quarta-feira, 6 de julho de 2011

ANÁLISE-China supera Brasil em disputa econômica pela África - Parte 1

Agência Reuters Brasil
Matéria publicada em http://br.reuters.com/

Por Ed Cropley

JOHANESBURGO (Reuters) - Há um século, eram os exploradores e soldados das grandes potências europeias que disputavam fatias da África. Agora, são os agentes do capital chinês e brasileiro, mas a concorrência é tão acirrada quanto naquele tempo.

Em um sinal da nova ordem mundial do século 21, a brasileira Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, compete cabeça a cabeça com a chinesa Jinchuan Group, grande produtora de níquel, pelo controle da Metorex, uma mineradora sul-africana de médio porte.

A saga ainda deve durar pelo menos mais uma semana, mas nos últimos dias a Jinchuan impôs um duro golpe aos brasileiros, ao fazer uma oferta de 1,3 bilhão de dólares, superando a de 1,1 bilhão de dólares da Vale.

O polpudo ágio que a Jinchuan se dispõe a pagar pela Metorex, que explora cobre e cobalto em Zâmbia e na República Democrática do Congo, demonstra claramente até onde as empresas chinesas se dispõem a ir para assegurar os recursos naturais necessários para aplacar o apetite industrial do país.

Mas é também um sinal de que as companhias chinesas, principalmente as estatais, são capazes de fazer ofertas irrecusáveis em aquisições internacionais, graças ao financiamento barato que obtêm de Pequim, em vez de precisarem pagar mais por empréstimos comerciais.

Esse aspecto do crescimento chinês na nova "Corrida pela África" deve alimentar a sensação de que o terreno de jogo está desnivelado em favor de Pequim, o que por sua vez cria uma tensão com outras potências emergentes e abala esforços pelo fortalecimento da diplomacia "Sul-Sul."

"As estatais chinesas com acesso a financiamentos governamentais baratos para as suas exportações podem facilmente bater a Vale e afins, que precisam pagar taxas comerciais -- portanto mais caras -- pelo financiamento", disse Markus Weimer, da entidade londrina Chatham House.

"Subsídios estatais para empresas nacionais continuarão sendo observados com desdém por governos ocidentais, e cada vez mais por outras potências emergentes, como Brasil e Índia", acrescentou. Continuação...

ANÁLISE-China supera Brasil em disputa econômica pela África - Parte 2

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