

Em todo o mundo, o número de profissionais da área aumentou apenas 4,5% no ano passado. Na avaliação da entidade, o potencial de crescimento nos países emergentes continuará elevado nos próximos anos porque o número de profissionais da área ainda é pequeno na comparação com os países desenvolvidos.

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