quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Economista sugere que China diversifique reservas e controle entrada de "Hot Money"

Por Florbela Guo
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Motivada pelo rebaixamento do rating da dívida soberana dos EUA, a bolsa de ações da China, como as de todo o mundo, sofreu uma queda vertiginosa. A taxa de câmbio do renminbi frente ao dólar também foi afetada, batendo outro recorde histórico ao ultrapassar os 6,4 yuans. Maior detentor de títulos da dívida pública norte-americana, a capacidade de investimento da China em reserva estrangeira será, sem dúvida, enfraquecida pelo corte da nota dos EUA. Como a China deve enfrentar a reação em cascata gerada pela crise econômica dos EUA? Ouça a opinião do renomado economista chinês Yuan Gangming, pesquisador da Academia de Ciências Sociais da China. Para ele, o país não deve se desfazer dos papéis da dívida pública norte-americana.

"Acho que a China não deve e não deve se desfazer dos títulos norte-americanos. Nesse momento existe uma atmosfera de pânico. A China, como o maior investidor, caso venda uma grande quantidade de papéis dos EUA, danificará seus próprios interesses. Por isso, para proteger-se, o país não deve se livrar dos ativos norte-americanos. Se fizermos uma análise de longo prazo ou da situação geral dos ativos mundiais, a credibilidade e a segurança da dívida pública dos EUA continuam sendo relativamente boas, por isso não é preciso tantas preocupações."

Os dados publicados pelo Tesouro norte-americano mostram que, embora a China tenha registrado no primeiro semestre do ano um crescimento notável de suas reservas em divisas estrangeiras, esse aumento não se deveu aos títulos da dívida pública dos EUA. O país asiático, na verdade, reduziu a detenção dos papéis em US$30,4 bilhões. Para o economista, é importante que a China avalie os riscos de ser o principal investidor da dívida americana e acelere a diversificação de reservas.

Os papéis do Tesouro americano, por muito tempo considerados a modalidade de investimento mais segura do mundo, estão sendo questionados. Investidores internacionais estão buscando novos destinos. A valorização do renminbi e as boas perspectivas de desenvolvimento econômico tornaram a China um abrigo de capitais internacionais. O país está tendo de lidar com a entrada de um volume maior de "Hot Money", capital de características especulativas, e grande pressão inflacionária.

Para Yuan Gangming, o contra-ataque dever ser o reforço do macrocontrole e o aumento dos juros.

"Acho que a contramedida racional da China frente ao "Hot Money" é melhorar o macrocontrole nacional para reduzir as oportunidades de especulação no mercado doméstico. A China deve executar a política de juros altos, já que uma taxa de juros muito baixa pode aumentar as chances de especulação e atrair "Hot Money" vindo do exterior."

Muitos especialistas entendem que a crise atual reacende o debate sobre a importância de criar um palco de investimento que concorra com o mercado norte-americano. A China deve unir as forças mundiais em torno dos mesmos interesses, apelando por uma reforma do sistema monetário internacional controlado pelo dólar e se empenhando em tornar o renminbi uma moeda de reserva internacional.

Na reunião ordinária do Conselho de Estado na semana passada, a China exigiu que todos os países executem políticas financeiras e monetárias responsáveis, reduzam o déficit orçamentário, tratem prudentemente das dívidas soberanas, mantenham a segurança dos investimentos e o andamento estável do mercado, como forma de preservar a confiança dos investidores globais. O país pediu ainda que a comunidade internacional reforce a comunicação e a coordenação em políticas de macrocontrole, como forma de concretizar o crescimento forte, sustentável e equilibrado da economia mundial.

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